quinta-feira, 31 de março de 2011

OBSERVAÇÃO DE AVES (FEVEREIRO 2011) (Anexos)

Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de ACCIPITRIFORMES (aves de rapina)
 
Família Accipitridae
 
Entre as doze espécies de aves referenciadas para o Parque Natural do Litoral Norte (PNLN), na respectiva “Caracterização Biológica”, que ainda não tinha inscrito na minha lista pessoal de observações, encontra-se uma que justificava da minha parte um maior esforço de detecção, em virtude de nos encontramos numa das regiões do país onde a sua ocorrência é efectivamente muito provável. Aliado a este dado, concorre o facto da maior parte do coberto florestal do litoral do nosso concelho ser constituído por pinhal, seu habitat de eleição. Refiro-me ao Accipiter gentilis (Açor).
 
Além da reconhecida escassez no território nacional, a minha particular inabilidade para distinguir facilmente algumas aves de rapina poderia ser um dos motivos para que ainda não tivesse identificado entre nós esta espécie, tanto mais que a grande fêmea do Accipiter nisus (Gavião), já confirmada para este estuário, pode ser confundida com o macho do Açor. Mas, mais uma vez, a máquina fotográfica acabou por revelar o que nem o telescópio foi capaz. Apesar da grande distância (cerca de 100 metros), no dia 4 de Fevereiro de 2011 obtive imagens, a partir do molhe do Caldeirão em Fão, de uma ave que descansava no ramo de uma das árvores da interessante floresta aluvial residual que ali se desenvolve.





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não são seguramente fotografias dignas desse nome. No entanto, entre outros aspectos que não me interessa aqui detalhar, o vislumbre (1ª foto) de riscas verticais no peito (os gaviões, mesmo os imaturos, apresentam sempre barras horizontais), foram indício seguro de que estava realmente perante um juvenil de Açor.
 
Quanto ao estatuto de conservação, esta espécie está classificada como «Vulnerável» no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Também Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. em AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa, referem-se a esta ave como residente rara a pouco comum, possivelmente com alguns indivíduos invernantes.
 
Desde aquela data, em inícios de Fevereiro, jamais observei este indivíduo, contudo, não é raro entre a comunidade de birdwatchers nacionais o registo de alguns juvenis desta espécie no Minho e Douro Litoral, sobretudo a partir do Outono e durante o Inverno.

 
Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de GALLIFORMES
 
Família Phasianidae
 
Em 2009 chegaram-me relatos da presença de Phasianus colchicus (Faisão) algures pela mata de pinheiro e folhosas entre Fão e Apúlia dentro dos limites do PNLN, precisamente nos mesmos locais onde tinha sido largado para fins cinegéticos um número indeterminado das congéneres Alectoris rufa (Perdizes-comuns). Ainda naquele ano, detectei na orla do pinhal no núcleo turístico de Ofir, próximo do miradouro do estuário, um indivíduo daquela espécie exótica originária da Ásia. Entretanto, em Dezembro último, voltei a observar um macho nos campos de cultivo de Gandra a jusante da ponte metálica. Mesmo assim, perante a falta de valor ecológico desta espécie, acabei por não considerar interessante acrescentar esta bela ave à minha lista.
 
Desde então aquele espécime (nunca vi mais do que um em simultâneo nem qualquer fêmea) permanece nos habitats semi-naturais de forte influência agrícola que constituem a margem direita do estuário num aparente estado saudável. Por tal, apesar da sua ocorrência em liberdade se dever seguramente a uma mera fuga ao cativeiro ou a uma introdução com propósitos venatórios, optei finalmente por proceder de acordo com o que surge em toda a literatura relacionada com a avifauna europeia e inscrever esta na lista das espécies (INTRODUZIDA) do estuário do Cávado.




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em “AVES DE PORTUGAL – Ornitologia do Território Continental”, está indicada na categoria de espécies não autóctones como nidificante ocasional mas sem confirmação de populações naturalizadas viáveis.





segunda-feira, 28 de março de 2011

Ano Internacional das Florestas

























No pinhal de Ofir a nossa autarquia já deu início às comemorações!

