segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

TERÁ SIDO O PAI NATAL ?

Naquele tempo ainda não tínhamos esta poderosa ferramenta de pesquisa a que chamamos internet. Estudar com alguma profundidade qualquer tema do nosso interesse ou satisfazer uma simples curiosidade poderia, muito facilmente, tornar-se numa verdadeira odisseia.

Conforme disse no texto com que me introduzi neste blogue, o fascínio pelas aventuras dos exploradores da História Natural do século XIX levava-me, ainda no tempo do liceu, a coleccionar recortes de artigos sobre as suas expedições em regiões remotas e, mais tarde, perdi a conta ao número de escapadinhas à Latina e à Lello na “distante” cidade do Porto, onde gostava de, secretamente, espiar a literatura da secção de ciências em autênticas viagens ao passado. Apesar de maioritariamente escritos na língua de Shakespeare, era sempre fortemente tentado a comprar aqueles livros, todos, mas como os preços os transformava em artigos de luxo, lá me contentava em alimentar a minha fértil imaginação no interior daquelas livrarias, onde me transformava num naturalista Vitoriano enquanto folheava com demora aquelas páginas fartamente ilustradas. E lá ia, assim, satisfazendo aquele meu vício tão íntimo, apenas tenuemente desvendado na reserva do meu quarto onde os posters da Bravo não faziam parte da decoração.

Até que num dia frio de Dezembro chegou um catálogo à caixa postal da casa dos meus pais, intrigantemente remetido para o meu próprio nome, a anunciar a edição de um vasto conjunto de produtos literários dedicados à figura da minha predilecção: Charles Darwin. Não resisti e solicitei mais informação que não tardou em chegar-me, acompanhada de algumas cópias de litografias da autoria de Elizabeth Gould, hábil ilustradora de aves, cujo trabalho quis logo conhecer em pormenor. E, curiosamente, foi num artigo sobre criação de aves exóticas em cativeiro que acabei por descobrir o contributo que o seu marido, John Gould, deu à ornitologia. Este eminente naturalista, contemporâneo de Hooker, Wallace e Lyell, entre outros nomes ilustres das sociedades científicas, dedicou a vida ao estudo e à descrição das aves pelos quatro cantos do mundo, sempre acompanhado pela esposa que elaborava as respectivas ilustrações. Sem qualquer formação académica, Gould desenvolveu conhecimento ornitológico pela observação da natureza, alcançando tal notoriedade nesta área que foi a si que Darwin, ainda antes de formular a Teoria da Selecção Natural, confiou os seus famosos tentilhões das Galápagos para serem identificados.

Quem me acompanhou durante o último ano neste espaço, terá certamente ficado a perceber a paixão que nutro pela ornitologia. Mas por que vias me terá chegado aquele catálogo às mãos, se até então mantinha religiosamente irrevelável o meu secreto “pecado”?

E quem provocou o feliz acaso de fazer a minha "Elizabeth" cruzar-se no meu caminho?


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

OBSERVAÇÃO DE AVES (NOVEMBRO 2009)

Resumo das minhas notas de campo sobre observação de aves no Estuário do Cávado e habitats envolventes



Como todos percebemos no húmido litoral norte peninsular, o mês de Novembro foi pouco favorável para estas coisas da “observação de aves” e muito menos para a “fotografia da natureza”. Além disso, costumo reservar estes dias para me dedicar ao estudo (e não só) de uns seres mais rasteiros a que se dão os nomes vernáculos de tortulhos, míscaros e afins, pelo que, desta vez, o título do texto quase que surge aqui desajustado.

Apesar disso, durante os poucos momentos passados nas margens do estuário ainda foi possível registar a ocorrência de algumas espécies interessantes, em particular as invernantes que, já a bom ritmo, umas após outras, chegam às fecundas águas do Cávado compondo um quadro já habitual.

Assim, foi com enorme satisfação que testemunhei a permanência entre nós da Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) com os seus espectaculares mergulhos, sob os olhares atentos das Garças-reais (Ardea cinerea) que já montam sentinela ao longo de todo o juncal. As primas Garças-brancas-pequenas (Egretta garzetta), que passam o dia em elegantes bailados nas águas rasas do sapal, e as Garças-boieiras (Bubulcus ibis), que, cada vez em maior número, calcorreiam o dia todo os campos da agra entre Fão e Apúlia, voltaram a escolher o velho Freixo na margem direita para pernoitarem, pintando-o de branco à medida que a luz do dia nos vai abandonando.

