domingo, 14 de junho de 2009

ORNITOLOGIA (parte XVIII)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado



Ordem Passeriformes

Família Alaudidae

(uma espécie)


Alauda arvensis (Laverca)










































































(*)

















1 – (Estatuto de conservação) Pouco preocupante;
2 – (Quando observar) Ocorrem na região dois (talvez três) tipos distintos de populações, uma mais gregária, a Invernante, e outra, a Residente, com efectivos nidificantes; no Outono julgo que parte significativa das aves será Migradora de Passagem;
3 – (Abundância) Os invernantes (e/ou migradores) são comuns, mas os residentes são notoriamente mais escassos;
4 – (Espécies parecidas) De entre todas as aves que identifiquei nos limites da área em estudo, o Trigueirão (Miliaria calandra), que frequenta habitats idênticos, é a que mais se pode assemelhar; a par desta, a Cotovia-de-poupa (Galerida cristata) também é bastante similar, contudo, apesar de estar indicada na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte, nunca observei qualquer indivíduo desta espécie na região (nestes dois casos aconselho a consulta atenta de um guia de campo); devemos também prestar atenção à possibilidade de confusão com outra espécie, a Cotovia-pequena (Lullula arborea) que consta na mesma Lista de Aves do PNLN e que é relativamente comum nos penhascos quase “carecas” dos Montes de Faro e S. Lourenço; há ainda a considerar a remota possibilidade de ser confundida com a substancialmente mais pequena e esguia Petinha-dos-prados (ver a seguir); nestas cinco espécies apenas a Laverca e a Cotovia-de-poupa dispõem de uma pequena crista que por vezes mantêm levantada, mas, caso esta particularidade não se torne visível, a marca preta e branca que a Cotovia-pequena apresenta nas asas revelar-se-á suficiente para as distinguir;
5 – (Habitat e circunstâncias em que se observam) No Outono e Inverno podemos ver bandos mais ou menos extensos a frequentarem os solos aráveis dos campos agrícolas, especialmente aqueles que se prolongam pela margem direita do Cávado; os efectivos residentes são observáveis sobretudo nas dunas e, embora seja uma ave muito associada à vida no solo, onde se alimenta e nidifica, o modo como habitualmente se anuncia é através de um voo alto peneirado a irradiar uma melodia corrida quase incessante a “pedir” que nos afastemos; nestas circunstâncias, não é raro olharmos para o céu e tornar-se difícil localizar a ave pois o som do seu canto parece sempre partir de um ponto mais distante; também se empoleira em pequenas estacas, troncos caídos ou montículos de terra a observar-nos;
6 – (Tolerância à nossa presença) Como qualquer outro animal selvagem, estas aves quase sempre se apercebem da nossa presença muito antes de nós mesmos as detectarmos, no entanto este facto pode ser muito útil ao fotógrafo da natureza, em especial no período de nidificação, quando um dos pares está sempre disponível a aproximar-se para nos manter longe do ninho; não posso deixar de aqui apelar vivamente ao bom senso que todos, no sentido de mantermos sempre a nossa conduta de acordo com as boas regras da observação de aves;
7 – (Outros dados de interesse) A aqui referida Cotovia-pequena, que é facilmente observada pela nossa Arriba Fóssil acima (nunca avistada no Estuário do Cávado), consta no anexo A-I da Directiva Aves; (*) a 5.ª imagem corresponde a um indivíduo desta espécie, captada no Monte de Faro e optei por apresentá-la nesta sequência para efeitos de comparação.


Família Motacillidae
(quatro espécies)


Anthus pratensis (Petinha-dos-prados)























































1 – Pouco preocupante;
2 – Típica Invernante, começa a surgir em Setembro (raras vezes no final de Agosto), mantendo-se por cá até Março, longe dos rigores dos meses frios das regiões mais setentrionais europeias onde nidifica;
3 – Comum;
4 – Em Portugal Continental ainda ocorrem outras quatro espécies de Petinhas, todas muito parecidas com esta, mas nunca as observei neste estuário; apesar disso, a rara Petinha-ribeirinha (Anthus spinoletta) consta na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte; pelas características da sua plumagem, pode prestar-se a ser confundida com outras aves que apresentem padrões acastanhados no dorso e listadas no peito como, por exemplo, o Trigueirão e a Laverca, ambas substancialmente mais corpulentas;
5 – Como o próprio nome indica, frequenta especialmente os prados juncais do Estuário do Cávado e ainda pode ser vista nos lodaçais, campos agrícolas e relvados de jardins, particularmente aquele situado próximo da Pousada da Juventude em Fão;
6 – Muito associada ao meio terrestre, permite que nos aproximemos até poucos metros de distância enquanto caminha calmamente pelo solo á cata de insectos;
7 – Nada a acrescentar.


