sábado, 28 de fevereiro de 2009

ORNITOLOGIA (parte VI)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado



Depois dos Gansos, Tadornas e dos Patos do género Anas, também conhecidos por Patos de Superfície, seguimos com outros menos habituados a permanecer por estas paragens, como é o caso dos do género Aythya, também chamados de Zarros ou Patos Mergulhadores, não ficarão esquecidos os Patos Marítimos do género Melanitta com as suas ocorrências muito singulares e, finalmente, ainda antes de passarmos para as espécies exóticas, ficará aqui mencionada a passagem de um Merganso pelo estuário, uma espécie de anatídeo comedora de peixe.


Patos Mergulhadores, Marítimos e Mergansos


Ordem Anseriformes

Família Anatidae
(sete espécies)


Aythya fuligula (Negrinha ou Zarro-negrinha)




































1
– Vulnerável;
2 – Quando uma ave é classificada com invernante, em regra isso significa que frequenta um determinado território entre Outubro e Março; no caso presente e nas espécies congéneres que se seguem (Aythya sp.), considerando apenas uma excepção, as ocorrências na região verificaram-se apenas entre Outubro e nunca depois de Dezembro e demoravam-se sempre poucos dias – por tal, e em virtude dos registos de ocorrência serem muito escassos, não deverão ser classificados além de: - migradores de passagem (?);
3 – Raro;
4 – Apenas o extremamente raro Zarro-bastardo se pode assemelhar, mas este tem o dorso muito mais claro e os reflexos da cabeça tendem mais para o esverdeado, e não para os azulados e arroxeados da Negrinha;
5 – À semelhança do que já referi nas espécies de anatídeos anteriores, ocorrem no plano de água compreendido entre o cais do outrora denominado Clube de Pesca (na restinga) e o outro mais junto à Estalagem Parque do Rio, mas do lado oposto àquele passeio que se estende ao longo das vivendas da margem;
6 – Nada tolerantes;
7 – A ave que aparece nas imagens foi fotografada mesmo em frente ao cais dos bombeiros de Fão (em 03 de Dezembro de 2008), contudo, não deveria ser um espécime selvagem pois permitiu que eu me tivesse aproximado até menos de dez metros de distância (apenas foi visto por cá naquele dia).


Aythya ferina (Zarro-comum)

1 – Vulnerável;
2 – Quando no mesmo número da espécie anterior me referia a uma excepção, estava a considerar a ocorrência de um casal destas aves no Verão de 2001, no entanto, de acordo com o que já foi mencionado, classificá-las-ei como: - migradores de passagem (?);
3 – Raro;
4 – Fácil, se prestar-mos atenção à cor das cabeças na Negrinha e no Z.-bastardo e das laterais no Z.-castanho; quanto às fêmeas, as dificuldades aumentam, tornando-se imprescindível o uso de guias da especialidade para estabelecermos as devidas comparações;
5 – Considerar o mesmo que para a espécie anterior;
6 – Nada tolerantes;
7 – Pelos relatos de outros observadores de aves do estuário do Cávado, este será o Zarro menos raro na região.


Aythya nyroca (Zarro-castanho)

1 – Regionalmente extinto, consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – Migrador de passagem (?);
3 – Apesar do estatuto indicado no ponto 1, no Outono de 1999 manteve-se durante alguns dias no nosso estuário um bando com 10 indivíduos (nunca os seus congéneres foram vistos por cá em tal quantidade);
4 – É o único Zarro com as penas infracaudais brancas (bem visível);
5 – Considerar o mesmo que para a espécie anterior;
6 – Nada tolerantes;
7 – Nada a referir.


Aythya marila (Zarro-bastardo)

1 – Pouco preocupante (IUCN);
2 – Apenas observei um casal desta espécie em 21 de Outubro de 1998;
3 – Nada a acrescentar;
4 – Atenção ao que ficou mencionado para a Negrinha;
5 – O casal foi visto no extremo norte do sapal;
6 – Nada a acrescentar;
7 – De acordo com toda a literatura consultada, a par do Z.-castanho, será a mais rara das aves deste género.


Melanitta nigra (Pato-negro)

1 – Em perigo;
2 – Apenas observei um indivíduo em 9 de Janeiro de 2003;
3 – Ver o ponto 7;
4 – O Pato-fusco, embora maior, é muito parecido; existem algumas características subtis que os distinguem, mas considero que a longas distâncias a mais evidente será a parte branca das asas do P.-fusco, bem visível em voo e perceptível junto à cauda quando está pousado na água;
5 – Ver o ponto 7;
6 – Nada a referir;
7 – Estas aves, tidas como invernantes em Portugal, têm hábitos quase exclusivamente marítimos e julgo que a sua ocorrência no estuário do Cávado se deveu ao facto de naqueles dias ter ocorrido um forte temporal na nossa região, sobretudo no mar, levando a que a ave tivesse procurado refúgio naquele plano de água que forma uma pequena baía junto ao miradouro da restinga, onde permaneceu a descansar; de salientar que nos dias seguintes foram encontrados pela praia de Ofir inúmeros espécimes mortos (aparentemente vítimas de exaustão); em anos posteriores, ao longo das praias do litoral norte, voltei a testemunhar situação semelhante na sequência de condições atmosféricas similares; com telescópio, durante o Inverno, consegue-se avistar (talvez a menos de uma milha) bandos de aves que em tudo se parecem com esta espécie – mas não o posso confirmar; os nossos pescadores também relatam episódios de capturas acidentais de “patos pretos que mergulham” que ficam presos nas suas redes.


