terça-feira, 9 de junho de 2009

ORNITOLOGIA (parte XVII)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado



Chegamos, então, à extensa ordem dos Passeriformes que, por si, só alberga mais famílias e espécies do que o conjunto de todas as outras que já foram até aqui apresentadas (não esquecer, porém, que a família Fringillidae, enunciada logo na introdução deste ensaio, também pertence a esta ordem). Os seus representantes, embora possuam características comuns mais ou menos evidentes, podem variar em muitos aspectos, que vão desde o tamanho (p.ex. o comprimento de 50 cm da Pega em contraste com os meros 9 cm da Estrelinha-real), as cores (p.ex. os coloridos dos Chapins-reais, das Alvéolas-amarelas ou dos Pintarroxos tão opostos aos padrões pardos do Trigueirão ou da bem camuflada Trepadeira-comum), ou até as próprias vocalizações (p.ex. o mero chilro curto e áspero do Pardal-comum em comparação com os melodiosos e prolongados cantos do Pintassilgo ou do Pisco-de-peito-ruivo).

Mesmo assim, apesar dos exemplos que apresentei, existem muitas outras espécies cujas semelhanças entre si nos obrigam a munirmo-nos de bons guias de campo (lembro que não é objectivo deste trabalho a descrição pormenorizada das diferentes aves), a procurar um qualquer portal na web onde possamos confrontar as suas vocalizações tantas vezes muito parecidas (muito útil também), ou ainda a aquisição de uma máquina fotográfica digital, mesmo que muito modesta, para que, já em casa, possamos determinar tranquilamente a identificação de uma espécie que não fomos capazes de reconhecer no meio natural.

E vamos iniciar com as sempre muito esperadas mensageiras da Primavera – as Andorinhas.


Ordem Passeriformes

Família Hirundinidae

(duas espécies)


Hirundo rustica (Andorinha-das-chaminés)
























































1 – (Estatuto de conservação) Pouco preocupante;
2 – (Quando observar) Estivais e migradoras de passagem; normalmente começam a estabelecer-se na região em Março onde permanecem até Outubro ou mesmo Novembro mas já em número muito reduzido; não serão de estranhar também alguns avistamentos, em anos excepcionais, de uma ou outra ave que nos chega vinda de África logo em Fevereiro;
3 – (Abundância) Abundante;
4 – (Espécies parecidas) A Andorinha-dos-beirais (ver a seguir) apresenta o uropígio (parte terminal do dorso junto ao início da cauda) de cor branca bem marcada e a cauda é curta em contraste com a espécie em apreço que a apresenta longamente bifurcada;
5 – (Habitat e circunstâncias em que se observam) Com excepção das matas mais densas, frequenta todos os tipos de habitat natural, semi-natural e principalmente espaços humanizados, desde áreas urbanas até zonas agrícolas onde são habitualmente observadas em voos acrobáticos a perseguirem insectos de que se alimentam;
6 – (Tolerância à nossa presença) Permitem que nos aproximemos com grande facilidade, principalmente quando descansam empoleiradas num fio eléctrico; um bom método para as conseguir fotografar tranquilamente, será através da montagem de um esconderijo junto a uma zona de maré onde se formem poças de lama que estas aves usam para fazer os seus ninhos;
7 – (Outros dados de interesse) O que seria das nossas culturas agrícolas sem a acção dos muitos milhões de andorinhas a banquetearem-se de insectos por essa Europa fora?


Delichon urbicum (Andorinha-dos-beirais)






































1 – Pouco preocupante;
2 – Típicas estivais e migradoras de passagem dentro dos limites temporais da espécie anterior;
3 – Comum mas em número muito inferior à outra congénere já mencionada;
4 – Ver o que foi referido na Andorinha-das-chaminés; de salientar que na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte ainda consta a ocorrência de outra espécie parecida, a Andorinha-das-barreiras (Riparia riparia), que nos últimos 12 anos nunca avistei em todo o litoral de Esposende, contudo, em povoações relativamente próximas da nossa faixa costeira, mas para interior, podem ser encontradas várias das suas colónias de orifícios em taludes argilosos, destacando-se, pela dimensão, uma existente em Alvarães (Viana do Castelo);
5 – Frequenta sensivelmente as mesmas áreas que a outra espécie mas, apesar de não ser tão vulgar, é mais gregária (quem nunca viu aquelas “tigelas” de lama coladas aos beirais dos nossos edifícios públicos ou em muitas das nossas casas?);
6 – Considerar o que está exposto em igual número da espécie anterior;
7 – O modo como constroem os seus ninhos resulta muitas vezes na queda de dejectos para a via pública, varandas e peitoris ou ainda em danos na tinta das paredes das próprias casas que lhe servem de suporte, sendo esse o motivo que tem levado as autoridades e alguns particulares a promoverem a sua destruição, quando a mera instalação de um pequeno tabuleiro na base seria suficiente para se evitarem aqueles constrangimentos, continuando a gozar da privilegiante companhia de tão ilustres vizinhos.