quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

OBSERVAÇÃO DE AVES (NOVEMBRO 2010) (Anexos)

Conforme referi na lista das aves observadas em Novembro, ainda durante este mês era minha intenção fazer uma abordagem mais desenvolvida ao “Grupo dos Patos Mergulhadores” (parte da Família Anatidae) e às “Petinhas” (Género Anthus) e, mais uma vez, tal justifica-se na medida em que importa registar a inscrição de 2 (duas!) novas espécies.

Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de PASSERIFORME

De entre os vários géneros das aves que, devido à semelhança de plumagens, me sugerem muita prudência na identificação das respectivas espécies, destaco agora o das “Petinhas” (Anthus sp.). De acordo com o que já aqui mencionei, a única que até agora tinha confirmada como presente no estuário do Cávado é a Petinha-dos-prados (Anthus pratensis), invernante muito abundante, cujos primeiros bandos começaram a chegar com algum atraso no decorrer da segunda metade do mês de Outubro e que muito facilmente podemos localizar nos relvados dos nossos jardins públicos.




















Apesar disso, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), ocorrem regularmente em Portugal Continental, outras quatro espécies: a Petinha-dos-campos (Anthus campestris), estival comum, invernante rara e migradora de passagem comum; a Petinha-das-árvores (Anthus trivialis), estival rara e migradora de passagem abundante; a Petinha-marítima (Anthus petrosus), invernante rara, e a Petinha-ribeirinha (Anthus spinoletta), estival rara e invernante comum. A Petinha-de-garganta-ruiva (Anthus cervinus) será meramente acidental.

Com excepção da observação de uma A. pratensis no final de Agosto de 1998, apenas registei a ocorrência de “Petinhas” no litoral norte entre os meses de Setembro e Março, pelo que a possibilidade de confusão daquela, que é a mais abundante, com a A. campestris ou com a A. trivialis ficaria limitada (mas não em absoluto) ao período das migrações, sobretudo em Setembro e Outubro. A muita literatura consultada reforça a ideia de que nestes meses ambas possam ser encontradas no litoral, nomeadamente em dunas, ainda abundantes por aqui, mas onde a minha pouca perícia e o simples recurso aos binóculos se têm mostrado insuficientes para as distinguir da já inscrita na minha lista.

A análise cuidada de registos fotográficos apresenta-se, assim, como a única via para um diagnóstico eficaz, no entanto, nas últimas migrações pós-nupciais não tive disponibilidade para seguir as “Petinhas de patas cor-de-rosa”, ou seja, estas três últimas, naqueles habitats naturais.

Mas o mês de Novembro haveria de nos trazer as invernantes A. petrosus e A. Spinoletta. A partir do dia 23, durante as muitas horas de “500 mm” apontados para as margens, em particular a direita, foi possível detectar a presença de algumas “Petinhas de patas escuras” (no máximo até 4 juntas) e trazer para a tranquilidade de casa algumas “congeladas” em imagens.






















Deste modo, ficou registada sem reservas na foz do Cávado a ocorrência da Petinha-ribeirinha (Anthus spinoletta) que, aliás, já constava na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte (PNLN) na respectiva caracterização biológica. No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal foi atribuído o estatuto de conservação de «Pouco Preocupante» às populações invernantes (a que pertencem as que nos visitam) e de «Em perigo» para um pequeno núcleo reprodutor. Nos valiosos conhecimentos agora disponibilizados através da publicação da “nossa nova bíblia” (Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa), esta espécie é apresentada como Nidificante rara e localizada (Montesinho) e Invernante pouco comum a comum (a partir de agora terei como referência esta obra quando me referir à fenologia e à abundância das novas espécies apresentadas).




Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de ANSERIFORME

Em Novembro, à medida que as migrações de passagem dão lugar ao regresso das aves invernantes, torna-se “obrigatório” apontar lentes para os aparentemente monótonos bandos de Patos-reais e de Marrequinhos, que se agigantam a cada dia que passa, pois é precisamente entre estas aves mais comuns que se observam algumas das surpresas mais raras da Família Anatidae, em particular as espécies pertencentes ao chamado “Grupo dos Patos Mergulhadores”.