Melanitta fusca (Pato-fusco)

1 – Pouco preocupante (IUCN);
2 – Apenas observei um indivíduo em 22 de Março de 2001 muito próximo da foz mas já no interior do estuário do Cávado;
3 – Ver o ponto 7;
4 – Consultar o que foi referido em igual número no P.-negro;
5 – Ver o ponto 7;
6 – Nada a referir;
7 – Assim como o P.-negro, é uma ave marítima e suponho que as causas da sua ocorrência estará relacionada com as mesmas circunstâncias, aliás, o Inverno desse ano foi extremamente rigoroso – quem não se lembra das cheias de 2001? Julgo que será importante salientar aqui que esta ave apenas é apresentada pela SPEA na sua lista de Raridades, o que explica o facto de eu nunca ter visto espécimes mortos pelas praias após um período de condições meteorológicas adversas.


Mergus serrator (Merganso-de-poupa)

1 – Em perigo;
2 – Apenas registei a ocorrência de uma ave desta espécie que permaneceu no estuário do Cávado entre Dezembro de 2002 e Fevereiro de 2003;
3 – Nada a acrescentar;
4 – De acordo com o que será exposto no post seguinte, em Agosto de 2008 surgiu por cá um Merganso-capuchinho, espécie exótica que embora apresente características diferentes desta, possui uma silhueta muito parecida;
5 – O espécime em causa tendia a permanecer grande parte dos dias entre aquele plano de água que forma uma pequena baía junto ao miradouro da restinga e a língua de areia no extremo norte do sapal, onde desenvolvia um comportamento muito parecido com o Corvos-marinhos ou os Mergulhões, enquanto se alimentava de peixe;
6 – Pouco tolerante à nossa aproximação;
7 – Nada a acrescentar.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

ORNITOLOGIA (parte V)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado

Vou dedicar agora a atenção à família dos Anatídeos (Gansos, Patos e afins), cujas ocorrências neste troço final do Cávado nos são muito familiares, mas têm causado algumas confusões a quem começa a dar os primeiros passos nestas coisas da observação de aves. Efectivamente, as nossas zonas húmidas, e em particular o estuário, constituem locais muito importantes nos ciclos anuais deste tipo de animais, quer servindo sucessivamente como zona de refúgio nos rigorosos Invernos, ou como território para descanso e alimentação nas longas campanhas migratórias, também como habitat de nidificação, ou ainda como área de acolhimento a muitas espécies exóticas que se assilvestraram depois de fugas ao cativeiro. Por tal, torna-se aqui importante tentar distinguir quais são as espécies selvagens indígenas – que vão ser apresentadas de imediato e no post seguinte – e que de facto representam algum valor em termos ecológicos, daquelas cujas presenças se devem a causas não naturais, ou seja, espécies usadas pelo Homem para fins ornamentais e que estão a ser inadvertidamente introduzidas na Natureza – que serão, algumas delas, mencionadas na Parte VII deste trabalho – e que poderão constituir um factor de ameaça ao equilíbrio ambiental. Devo dizer também que em alguns casos se torna difícil, mesmo para os mais atentos ou entendidos nesta matéria, identificar convenientemente a origem dos vários espécimes que nos “visitam”, persistindo, em muitos casos, interrogações às quais não me vou arrogar em tentar decifrar.


Gansos, Tadornas e Patos de superfície


Ordem Anseriformes

Família Anatidae

(dez espécies)


Anser anser (Ganso-bravo)

1 – Quase ameaçado;
2 – No final de Outubro de 2000 surgiu no estuário do Cávado um par de indivíduos que se manteve na área durante aquele Inverno até ao mês de Fevereiro, entretanto, em Janeiro e depois em Dezembro de 2003, foi avistado outro espécime e, em Fevereiro de 2006, o mesmo habitat foi frequentado por um bando constituído por 6 (seis) aves; assim, poderá ser considerada uma espécie invernante;
3 – Ocasional raro;
4 – Fácil, mesmo a longas distâncias percebe-se que é substancialmente maior que todos os “patos” que ocorrem habitualmente na área;
5 – Nas poucas ocorrências registadas, as aves mantinham-se demoradamente na zona do estuário mais próxima da foz (naquela língua de areia no extremo norte do sapal), mas também se embrenhavam regularmente por entre a vegetação herbácea do prado juncal onde pareciam que “pastavam” e, amiudadamente, quando eram perturbados pela aproximação de alguma embarcação, eram vistos em fuga a sobrevoar a zona mais a nascente mesmo em frente à faixa urbana de Fão;
6 – Nada tolerantes à presença de humanos;
7 – Os numerosos Patos-reais que se distribuíam pelo estuário aceitavam com visível naturalidade que os poucos indivíduos desta espécie se agregassem aos seus bandos e nestas circunstâncias tornava-se óbvia a diferença de tamanhos.