Já os batalhões de Corvos-marinhos-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo), quais esquadras de aviões em formação, preferem riscar o céu com extensos Vês e continuaram a rumar a montante para o recolhimento nocturno, transformando o plano de água do estuário numa autêntica rampa de lançamento, enquanto os Mergulhões-de-pescoço-preto (Podiceps nigricolis) ficaram-se pela partilha do espaço aquático com as várias espécies nativas de patos lá para os lados da foz. Por sua vez, contrariando os últimos anos, além do referido Cisne-mudo (Cygnus olor), que aqui encontrou acolhimento desde Outubro, não se vislumbraram no último mês outros anatídeos ferais (fugidos ao cativeiro) ou exóticos assilvestrados a procurarem refúgio na serena zona ribeirinha de Fão.

Entretanto, o reboliço provocado pela migração dos pilritos, borrelhos e maçaricos foi substituído pela chegada discreta de outras limícolas, como as tímidas Narcejas (Gallinago gallinago) e os Abibes (Vanellus vanellus), autênticos símbolos do frio mas ainda escassos.

Quanto aos passeriformes, é de realçar que, apesar das adversidades, ainda fomos tendo as breves mas coloridas visitas de passagem dos Pintassilgos (Carduelis carduelis) e, mais uma vez, reforcei a convicção de que, à semelhança das minúsculas Estrelinhas-reais (Regulus ignicapillus), as Felosas-do-mato (Sylvia undata) aqui ocorrem principalmente como invernantes. Mas, como sempre, foram as Petinhas-dos-prados (Anthus pratensis) que definitivamente nos anunciaram a aproximação do Inverno.



NOTA: Conforme referi na introdução, em Novembro a máquina fotográfica ficou-se pelo armário pelo que, mais uma vez e com muito agrado, recorri à inestimável colaboração da Sofia para ilustrar o texto. Estas duas gravuras do seu arquivo não foram elaboradas a partir de uma única foto em concreto, são antes o resultado do estudo de várias imagens.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

NO WORDS (I)

























































































































sábado, 14 de novembro de 2009

OBSERVAÇÃO DE AVES (OUTUBRO 2009)

Resumo das minhas notas de campo sobre observação de aves no Estuário do Cávado e habitats envolventes

Com alguma demora, regresso com o primeiro post do mês, no qual, conforme referi no último, apresentarei em síntese os registos da ocorrência de aves de maior relevância do mês anterior neste troço da faixa costeira do litoral norte.

Como seria de esperar, as primeiras semanas de Outono trouxeram-nos dias chuvosos e pouco apetecíveis para a prática desta actividade lúdica, contudo, além de no decorrer do mês de Outubro ainda ter sido possível observar inúmeros espécimes em migração pós-nupcial, aquelas condições climatéricas propiciaram a aproximação à costa das aves oceânicas, habitualmente mais distantes dos nossos binóculos, e também já nos fizeram chegar os primeiros invernantes.

Com efeito, naquelas condições não pude deixar de, a partir dos esporões de Ofir, dar algumas espreitadelas na direcção dos nossos recifes, popularmente conhecidos por “Cavalos de Fão” e “Pena”, em torno dos quais foram avistados, em grande número, bandos de Gansos-patolas (Morus bassanus), os adultos sempre mais distantes mas os juvenis, ainda incautos, um pouco mais perto conforme testemunham as fotos que acompanham estas palavras.









































































Com recurso ao telescópio, para lá daqueles ricos ecossistemas submersos, também se percebiam rente ao mar os movimentos dos vultos dos Alcídeos (talvez Airos) que, devido à minha inexperiência, e em rigor, não consegui identificar devidamente.