Maioritariamente constituído pelo Género Aythya, neste grupo ainda podemos incluir o Género Melanitta, o Merganso-de-poupa (Mergus serrator) e outra espécie que já consta na Lista de Aves referenciadas para o PNLN, mas cuja ocorrência, abaixo indicada, ainda não tinha sido confirmada por mim pessoalmente. Quanto ao primeiro género, também chamado por Zarros, já todas as espécies de ocorrência regular no continente foram registadas neste estuário, a saber, a Negrinha (Aythya fuligula), o Zarro-comum (Aythya ferina), o raro Zarro-bastardo (Aythya marila) e o Zarro-castanho (Aythya nyroca), espécie prioritária da Directiva Aves que desde o início do último mês se instalou entre nós (pelo menos 4 indivíduos). Por sua vez, as raridades marítimas, ou seja, o Pato-negro (Melanitta nigra) e o Pato-fusco (Melanitta fusca), ambos também já avistados no Cávado, apesar das tempestades, não foram detectados a abrigarem-se em águas estuarinas. No dia 18 de Novembro acabaria por chegar o primeiro Merganso-de-poupa (Mergus serrator) e no mesmo dia chuvoso foi assinalada a presença de uma ave com uma plumagem enigmática (ver).



















A grande distância a que foi obtida a imagem apresentada nunca permitiria captar todo o exuberante colorido da espécie em causa, no entanto, o principal motivo do aspecto geral sóbrio deve-se somente à fase de eclipse em que este espécime se encontrava. Mas não restam quaisquer dúvidas que estávamos perante um muito ansiado Pato-de-bico-vermelho (Netta rufina), que no acima mencionado livro Aves de Portugal – Ornitologia do Território Continental, é classificado como invernante pouco comum e nidificante raro. No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal foi atribuído o estatuto de conservação de «Em Perigo» para a população residente e de «Quase ameaçado» para os invernantes (como o aqui se mostra).


E O MÊS DE DEZEMBRO AINDA NOS HAVERIA DE TRAZER MUITAS OUTRAS GRANDES NOVIDADES E SURPRESAS!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A FEW WORDS (VIII)



















(Hoje é noite de partilha, de dar e receber e repetir e ... das banais mensagens natalícias.)



segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

OBSERVAÇÃO DE AVES (NOVEMBRO 2010)

Lista anotada e ilustrada das aves observadas no Estuário do Cávado e habitats envolventes

(Notas: as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito)
(Notas: anotações a azul)
(Notas: as ilustrações seguem-se ao nome a que correspondem)

 
ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM

 
Ordem Podicipediformes

Família Podicipedidae

Tachybaptus ruficollis (Mergulhão-pequeno)

Podiceps nigricolis (Mergulhão-de-pescoço-preto)


Ordem Pelecaniformes

Família Phalacrocoracidae

Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Ordem Ciconiiformes

Família Ardeidae

Bubulcus ibis (Garça-boieira) – apenas são observáveis no estuário nas primeiras horas da manhã, ao ocaso e durante a noite para pernoita; passam os dias nos terrenos agrícolas para sul na Apúlia e até algumas freguesias da Póvoa de Varzim



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Egretta garzetta (Garça-branca-pequena)

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Ardea cinerea (Garça-real ou G-cinzenta)


Ordem Anseriformes

Família Anatidae

Anas penelope (Piadeira) – aumento bem notado

Anas crecca (Marrequinho) – aumento bem notado

Anas platyrhynchos (Pato-real)

Anas clypeata (Pato-trombeteiro)

“Grupo dos Patos Mergulhadores”

Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês

 

Ordem Accipitriformes

Família Accipitridae

Circus aeruginosus (Tartaranhão-dos-pauis ou Águia-sapeira)além do macho também foi observada a fêmea “desaparecida” durante Outubro

Accipiter nisus (Gavião)

Buteo buteo (Águia-de-asa-redonda)

Família Pandionidae

Pandion haliaetus (Águia-pesqueira)registada até ao dia 16 (de 14 até 16 foi observada sempre às 07.30 horas a caçar mais para poente da ponte velha)

 

Ordem Falconiformes

Família Falconidae

Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Falco subbuteo (Ógea)dia 14 (!)