Branta bernicla (Ganso-de-faces-negras)

1 – Aqui convém introduzir uma breve nota sobre estatutos de conservação – no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (documento que estou a usar como referência para atribuir o grau de ameaça que pende sobre as várias espécies aqui mencionadas), não estão listadas 11 espécies de aves que já identifiquei como ocorrentes no nosso estuário e zonas adjacentes e isso deve-se simplesmente ao facto das suas populações não estarem avaliadas ou ainda em virtude de surgirem no território nacional de forma ocasional; quase metade desse número de espécies (cinco no total) é desta família em particular; assim, para todas elas farei constar a classificação que a União Mundial para a Conservação lhes atribuiu ao nível global, seguido da sigla daquela associação (IUCN); assim, segue-se o respectivo estatuto da actual espécie: - Pouco preocupante (IUCN);
2 – No início de Novembro de 1998 surgiu um indivíduo no estuário, entretanto no mês subsequente juntou-se-lhe uma segunda ave daquela espécie, permanecendo ambas por cá até ao final de Março seguinte; desde então, jamais registei outras ocorrências;
3 – (Supostamente) acidental;
4 – O Ganso-de-faces-brancas (que será apresentado na Parte VII) possui algumas características semelhantes mas, como os próprios nomes indicam, uma observação mais atenta às suas faces é suficiente para determinar devidamente a espécie;
5 – Os dois espécimes costumavam permanecer em águas pouco profundas junto à restinga onde agora está instalado o observatório panorâmico;
6 – Nada tolerantes à presença de humanos;
7 – Ainda que em todas as ocorrências ocasionais que envolvam anatídeos, haja sempre a possibilidade de não corresponderem a aves selvagens, neste caso optei por considerá-las como tal por duas ordens de razão: em primeiro lugar pelo comportamento tímido manifestado por ambos os indivíduos e, depois, por constar na lista de espécies de aves de ocorrência regular em Portugal Continental apresentada pela SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (embora como invernante raro).


Tadorna tadorna (Pato-branco ou Tadorna)




































1
– Pouco preocupante (IUCN);
2 – Surge irregularmente no nosso estuário, num máximo verificado de 4 indivíduos, sempre durante o Outono e aparentemente de passagem, como é o caso do indivíduo das fotos (Novembro de 2005);
3 – Ocasional raro;
4 – Fácil;
5 – Nas imediações da referida língua de areia no extremo norte do sapal e pelo interior do mesmo até junto do local onde actualmente está instalado o observatório do passadiço da “junqueira”;
6 – Pouco tolerantes à presença de humanos;
7 – A considerar o mesmo que foi referido em igual número da espécie anterior (com a diferença de que esta espécie está considerada como invernante pouco comum – potencialmente, um pouco mais provável de ocorrer na região).


Anas penelope (Piadeira)



















1 – Pouco preocupante;
2 – Invernante, normalmente chega à nossa região e Novembro e parte em Março;
3 – Embora variando em número de ano para ano, costuma ser comum;
4 – O macho distingue-se facilmente, mas a fêmea pode ser confundida com a da Frisada, a do Marreco, a do Arrábio, ou a do Pato-real, aliás à semelhança daquilo que se verifica em quase todas as espécies de patos (género Anas);
5 – Praticamente todos os bandos de anatídeos selvagens que nos visitam durante o Inverno “estacionam a caravana” no plano de água compreendido entre o cais do outrora denominado Clube de Pesca (na restinga) e o outro mais junto à Estalagem Parque do Rio, mas do lado oposto àquele passeio que se estende ao longo das vivendas da margem;
6 – Nada tolerante à nossa aproximação;
7 – As várias espécies de anatídeos formam bandos mistos com muita frequência, pelo que, ao avistar um formado predominantemente por uma determinada espécie, que previamente identificamos a olho nu sem dificuldade, não devemos deixar de dar uma espreitadela mais atenta através de um qualquer instrumento óptico de auxílio, sob pena de podermos perder a oportunidade de identificar outras que se encontram no grupo (a espécie em referência não foge a esta regra e a foto foi obtida numa dessas situações – indivíduo mais à direita).


Anas strepera (Frisada)

1 – Quase ameaçado;
2 – Invernante;
3 – Há mais de dez anos era normal, durante os meses de Dezembro ou Janeiro, avistar-se um ou outro bando constituído por cerca de uma dezena de indivíduos, no entanto, ultimamente, apenas têm sido avistados indivíduos isolados ou aos pares e nem todos os anos isso se verifica;
4 – O macho distingue-se da fêmea pela cauda preta, mas ambos podem ser confundidos com outras fêmeas de outros patos (ver o referido na espécie anterior); em voo, basta prestar um pouco de atenção à mancha branca bem visível que ostenta na asa (espelho) para diagnosticar a espécie;
5 – O mesmo que referido para a espécie anterior;
6 – Nada tolerante à nossa aproximação;
7 – Nada a acrescentar.


Anas crecca (Marrequinho)



















1 – Pouco preocupante;
2 – Invernante;
3 – Comum, por vezes abundante, surgindo bandos constituídos por largas de dezenas ou algumas centenas de indivíduos;
4 – Relativamente às fêmeas deve ser considerado o mesmo que já referi para a Piadeira, porém, esta espécie é substancialmente menor que todos os outros patos (do género Anas), com excepção do raro Marreco;
5 – Frequenta as mesmas zonas que indiquei para as espécies anteriormente apresentadas mas também são vistos alguns bandos pelo curso principal do Cávado até à Ponte da A28 ao longo da margem direita;
6 – Pouco tolerante à presença humana; mesmo para conseguir obter a péssima imagem que acompanha estas notas, foi necessário algum esforço e muita paciência;
7 – Uma das formas de, a longas distâncias, identificarmos com facilidade esta ave, é através da verificação da mancha amarela notória junto à cauda.


