quarta-feira, 9 de abril de 2008

MAIS DO MESMO

(Nem de propósito.)

Ontem a Escola Profissional de Esposende (EPE) concedeu-me o privilégio de me dirigir aos futuros Técnicos de Turismo Ambiental e Rural e de Hotelaria / Restauração, na qualidade de orador numa palestra subordinada ao tema do potencial turístico dos recursos fúngicos em Esposende.

Devo dizer, antes de expor o que aqui me trouxe, que fiquei impressionadíssimo com o excelente trabalho desenvolvido naquele meio escolar. Quem me dera, nos meus tempos de estudante, ter tido a oportunidade de frequentar um estabelecimento com aquele nível de excelência. Um bem-haja à EPE, nomeadamente ao seu corpo docente.

Na exposição que fiz, centrada nos potenciais benefícios que uma eventual exploração turística sustentável dos cogumelos silvestres poderia representar para a economia (e a ecologia) na nossa região, argumentei que uma actividade com as características do Micoturismo* se desenvolveria com maior incidência durante os meses de Outono e mesmo no princípio do Inverno, por ser essa a época do ano em que aqueles «seres» surgem em maior abundância nas nossas florestas. Face a isso, salientei que deveríamos encarar seriamente esse “trunfo” e fazer-mos dele o devido aproveitamento no sentido de diminuir o impacto negativo do factor SAZONALIDADE, que infelizmente nos é tão familiar em termos turísticos.

Ainda ontem, nas minhas visitas habituais aos sítios da web relacionados com a minha terra, passei pela página de propaganda, erro, queria dizer de Notícias do Gabinete de Relações Públicas do Município de Esposende, onde se anuncia a realização da «Galaicofolia» no Castro de S. Lourenço – Vila Chã entre 31 de Julho e 3 de Agosto. Ali constava que “ … o Autarca aponta a necessidade de criar alternativas ao turismo balnear, como forma de tornar o concelho competitivo em termos turísticos …”.

Devo então, perante tão boa-nova, cumprimentar o senhor presidente da autarquia pela excelente notícia para o nosso concelho e manifestar-lhe a admiração que nutro pelo bom trabalho desenvolvido pela sua equipa no âmbito de iniciativas de índole cultural, entre outras. Aqui fica também o meu desejo de muito sucesso para o evento.

Cumpre-me agora deixar aqui um reparo. Os meses de Julho e Agosto trazem certamente a este concelho muitos milhares de veraneantes. Ainda temos uns bocados de praia aqui e ali. Ainda há quem tenha coragem de se banhar nas águas do Cávado. Temos o sucesso da «Festa do Marisco» em Fão e também muitas tentativas de a imitar. Temos não-sei-quantas romarias por todas as capelas de todos os lugares de todas as freguesias, mais o campeonato disto, mais o torneio daquilo, mais o festival de não-sei-quê, mais e mais e mais … por aí em diante … tudo no Verão! Então, lanço a seguinte pergunta para quem quiser efectivamente dedicar-se a praticar o óptimo desporto que é pôr as células cerebrais a fazer exercício: - Se o município canalizasse os recursos destinados à promoção de eventos de cariz turístico dando prioridade ao período da denominada “época baixa”, fazendo uso efectivo mas sustentável das suas mais-valias naturais, que benefícios resultariam daí para a nossa região?

* «Mico» - relacionado com fungos (micologia significa estudo dos fungos).


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