Motacilla cinerea (Alvéola-cinzenta)























































1 – Pouco preocupante;
2 – Principalmente Invernante, ocorre entre Outubro e Março;
3 – Pouco comum;
4 – Distingue-se da Alvéola-amarela por apresentar a parte superior cinzenta e as asas pretas, além de que o amarelo do peito é menos intenso;
5 – Sobretudo associada à presença da água, pode ser encontrada com relativa facilidade isolada em voos ondulantes sobre os vários braços do Cávado que se formam na margem esquerda, em especial entre o entre o Caldeirão e o Cortinhal em Fão ou ainda atrás do Hotel do Pinhal;
6 – Se formos discretos costumam aproximar-se enquanto caminham ao longo dos lodaçais a alimentarem-se, parecendo que nem notam a nossa presença;
7 – Comparativamente ao corpo, esta é uma das aves com a cauda mais comprida.


Motacilla flava (Alvéola-amarela)























































1 – Pouco preocupante;
2 – Estival e Migradora de Passagem, visita-nos entre Março e Setembro;
3 – Abundante, podemos considerá-la um dos ícones da avifauna do Estuário do Cávado que apresenta condições muito favoráveis para esta espécie se reproduzir, a qual apenas se distribui numa faixa muito estreita do território nacional;
4 – Considerar o mesmo que foi mencionado em igual número da ave anterior;
5 – O seu habitat limita-se ao estuário onde é observada com muita facilidade empoleirada no topo dos juncos, mas também no solo, tanto na vegetação como nos lodos de maré a alimentar-se;
6 – Pouco reservada, além de ser uma ave colorida e elegante, a postura que assume quando pousa demoradamente nos juncos proporciona boas condições para obtenção de belas fotografias;
7 – Apesar de ser muito fácil de identificar, esta ave assume-se como um dos grandes quebra-cabeças da ornitologia, pois a espécie divide-se em várias raças que se distribuem por diferentes regiões da Europa; a que ocorre em Portugal é a subespécie M. f. iberiae, porém já verifiquei no Cávado a insólita presença da M. f. cinereocapilla cuja região natural corresponde à Itália e ilhas e territórios contíguos para leste; neste episódio percebi que os machos da raça nativa repeliam com insistentes ofensivas a “invasora” que acabou por se afastar.


Motacilla alba (Alvéola-branca)









































































1 – Pouco preocupante;
2 – Residente e Invernante;
3 – Abundante no Outono e Inverno e comum nos restantes meses do ano;
4 – Praticamente inconfundível; só a silhueta da Alvéola-cinzenta, com a sua cauda comprida, se pode prestar a algumas confusões que, mesmo assim, serão pouco prováveis;
5 – Frequenta diversos tipos de habitats naturais, sobretudo próximo de planos ou de cursos de água, mas também áreas densamente humanizadas, desde o meio agrícola até zonas urbanas, preferindo os jardins com relvados onde pode ser vista a correr habilmente atrás de insectos enquanto balança a longa cauda; portanto, os campos aráveis na margem direita e os parques públicos em ambas as margens do Cávado, bem como o prado juncal, são locais de excelência para as observar;
6 – Mesmo quando se afastam em voos ondulantes, nunca o fazem para longe e, se nos dirigirmos na sua direcção, raramente se manifestam intimidadas; por ser encontrada quase sempre pousada no solo ou na vegetação rasteira, não se proporcionam com facilidade bons planos para as fotografar; na calçada da marginal em Fão também se vêem um ou outro espécime que quase se deixam calcar;
7 – Ainda existe mais que uma raça na Europa; a que ocorre em Portugal (e em quase todo o restante continente europeu) é a M.a. alba.