Enquanto isso, ainda foi possível nas margens do Cávado assistir à constante labuta de alguns passeriformes migradores na procura do precioso alimento que lhes reabastecesse as forças tão necessárias na grande viagem que estavam a empreender, como foi o caso dos Piscos-de-peito-azul (Luscinia svecica), dos Papa-amoras (Sylvia communis), dos Papa-moscas-cinzentos (Muscicapa striata), dos Papa-moscas-pretos (Ficedula hypoleuca) ou dos últimos e sempre isolados Chascos-cinzentos (Oenanthe oenanthe).





































Além destas últimas, ainda tentei melhorar o meu modesto acervo fotográfico, captando as difíceis imagens de um Papa-amoras que teimava em “espiar-me” por entre os estreitos troncos de um acacial recentemente derrubado. Para tal, no dia 12 daquele mês, ainda antes do nascer do sol, posicionei o meu automóvel estrategicamente orientado para o local onde o Silvídeo tinha o hábito de aparecer timidamente, mas com os primeiros raios de luz, eis que surge e se demora por largos minutos, a pouco mais de dois metros de distância, uma Pega (Pica pica) mais interessada em manter os seus hábitos de higiene matinal do que na potencial ameaça que o humano ali presente poderia constituir.





















































































Entretanto, na segunda semana, começaram a ser detectados os primeiros bandos dos sempre apressados Pintassilgos (Carduelis carduelis) cuja passagem ainda não estava ameaçada pelos passarinheiros do costume.

Noutra dimensão, foi entusiasmante perceber que a “nossa” Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) que, ao que parece, se prepara para se manter por cá durante todo o Inverno, ainda vai sendo capaz de resgatar das águas do Cávado uns senhores robalos de quilo e tal, apesar das impertinentes gaivotas que não se poupavam em esforços para lhe tentarem roubar o troféu.



















E, como referi no início, começaram a chegar os primeiros invernantes, sobretudo os sempre aguardados Anatídeos (ou patos e afins). Os realmente selvagens são sempre muito difíceis de fotografar, pelo que recorri à ajuda do Carlos Rio que conseguiu registar em imagens os primeiros casais de Frisadas (Anas strepera), disponíveis no seu conhecidíssimo www.fao-natural.blogspot.com, mas a omnipresente chuva já não permitiu que as Piadeiras (Anas penelope), os Marrequinhos (Anas crecca) e, em especial, um “raro” Zarro-castanho (Aythya ferina) (um macho no dia 16), ficassem retratadas pela sua hábil lente. De qualquer modo, no dia 11, voltou um já habitual Cisne-mudo (Cygnus olor), que suponho ser uma ave feral, cujo à-vontade perante a nossa aproximação lá permitiu a ilustração deste parágrafo.























































A visão do mencionado Zarro acabou por me estimular à instalação de um discreto esconderijo entre juncos, mas desde então jamais a ave regressou ao local (margem direita entre a Ponte de Fão e os antigos estaleiros de Esposende) permanecendo, desde então, sempre próximo do extremo norte do sapal numa zona de difícil acesso. Porém, a meia dúzia de horas passadas sob o camuflado não resultaram completamente infrutíferas. Cedo, ainda escuro, “enfiava-me” no abrigo e as atentas aves quase nem me notavam. Àquela hora uma Garça-branca-pequena (Egretta garzetta) vinha sempre “pastar” mesmo em frente à minha lente mas a luz… bem, o melhor que consegui foi o que se segue (vinte minutos antes do nascer do sol mas com alguma maquilhagem, confesso).



















Mas o mais gratificante foi ter desenvolvido uma quase relação de intimidade com um também invernante Perna-verde (Tringa nebularia) que vinha constantemente mostrar-me os caranguejinhos que capturava sob o olhar também atento de um Guarda-rios (Alcedo atthis) que, comigo no interior, insistia em fazer do meu esconderijo o seu poiso. Delicioso!



























































































E, para que o mês acabasse em grande nível, na data em obtive estes registos, dia 29, enquanto me encantava com os elegantes movimentos deste “meu novo amigo”, um Colhereiro (Platalea leucorodia) sobrevoava o estuário à procura de refúgio acolhedor e seguro, que, obviamente, encontrou.