Anas querquedula (Marreco)

1 – Pouco preocupante (IUCN);
2 – Em Março de 2001 avistei um casal na zona norte do estuário onde habitualmente se avistam outros patos que, pelo que me foi possível perceber, apenas ali se mantiveram por um dia; entretanto só voltei a observar um pequeno bando constituído por 4 indivíduos desta espécie em 2007, também em Março, e, ainda em igual número, voltaram a ser avistadas nos meses de Agosto daquele mesmo ano e do seguinte, mas, nestes dois últimos casos, as aves tendiam a permanecer na parte do Cávado entre as duas pontes e próximas do lado de Gandra – portanto, enquanto no primeiro caso poderíamos estar perante aves em rota de migração (para norte), nestas últimas situações há a possibilidade de serem estivais acidentais;
3 – Raro;
4 – Ver Marrequinho;
5 – Nada a acrescentar;
6 – Muito tímidos;
7 – Conforme o anteriormente exposto, o local em que nos últimos Verões têm sido observadas estas aves, não corresponde ao que habitualmente é frequentado pela maioria dos anatídeos; creio que tal situação se deve ao aumento de diversos factores de perturbação na parte norte do estuário, como é o caso, por exemplo, dos praticantes de pesca de recreio, mesmo assim com um peso pouco significativo quando comparado com os prejuízos causados pelas actividades náuticas motorizadas desregradas que, embora proibidas, continuam a ser consentidas e praticadas por pessoas pouco sensíveis aos valores naturais em presença e que têm o incompreensível gozo de ver as aves a debandar.


Anas acuta (Arrábio)



















1 – Pouco preocupante;
2 – Apenas registei a presença de um casal desta espécie em Janeiro de 2002;
3 – Ocasional raro;
4 – Com as já referidas ressalvas em relação à fêmea, é fácil de identificar;
5 – Parte norte do estuário junto à restinga;
6 – Nada a referir;
7 – Nada a referir.



Anas platyrhynchos
(Pato-real)






































































1
– Pouco preocupante;
2 – Ocorrem na região dois tipos de populações distintas, uma Invernante, totalmente selvagem, e outra Residente (também nidificante), na qual podemos incluir, além de aves bravias, aquelas que se domesticaram e frequentam a zona urbana ribeirinha de Fão (convém salientar que esta é a espécie antepassada do patos domésticos);
3 – As residentes são comuns, mas quanto às invernantes, não maior parte dos anos, podemos considerar a espécie como abundante, ocorrendo à região muitas centenas (talvez milhares) de aves;
4 – Com as já referidas ressalvas em relação à fêmea, é fácil de identificar; mas aqui gostaria de acrescentar que logo após a época de reprodução, sensivelmente a partir de Junho até Setembro, é costume ver os machos a entrarem na chamada fase de eclipse (mudança da pena) durante a qual ficam mais parecidos com as fêmeas, distinguindo-se destas pelo bico amarelo; também devemos considerar a possibilidade de alguma descendência das aves mais urbanizadas estarem mais sujeitas a mutações que lhes altera profundamente o padrão da plumagem ou até o próprio tamanho – no caso do nosso estuário já foram vistos Patos-reais completamente brancos, ou pretos ou mesmo com um colorido iridescente;
5 – Ocupa uma grande variedade de habitats onde haja água por perto, desde toda a extensão do curso do Cávado, até charcos no seio do pinhal, campos agrícolas alagados e mesmo ao longo da costa pelo mar;
6 – Os espécimes selvagens, quando sentem a nossa aproximação a largas dezenas de metros, logo disparam como mísseis em fuga, porém, as aves mais urbanizadas quase que permitem que as alimentemos à mão (como é óbvio, as fotos foram obtidas junto destas);
7 – Também é conhecido popularmente por Pato-bravo e é a espécie venatória mais conhecida, mas o estuário do Cávado constitui um santuário que lhes serve de abrigo longe das barulhentas espingardas. Igualmente no mar, entre as nossas praias e os recifes conhecidos por «Pena» ou «Cavalos de Ofir», costumam juntar-se bandos constituídos por muitas dezenas de indivíduos que descansam já para lá do reboliço da ondulação.


Anas clypeata (Pato-trombeteiro)








































1
– Pouco preocupante;
2 – Invernante;
3 – Pouco comum mas regular;
4 – Fácil, entre outros aspectos, tem o bico muito maior que qualquer um dos outros patos;
5 – Surge por todo o estuário desde a sua zona mais remota a norte, até àquele desvio do Cávado ao longo da zona urbana e agrícola de Fão;
6 – Alguns espécimes toleram a aproximação até menos de cinquenta metros, situação pouco habitual nos patos selvagens;
7 – Surgem no nosso estuário quase sempre formando casais (nunca mais do que dois).

domingo, 15 de fevereiro de 2009

ORNITOLOGIA (parte IV)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado

Chegou o momento de falar novamente sobre a ordem das Garças e Afins (aves a que já dediquei algumas linhas deste blog em 26Abr08), que vão abundando no nosso estuário durante sucessivos Invernos ou o frequentam de modo regular ou esporadicamente durante outras épocas do ano nas suas migrações. Saliente-se neste conjunto de aves o considerável número de espécies de relevante valor ecológico.
Nota: - como grande parte das espécies que vou aqui apresentar constam no Anexo A-I da Directiva Aves, devo esclarecer previamente que naquela lista são identificadas as aves migratórias e de interesse comunitário (no território europeu) que justificaram a classificação de Zonas de Protecção Especial (ZPE) para os locais onde ocorrem. O nosso litoral, incluindo o estuário do Cávado, ainda que não lhe tenha sido atribuído aquele estatuto, é parte integrante de um Sítio da Rede Natura 2000 (oportunamente desenvolverei este assunto).