Ordem Gruiformes

Família Rallidae

Gallinula chloropus (Galinha-d’água)

Fulica atra (Galeirão)


Ordem Charadriiformes

Família Charadriidae

Charadrius hiaticula (Borrelho-grande-de-coleira)

Pluvialis apricaria (Tarambola-dourada) – apenas nos campos de cultivo nas imediações do estuário (nunca neste)

Pluvialis squatarola (Tarambola-cinzenta)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Vanellus vanellus (Abibe)

Família Scolopacidae

Calidris alba (Pilrito-d’areia)

Calidris alpina (Pilrito-comum)

Gallinago gallinago (Narceja)

Limosa limosa (Maçarico-de-bico-direito)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Limosa lapponica (Fuselo)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Numenius arquata (Maçarico-real)

Tringa totanus (Perna-vermelha)

Tringa nebularia (Perna-verde)

Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Arenaria interpres (Rola-do-mar) – encontradas facilmente a “pastarem” nos relvados dos jardins públicos junto às margens do Cávado

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Família Laridae

Larus ridibundus (Guincho)

Larus cachinnans (Gaivota-de-patas-amarelas)

Larus fuscus (Gaivota-de-asa-escura)

Apesar das frequentes tempestades, que me “obrigaram” a apontar o telescópio para os grandes bandos de gaivotas “detidas” nos areais e no estuário, não foi detectada a presença de qualquer outra ave menos comum deste género.

Família Sternidae

Sterna sandvicensis (Garajau-comum)


Ordem Columbiformes

Família Columbidae

Columba livia (Pombo-da-rocha ou Pombo-doméstico)

Columba palumbus (Pombo-torcaz) – muito escasso

Streptopelia decaocto (Rola-turca)


Ordem Strigiformes

Família Tytonidae

Tyto alba (Coruja-das-torres)

 
Ordem Apodiformes

Família Apodidae

Apus apus (Andorinhão-preto)observado 1 (um) no dia 18


Ordem Coraciiformes

Família Alcedinidae

Alcedo atthis (Guarda-rios)


Ordem Piciformes

Família Picidae

Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)


Ordem Passeriformes

Família Motacillidae

Motacilla flava (Alvéola-amarela)

Motacilla alba (Alvéola-branca)

Género Anthus (Petinhas)

Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês

Família Troglodytidae

Troglodytes troglodytes (Carriça)

Família Prunellidae

Prunella modularis (Ferreirinha)

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Família Turdidae

Erithacus rubecula (Pisco-de-peito-ruivo)

Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto)

Luscinia svecica (Pisco-de-peito-azul)pelo menos dois casais encontraram refúgio em pleno juncal (numa zona de difícil acesso)

Saxicola torquata (Cartaxo-comum)

Oenanthe oenanthe (Chasco-cinzento)no dia 6 e no dia 28 (!) foi observado um indivíduo perto da pousada da juventude

Turdus merula (Melro-preto)

Turdus philomelos (Tordo-músico) – aumento bem notado

Família Sylviidae

Cettia cetti (Rouxinol-bravo) – apenas ouvido

Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)

Sylvia undata (Felosa-do-mato ou Toutinegra-do-mato)primeiro registo no dia 27

Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)

Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)



















Phylloscopus collybita (Felosa-comum ou Felosinha)

Família Paridae

Parus ater (Chapim-preto)

Parus major (Chapim-real)

Família Corvidae

Garrulus glandarius (Gaio)

Pica pica (Pega)

Corvus corone (Gralha-preta)no dia 16 foram observadas duas a sobrevoarem os terrenos de cultivo em Gandra junto à ponte velha, vindas de norte; no dia 29 foi avistada outra pousada a alimentar-se na mesma margem junto à ponte e no dia seguinte, próximo do campo de futebol daquela freguesia, foram vistas três

Família Sturnidae

Sturnus vulgaris (Estorninho-malhado) – aumento bem notado

Sturnus unicolor (Estorninho-preto)

Família Passeridae

Passer domesticus (Pardal-comum ou Pardal-dos-telhados)

Passer montanus (Pardal-montês)

Família Estrildidae

Estrilda astrild (Bico-de-lacre)

Família Fringillidae

Fringilla coelebs (Tentilhão) – aumento bem notado

Serinus serinus (Chamariz)

Carduelis chloris (Verdilhão)

Carduelis carduelis (Pintassilgo)

Carduelis cannabina (Pintarroxo)

Pyrrhula pyrrhula (Dom-fafe)no dia 2 foi observado um casal no mesmo local do mês anterior (apesar da péssima qualidade do registo, não resisto em colocar aqui o vislumbre das penas de cores garridas do macho)

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Família Emberizidae

Emberiza schoeniclus (Escrevedeira-dos-caniços)no mesmo habitat do Pisco-de-peito-azul




ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES


Ordem Anseriformes

Família Anatidae

Cygnus olor (Cisne-mudo)

Tadorna ferrugínea (Pato-ferrugíneo)

Cairina moschata (Pato-mudo)