Mas parece que só a avifauna é que se apercebeu das alterações.






terça-feira, 22 de março de 2011

OBSERVAÇÃO DE AVES (FEVEREIRO 2011)

Lista anotada e ilustrada das aves observadas no Estuário do Cávado e habitats envolventes
 
(as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito)
(anotações a azul)
(as ilustrações seguem-se ao nome a que correspondem)
(para ver a foto com um pouco mais de detalhe clique em cima da imagem)

 
ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM
 

Ordem Anseriformes
 
Família Anatidae
 
Anas strepera (Frisada) – depois dos habituais casais (apenas três), que tinham chegado no início de Outubro para invernarem, terem partido logo no decorrer de Janeiro, no dia 2 de Fevereiro um bando constituído por 14 indivíduos (3 machos e 11 fêmeas) manteve-se por aqui a descansar durante várias horas





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anas crecca (Marrequinho)
 
Anas platyrhynchos (Pato-real)
 
Aythya ferina (Zarro-comum)uma fêmea
 
Mergus merganser (Merganso-grande)os 3 raramente se separavam e eram observados com maior frequência na margem direita a jusante da ponte metálica quando a maré estava vaza ou nos canais do juncal enquanto a maré estava cheia








 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Ordem Galliformes
 
Família Phasianidae
 
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês

 
Ordem Podicipediformes
 
Família Podicipedidae
 
Tachybaptus ruficollis (Mergulhão-pequeno) – apenas foram observados dois indivíduos ao largo do molhe do Caldeirão
 
Podiceps nigricolis (Mergulhão-de-pescoço-preto)o grupo dos 7 partiu a meio do mês mas o outro, apenas constituído por um par de indivíduos, manteve-se no estuário até ao dia 23, altura em que uma das aves começava a adquirir a vistosa (e rara entre nós) plumagem estival











 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Ordem Pelecaniformes
 
Família Phalacrocoracidae
 
Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas)

 
Ordem Ciconiiformes
 
Família Ardeidae
 
Bubulcus ibis (Garça-boieira) – chegaram a ser contados 30 indivíduos; depois de pernoitarem num freixo da margem direita, juntamente com outras tantas Garças-brancas-pequenas, nas primeiras horas da madrugada mantinham-se pousadas em frente à zona ribeirinha de Fão antes de se deslocarem para os campos de cultivo na Apúlia onde passavam os dias a alimentarem-se







 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Egretta garzetta (Garça-branca-pequena)
 
Ardea cinerea (Garça-real ou G-cinzenta)




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Família Ciconiidae
 
Ciconia ciconia (Cegonha-branca)no dia 4 de madrugada foi visto um indivíduo pousado no estuário; no dia 27 desloquei-me ao ninho situado na fronteira entre o concelho de Esposende e Barcelos e confirmei a sua ocupação pelo habitual casal – os agricultores referiram-se à sua chegada entre 2 a 3 semanas antes

 
Ordem Accipitriformes
 
Família Accipitridae
 
Circus aeruginosus (Tartaranhão-dos-pauis ou Águia-sapeira)aqui é apresentado o macho; não tive oportunidade de avistar a fêmea (ver texto anexo que aqui publicarei ainda este mês)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Buteo buteo (Águia-de-asa-redonda)
 
Ainda será feita outra abordagem mais alongada sobre uma ave desta família em texto anexo que publicarei também neste mês

 
Ordem Falconiformes
 
Família Falconidae
 
Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)
 
Falco peregrinus (Falcão-peregrino)o juvenil que visitou este estuário desde o início de Dezembro foi observado com regularidade até ao dia 23; continuaram a repetirem-se as suas investidas sobre os bandos de pequenas limícolas “estacionados” no sapal junto à foz

 
Ordem Gruiformes
 
Família Rallidae
 
Fulica atra (Galeirão) – 6 indivíduos na zona ribeirinha de Fão

 
Ordem Charadriiformes
 
Família Charadriidae
 
Charadrius hiaticula (Borrelho-grande-de-coleira)
 
Pluvialis apricaria (Tarambola-dourada)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pluvialis squatarola (Tarambola-cinzenta)
 
Vanellus vanellus (Abibe) – números a diminuírem até desaparecerem no final do mês
 
Família Scolopacidae
 
Calidris alba (Pilrito-d’areia)
 
Calidris alpina (Pilrito-comum)
 
Gallinago gallinago (Narceja)
 
Limosa lapponica (Fuselo)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Numenius arquata (Maçarico-real)dois indivíduos




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tringa nebularia (Perna-verde)





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)
 
Arenaria interpres (Rola-do-mar)
 
Família Laridae
 
Larus melanocephalus (Gaivota-do-mediterrâneo ou G.-de-cabeça-preta)observados diariamente indivíduos diferentes (pelo menos 3) desde o dia 15 até 23



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Larus ridibundus (Guincho) – embora ligeiramente mais atrasados que os congéneres anteriores, já começaram a “pintar” a cabeça de castanho-escuro que ostentam durante o período estival