Ordem Ciconiiformes

Família Ardeidae
(seis espécies)


Ixobrychus minutus (Garça-pequena)
























1 – Vulnerável e consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – Indivíduo isolado observado nas Primaveras de 1999 / 2001 / 2008;
3 – Ocasional;
4 – Fácil, ainda que haja uma remota possibilidade de ser confundido com o Papa-ratos;
5 – Ocorre esporadicamente no estuário mas demora-se mais em charcos ou planos de água não naturais onde surge camuflado pela vegetação abundante das margens – a sua presença apenas é denunciada caso se mova;
6 – Muito tímido, mas se porventura permitir a aproximação é provável que se mantenha completamente imóvel facilitando a tarefa de quem os pretenda fotografar;
7 – Ao verem um indivíduo desta espécie a fugir num voo curto até um ponto ainda próximo, não se surpreendam se, ao procurá-lo com todos os cuidados no preciso local onde o viram pousar, já não o encontrarem, pois numa das suas estratégias de fuga estas aves, em vez de voarem, correm por entre a densa vegetação.


Ardeola ralloides
(Papa-ratos)











































1 – Em perigo e consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – Apenas se observou um indivíduo em 12Abril2008;
3 – Ocasional;
4 – Fácil, ainda que haja uma remota possibilidade de ser confundido com a Garça-pequena (pousada) ou a Garça-boieira (em voo);
5 – Na única ocorrência verificada, demorou-se na zona ribeirinha de Fão durante praticamente todo o dia em busca constante de alimento (pequenos crustáceos);
6 – Estranhamente, o indivíduo em causa manifestou-se indiferente à presença próxima de humanos, desenvolvendo a sua actividade em campo aberto sem se esquivar por entre vegetação disponível – consentiu aproximações inferiores a vinte metros;
7 – As imagens que apresento são simplesmente péssimas dadas as facilidades concedidas pela ave mas, com já referi em Abril, o mesmo indivíduo também foi fotografado pelo Carlos Palma Rios e pelo Fernando Eurico, cujos resultados estão estupendos.


Bubulcus ibis (Garça-boieira)





















































































1 – Pouco preocupante ;
2 – Invernante, ocorre entre Novembro e Março (em raros casos até Abril);
3 – Pouco comum, nos últimos anos tem ocorrido um bando constituído actualmente por cerca de 30 indivíduos e outros (poucos) grupos mais pequenos que frequentam zonas distintas do primeiro;
4 – Fácil, mas nos casos em que permanece pousada em descanso, presta-se a ser confundida com a Garça-branca-pequena (de pescoço bem mais comprido); ver também a espécie anterior;
5 – Frequenta principalmente os campos agrícolas de Gandra e da zona chamada por «Lagoa da Apúlia» onde se alimenta durante o dia e pernoita nas árvores da margem direita do Cávado;
6 – Com alguns cuidados toleram a nossa aproximação, aliás, chegam a perseguir os tractores dos agricultores enquanto lavram as terras; por tal, não é difícil conseguirem-se fotos com bons resultados; como é habitual encontrarem-se pequenos bandos nas beiras das estradas, a partir do interior de um automóvel a tarefa fica ainda mais facilitada;
7 – O número de indivíduos que surge na região está a aumentar francamente – a espécie aparenta estar a expandir-se de sul (onde é muito abundante) para norte (onde ainda é relativamente escassa).


Egretta garzetta (Garça-branca-pequena)
















































































1 – Pouco preocupante, mas consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – Principalmente Invernante ocorrendo entre o final de Agosto e Março, porém não é de surpreender a observação de alguns indivíduos isolados ao longo de todo o ano;
3 – Comum;
4 – Fácil, mas nos casos em que permanece pousada em descanso e com o pescoço recolhido, presta-se a ser confundida com a Garça-boieira; em voo, um dos pormenores que a distinguem daquela espécie, são as suas patas de cor amarelo vivo contrastando com o negro das longas pernas;
5 – Pela alvura das penas torna-se bem visível a sua presença ao longo de todo o estuário por onde se alimenta a partir de uma posição imóvel como uma estátua; também pode ser observada em pequenos charcos temporários não naturais localizados em área florestais ou agrícolas ou ainda para montante no Cávado;
6 – Não é raro encontrarem-se indivíduos relativamente tolerantes à nossa aproximação até uns trinta metros que, pelo porte e hábitos da ave, são suficientes para se conseguirem boas fotos;
7 – Esta espécie é considerada gregária, contudo, os indivíduos que frequentam o nosso estuário costumam ser observados isolados ou simplesmente aos pares; nos últimos anos, vários dos indivíduos que se encontram dispersos durante o dia pelo Cávado, juntam-se ao entardecer e formam uma colónia mista (com Garças-boieiras) na margem direita onde pernoitam, pintalgando de branco a árvore que lhes serve de poiso, a fazer lembrar uma magnólia florida.


Ardea cinerea (Garça-real ou G-cinzenta)





















































































1 – Pouco preocupante ;
2 – Principalmente Invernante ocorrendo entre o final de Agosto e Março, porém não é de surpreender a observação de alguns indivíduos isolados ou em pequenos grupos ao longo de todo o ano;
3 – Comum e em maior número do que a espécie anterior;
4 – Fácil, apenas a Garça-imperial (apresentada a seguir) se pode assemelhar, mas a percepção dos tons das penas avermelhadas e mais escuras desta espécie ligeiramente mais pequena, logo fazem dissipar as dúvidas;
5 – Já se tornou muito familiar vê-las “patrulhar” as margens do Cávado numa atitude em tudo parecida com a G-branca-pequena e, apesar das cores mais discretas, é facilmente detectada por ser uma das aves de maior porte que por cá ocorrem; à noite, embora “invisível”, é habitual emitir uma vocalização rouca característica e muito sonora enquanto voa, ou nos descobre a partir do topo de uma árvore – por tal, percebemos com facilidade que se dispersa por todo o pinhal de Ofir até à Apúlia onde se abriga durante o período nocturno;
6 – Em alguns casos permite-nos chegar até aos 40 metros de distância, mantendo-se imóvel a descansar num ponto mais elevado e visível, o que resulta numa situação muito favorável para um “click” bem sucedido; também é usual sobrevoarem lentamente as nossas cabeças quase a desafiar-nos “vê se me apanhas”;
7 – Confesso que, ao contemplar demoradamente as poses e os gestos graciosos destas aves, tenho sempre a sensação de que os criadores das artes marciais orientais se inspiraram naqueles movimentos para desenvolverem muitos dos seus elegantes exercícios.


Ardea purpurea (Garça-imperial ou G-vermelha)




















1 – Em perigo e consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – Desde do ano de 1998 têm ocorrido regularmente um ou dois indivíduos desta espécie que por cá permanecem normalmente entre os meses de Julho e Agosto;
3 – Nada a acrescentar;
4 – Fácil (ver o mesmo ponto da espécie anterior), mas já me sucedeu estar a observar uma G-real ao entardecer cujas penas reflectiam um certo tom avermelhado;
5 – O seu comportamento confunde-se com o da G-real mas frequenta zonas mais a montante do estuário, particularmente entre as duas pontes de Fão;
6 – Ainda que frequentem as margens próximas da zona urbana de Fão, manifestam-se sempre muito perturbadas com nossa presença; nos episódios, pouco desejáveis, em que as surpreendemos distraídas enquanto avançamos na sua direcção, logo lançam um salto como que tendo molas nas patas encetando a fuga imediata e, nestes breves instantes, já que o erro está cometido, podemos aproveitar para registarmos o momento (a evitar);
7 – Reparo com frequência que as duas aves observadas não recolhem completamente o delgado pescoço de encontro ao corpo enquanto voam, como o faz a G-real ou a G-branca-pequena.


Família Ciconiidae
(uma espécie)


Ciconia ciconia (Cegonha-branca)

























1 – Pouco preocupante, mas consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – A primeira vez que observei na região indivíduos desta espécie, corria o mês de Julho de 2001, tratou-se logo de um bando constituído por 14 aves que sobrevoavam a Ponte de Fão aos círculos e, desde então, com excepção de um episódio ocorrido em Outubro de 2005 (6 indivíduos), os avistamentos têm-se verificado sempre durante os meses de Fevereiro ou Março (até 8 espécimes), todavia estes nunca permanecem no nosso estuário ou nas zonas agrícolas contíguas; entretanto, apurei que nos últimos anos, durante a época estival, três adultos têm frequentado uma área agrícola relativamente próxima, onde dispõem de um ninho; durante este último Inverno, também três indivíduos ocorreram por várias ocasiões no nosso estuário e nos campos agrícolas de Gandra de onde, após se demorarem algumas horas aparentemente a alimentar-se, se dirigiam sempre na direcção do local onde existe o referido ninho – a partir daqui, não disponho de outros quaisquer dados ou indícios que me levem a concluir se estas aves são residentes, invernantes, estivais ou migradoras;
3 – Nada a referir;
4 – Fácil.
5 – Nada a acrescentar;
6 – Muito tolerante, além de que é comum encontrar estas aves no topo de postes por zonas urbanizadas ou pousadas no solo em campo aberto ao alcance visual de todos;
7 – Tudo leva a crer que esta espécie, muito abundante no sul do nosso País até à região de Aveiro, esteja em expansão para norte.
(Foto obtida nas traseiras da Solidal).


Família Threskiornithidae
(duas espécies)


Plegadis falcinellus (Íbis-preto ou Maçarico-preto)

1 – Regionalmente extinto, consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – Ocorreu um indivíduo no estuário do Cávado no início de Dezembro de 1998 onde permaneceu até ao mês de Abril seguinte e, supostamente o mesmo, regressou no início de Novembro de 1999 até Março de 2000 e desde então jamais o avistei por cá;
3 – Ocasional;
4 – Fácil;
5 – Quando não se ocultava a descansar entre os juncos do sapal, o indivíduo em questão passava longas horas a alimentar-se nos lodaçais ricos em invertebrados que capturava “espetando” profundamente o longo bico curvilíneo através dos limos;
6 – Extremamente tímido, quando era surpreendido com a minha passagem, logo “disparava” num voo rápido para bem longe;
7 – A ocorrência daquele(s) indivíduo(s) constituiu de facto uma raridade - se não se tratasse de uma espécie inconfundível, não poderia acreditar no sucedido (ver no ponto 1 o estatuto) – mas reforça a veracidade dos meus apontamentos o facto de os vigilantes do ICNB também o(s) ter(em) avistado, aliado ainda ao registo de uma ave desta espécie na Barrinha de Esmoriz (zona húmida ligeiramente a sul Espinho) que coincidiu com os anos em que também por cá surgiu.