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Larus canus (Gaivota-parda)no dia 2 foi avistado um espécime no seio do grande bando de gaivotas que preenchem a língua de areia no extremo norte do juncal
 
Larus fuscus (Gaivota-de-asa-escura)
 
Larus michahellis (Gaivota-de-patas-amarelas)
 
Família Sternidae
 
Sterna sandvicensis (Garajau-comum)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Ordem Columbiformes
 
Família Columbidae
 
Columba livia (Pombo-da-rocha e Pombo-doméstico)
 
Columba palumbus (Pombo-torcaz)
 
Streptopelia decaocto (Rola-turca)

 
Ordem Strigiformes
 
Família Tytonidae
 
Tyto alba (Coruja-das-torres)

 
Ordem Coraciiformes
 
Família Alcedinidae
 
Alcedo atthis (Guarda-rios)

 
Ordem Piciformes
 
Família Picidae
 
Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)

 
Ordem Passeriformes
 
Família Hirundinidae
 
Hirundo rústica (Andorinha-das-chaminés)a primeira foi avistada no dia 25
 
Família Motacillidae
 
Anthus pratensis (Petinha-dos-prados)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Motacilla cinerea (Alvéola-cinzenta)apenas um indivíduo observado de ambos os lados do 1º. pilar da margem direita da ponte metálica
 
Motacilla alba (Alvéola-branca)
 
Família Troglodytidae
 
Troglodytes troglodytes (Carriça)
 
Família Prunellidae
 
Prunella modularis (Ferreirinha)
 
Família Turdidae
 
Erithacus rubecula (Pisco-de-peito-ruivo)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto)
 
Saxicola torquata (Cartaxo-comum)
 
Turdus merula (Melro-preto)
 
Turdus philomelos (Tordo-músico) – menos raros no pinhal que se estende da capela da Senhora da Bonança até às Pedrinhas, sobretudo junto às depressões húmidas dunares
 
Família Sylviidae
 
Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)
 
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)
 
Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)
 
Phylloscopus collybita (Felosa-comum ou Felosinha)
 
Regulus ignicapillus (Estrelinha-real)
 
Família Aegithalidae
 
Aegithalos caudatus (Chapim-rabilongo)
 
Família Paridae
 
Parus ater (Chapim-preto)
 
Parus major (Chapim-real)
 
Família Certhiidae
 
Certhia brachydactyla (Trepadeira-comum)
 
Família Corvidae
 
Garrulus glandarius (Gaio)
 
Pica pica (Pega)
 
Corvus corone (Gralha-preta)continuam por cá os três indivíduos mas jamais o Corvo (registado no mês anterior) as voltou a incomodar
 
Família Sturnidae
 
Sturnus unicolor (Estorninho-preto)
 
Família Passeridae
 
Passer domesticus (Pardal-comum ou Pardal-dos-telhados)
 
Família Fringillidae
 
Fringilla coelebs (Tentilhão) – ainda comuns e também se observaram alguns machos adultos
 
Serinus serinus (Chamariz)
 
Carduelis chloris (Verdilhão)
 
Carduelis cannabina (Pintarroxo)
 



 
ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES

 
Ordem Anseriformes
 
Família Anatidae
 
Cygnus olor (Cisne-mudo)
 
Anser albifrons (Ganso-grande-de-testa-branca)chegada a esta zona húmida no início de Dezembro, esta ave manifestou-se sempre muito arisca, tornando o ato de a fotografar com um mínimo de qualidade numa tarefa quase impossível; no dia 2 de Fevereiro, após inúmeras peripécias e horas de espera, sempre consegui obter algumas imagens aceitáveis (mais de trezentas fotos que nem me vou dar ao trabalho de tratar e publicar); aquele comportamento levou-me a crer, quase sem reservas, que seria uma verdadeira ave selvagem, pelo que assim a inscrevi nas minhas listas de registos das espécies que ocorrem no estuário do Cávado; no entanto, no dia 14 de Fevereiro, após vários dias de temporal, este ganso abandonou o refúgio entre os canais do juncal e abrigou-se mesmo em frente à zona ribeirinha de Fão entre aquele desinteressante conjunto de anatídeos ferais e domesticados e agindo como os demais – à procura de alimento junto dos passantes (humanos); deste modo, e em nome da verdade, entendi permutar o seu lugar nesta lista, até que indicações noutro sentido me convençam do contrário



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tadorna ferruginea (Pato-ferrugíneo)
 
Cairina moschata (Pato-mudo)
 
Anas sibilatrix (Piadeira-do-chile) – supostamente híbrido