Platalea leucorodia (Colhereiro)






















































































1 – Quase ameaçado, consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – Aparentemente migrador de passagem, ou seja, no período estival do ano de 1998 registei três ocorrências de um par, entretanto nesse Outono ainda avistei três indivíduos e volvido quase um ano o número de espécimes chegou a aumentar para quatro mas, desde então, tenho notado a presença de apenas um ou dois indivíduos que vão surgindo no Cávado de modo muito irregular, normalmente entre Setembro e Dezembro (ver ainda a anotação do ponto 7);
3 – Nada a acrescentar;
4 – Fácil, nenhuma ave possui um bico tão peculiar em forma de colher de pau; mesmo assim, pousada, a Garça-branca-pequena, visivelmente menor, ainda pode confundir-nos se estiver voltada de costas com o bico oculto; em voo e a distâncias consideráveis poderá ser confundido com a Cegonha-branca que também mantém o pescoço esticado, mas esta é maior, possui as extremidades das asas de um preto bem marcado e o ritmo de batimento daqueles membros é bastante mais calmo;
5 – Quando usufruem do estuário do Cávado para um ou dois breves dias de descanso, aproveitam também para se alimentarem nos lodaçais com águas pouco profundas, desde os mais inacessíveis para nós, em pleno sapal, até àquele em frente ao Cortinhal em Fão, parecendo que ceifa a água com movimentos ritmados do bico de um lado para o outro;
6 – Os indivíduos que frequentam a parte do estuário mais a jusante apenas permitem que nos abeiremos deles até uns 40 metros se formos muito cuidadosos (por curiosidade digo que com uma boa camuflagem já aconteceu que “quase me atropelavam”), contudo, a ave que ocasionalmente surge ao longo da marginal de Fão é tão tolerante que para o fotografar nem é preciso usar lentes com bom zoom;
7 – Precisamente este último caso, que corresponde ao indivíduo das fotografias que acompanham este texto e que em 2008 surgiu por cá estranhamente entre 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro, como podem ver, ostenta na pata direita uma anilha amarela que, segundo informações de um biólogo que exerceu funções no PNLN, terá sido colocada na ave no Parque Nacional de Donhana no extremo sul de Espanha.



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

ORNITOLOGIA (parte III)


OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado


De seguida vou desenvolver algumas ideias sobre espécies cuja ocorrência na nossa área não é facilmente detectada, refiro-me às Aves Marinhas ou Oceânicas que, com excepção do Corvo-marinho também frequentador de águas interiores, passam em migrações sucessivas ou invernam ao largo da costa relativamente distantes da praia, tornando-se necessário o uso de telescópio e um pouco mais de perseverança (e em alguns casos experiência) para se observarem e identificarem.


Ordem Procellariiformes

Família Procellariidae

(uma espécie)


Calonectris diomedea (Pardela-de-bico-amarelo ou Cagarra)

1 – Vulnerável;
2 – Invernante;
3 – Raro;
4 – Muito difícil, normalmente são avistados a distâncias significativas e mesmo com bons telescópios é muito provável que se confunda a silhueta desta ave com outra qualquer, até mesmo com as abundantes gaivotas;
5 – Observado ao largo no mar pela linha do horizonte;
6 – Nada a referir, além de que a partir de terra é praticamente impossível de fotografar;
7 – Os vultos dos espécimes que detectei na nossa costa foram identificados em simultâneo por pessoa experiente que me acompanhava. Pela bibliografia consultada é provável a ocorrência nesta área de outras Pardelas.


Família Hydrobatidae
(uma espécie)


Oceanodroma leucorhoa (Painho-de-cauda-bifurcada)

1 – Pouco preocupante (IUCN);
2 – Invernante;
3 – Ocasional;
4 – Muito difíceis, normalmente não ocorrem a distâncias que permitam uma identificação correcta;
5 – Ao largo da costa;
6 – Nada a referir, além de que a partir de terra é praticamente impossível de ser reconhecido;
7 – O único espécime que detectei em Ofir encontrava-se exausto pousado na praia, coincidindo este episódio com um período de tempestades em Dezembro de 2000. Pela bibliografia consultada é mais provável a ocorrência nesta área do Painho-de-cauda-quadrada (Hydrobates pelagicus) cuja presença ou passagem nunca foi por mim verificada.


Ordem Pelecaniformes

Família Sulidae
(uma espécie)


Morus bassanus (Ganso-patola)















1 – Pouco preocupante;
2 – Invernante e migrador de passagem a partir de finais de Agosto; na Primavera é mais comum vê-los a dirigirem-se para Norte e em Setembro a tomarem o sentido contrário;
3 – Comum;
4 – Relativamente fácil se prestarmos atenção ao comportamento da ave durante alguns minutos, dissipando-se as dúvidas que possam surgir pela remota mas possível confusão com as abundantes gaivotas, logo que se presenciem os seus mergulhos característicos;
5 – Observado ao largo no mar pela linha do horizonte, não sendo raro a aproximação até às zonas de recife (por exemplo, Pena e Cavalos de Ofir);
6 – A partir de terra é praticamente impossível de fotografar (ver modo de obtenção da foto aqui apresentada, no texto que publiquei neste espaço em 14 de Junho do ano passado);
7 – É uma ave de grandes dimensões podendo surgir no nosso alcance visual nas cores quase totalmente branca ou preta (escura), em voos próximos da água interrompidos por rápidos mergulhos entrando na água como “mísseis” na captura do alimento (peixe).


Família Phalacrocoracidae
(uma espécie)


Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas)














































































1
– Pouco preocupante;
2 – Invernante, os primeiros indivíduos começam a chegar ao nosso estuário nos primeiros dias de Setembro, a quantidade de espécimes vai aumentando nos meses seguintes até às muitas centenas, decrescendo esse número a partir de Março até Abril, deixando de se detectar a sua presença em Maio;
3 – Muito abundante;
4 – Relativamente fácil, embora possa ser confundido com o Corvo-marinho-de-crista (P. aristotelis), referenciado por outros observadores como ocorrente na área;
5 – Surge em todos os planos de água desde o mar ao estuário, estendendo-se para montante ao longo do Cávado onde passa o período nocturno. Por cá, passa os dias a alimentar-se enquanto mergulha prolongadamente atrás de presas (enguias, solhas, etc) com as quais habitualmente se debate quando emerge tentando engoli-las inteiras. Nos intervalos para descanso, demora-se pelas “ilhas” do rio formando longas filas pretas compostas por vários indivíduos que em posição vertical secam as penas mantendo as asas bem abertas. Momentos antes, durante e logo após o ocaso, podemos assistir a um dos espectáculos mais interessantes proporcionados pela nossa avifauna, refiro-me ao recolher de inúmeros e enormes bandos que em formações extensas se dirigem para nascente onde pernoitam pelas margens do Cávado – a título de curiosidade, refiro que numa contagem feita há precisamente um ano atrás (7Fev08), apenas entre as 18.00 e as 18.05 horas, passaram sobre a Ponte de Fão 12 (doze) bandos destas aves num total de 239 (duzentos e trinta e nove) indivíduos, a dirigirem-se para sudeste;
6 – Pouco tolerante, porem alguns indivíduos podem permitir-nos aproximações suficientemente boas para se obterem registos fotográficos interessantes. Como utilizam poisos habituais, temos ainda a possibilidade de preparar esconderijos próprios para os fotografar sem causar incómodos;
7 – Desde há doze anos até agora é notório o aumento do número de aves desta espécie que ocorrem na região.


Ordem Charadriiformes

Família Stercorariidae

(uma espécie)


Stercorarius skua (Moleiro-grande)




































1
– Pouco preocupante;
2 – Invernante e migrador de passagem;
3 – Pouco comum;
4 – Se observados de perto, o que não será uma situação muito provável, são muito fáceis de reconhecer, contudo, as distâncias a que estas aves passam da nossa costa tornam quase impossível aquela tarefa, mesmo fazendo uso de bons telescópios;
5 – Se de facto estivermos interessados em observar estas aves, devemos empreender uma viagem de barco para lá da meia dúzia de milhas a partir da praia, até um bom local de pesca, aí basta alimentarmos algumas gaivotas com pedaços de sardinha ou outro qualquer isco de modo a provocar aquele alarido típico e se os Moleiros, também conhecidos pelos pescadores por Alcaides, não estiverem longe, logo atacarão as “primas” com tal ímpeto e insistência que a estas não lhes restará outra alternativa e regurgitarão aquele alimento – aliás, vejam bem a estrutura do primeiro nome científico destas aves que decompondo dará qualquer coisa como – esterco oral (curiosidades…);
6 – Sem dados de relevo, mas devo referir que as fotos aqui apresentadas são de um indivíduo que em Outubro de 2004 foi resgatado das águas do Cávado com uma asa ferida e devidamente entregue na sede do Parque Natural;
7 – Alguns pescadores da região gostam de contar interessantes histórias sobre estas e outras aves marinhas, alcunhando-as de múltiplos modos muito curiosos.



Família Alcidae
(três espécies)

Antes de enunciar as aves desta família que ocorrem nesta zona do Atlântico, devo começar por introduzir uma nota prévia, ou seja, para um simples observador amador a silhueta das três espécies que passam pela nossa costa é tão semelhante que, quando verifico a ocorrência de uma delas, limito-me a registar a passagem de um alcídeo, a menos que esteja acompanhado por alguém suficientemente experiente que as distinga. De qualquer forma, os rigores do Inverno fazem com que não seja raro encontrarem-se nas nossas praias alguns espécimes feridos, exaustos ou já desfalecidos e, nessas circunstâncias, é de facto muito fácil identificar a ave.
Acerca desta família, os dados de que disponho através da minha observação directa na região não vão muito além da experiência que obtive nos dias RAM de que já falei neste blog em Junho último.
Assim, no caso particular destas aves predominantemente invernantes, apenas vou fazer acompanhar o nome de cada uma das espécies com o respectivo estatuto de conservação.


Uria aalge (Airo ou Arau-comum)

1 – Quase ameaçada, saliente-se ainda que consta no anexo A-I da Directiva Comunitária 79/409/CEE (Directiva Aves, cuja definição já explanei no texto que publiquei neste espaço em 15Abr2008).


Alca torda (Torda-mergulheira)

1 – Pouco preocupante.


Fratercula arctica (Papagaio-do-mar)

1 – Pouco preocupante.