sábado, 31 de outubro de 2009

ORNITOLOGIA (Conclusão)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado


Com a publicação da 30ª. parte deste ensaio subordinado ao tema da ornitologia do Estuário do Cávado e dos habitats envolventes mais importantes situados dentro dos limites do Parque Natural Litoral Norte, ficou concluída a apresentação das 170 espécies cuja ocorrência foi por mim confirmada desde o ano de 1997 até este momento (Outubro de 2009). Aqueles que me acompanharam desde o início sabem, porém, que aquele número (cento e setenta) não corresponde à totalidade das aves residentes ou de ocorrência regular na região, nem sequer são todas espécies autóctones ou provenientes de populações selvagens, pois, além de algumas observações meramente acidentais ou ocasionais, há ainda a considerar vários exotismos ou espécimes em liberdade oriundos de fugas ao cativeiro. Assim de modo a facilitar uma leitura mais global sobre a realidade da avifauna da área geográfica em estudo, apresenta-se a seguir um quadro com os números totais de espécies registadas, distribuídas de acordo com as diversas categorias adoptadas na Lista Sistemática das Aves de Portugal Continental (Anuário Ornitológico da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e conforme o calendário de ocorrência:





ESPÉCIES REGISTADAS EM ESTADO SELVAGEM: 149

Predominantemente Residentes: 38

Predominantemente Invernantes: 20

Predominantemente Estivais: 14

Predominantemente Migradoras de Passagem: 32

Raras, acidentais ou de difícil detecção: 45


ESPÉCIES NATURALIZADAS: 1 (Bico-de-lacre)


ESPÉCIES NATURALIZADAS QUE OCORREM OU OCORRERAM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES: 18

ESPÉCIES NATURALIZADAS COM POPULAÇÕES ESTABELECIDAS RESULTANTES DE INTRODUÇÕES, MAS QUE TAMBÉM OCORREM EM ESTADO SELVAGEM: 1 (Pato-real)


ESPÉCIES DOMESTICADAS COM POPULAÇÕES ESTABELECIDAS EM ESTADO SELVAGEM: 1 (Pombo-da-rocha)



É óbvio que esta lista nunca poderá ser considerada definitiva, pois será sempre de esperar a ocorrência ou a descoberta de novas espécies nesta região. Assim torna-se necessário que, perante o aparecimento de novas evidências ou de dados relevantes, os conteúdos até agora expostos sejam actualizados. Face a isso, à medida que as estações se alternem ou o calendário natural evolua, optei por, de ora em diante, resumir no primeiro post de cada mês as observações de maior destaque detectadas nesta curta faixa do litoral minhoto no decorrer do mês anterior e que serão ilustradas com alguns dos meus singelos registos fotográficos.
Ainda antes de fazer justiça às minhas fontes bibliográficas e aos meus portais de referência, gostaria de, mais uma vez, dirigir um apelo a todos quantos se dedicam ou pretendam iniciar-se na actividade lúdica da observação de aves ou da fotografia da natureza para que tenham sempre presentes pelo menos estas três regras básicas constantes no Código de Conduta para o Fotógrafo da Natureza da LPN – Liga para a Protecção da Natureza, que adoptei:
“- A actividade fotográfica deve implicar o mínimo de impactos no ambiente circundante aos seres vivos a fotografar, sendo necessário tomar precauções para que a sua protecção natural não seja danificada;
- A fotografia de aves no ninho encontra-se excluída do âmbito da Fotografia de Natureza, procurando assim evitar-se a indução de perturbações em ninhos de aves mais sensíveis;
- Bom senso
.”


(Intencionalmente reservei para a ilustração deste último texto a foto de uma cria nidifuga de Borrelho-de-coleira-interrompida, símbolo máximo do Parque Natural Litoral Norte, obviamente já longe do ninho e que depressa se manifestou muito apta para o vital “jogo das escondidas”. Porque, apesar de tudo, a capacidade da vida se renovar constantemente me inspira esperança num futuro ecologicamente mais sustentável).



REFERÊNCIAS

Principais referências bibliográficas:
Guia de Campo das Aves de Portugal e da Europa” (1996)
Edição ‘Temas e Debates’
De John Gooders
Ilustrações Alan Harris

Aves de Portugal e da Europa” (1995)
Edição ‘Guias Fapas’
De Bertel Bruun, Hakan Delin e Lars Svensson
Ilustrações Arthur Singer e Dan Zetterstrom

Photographic Guide to the Birds of Britain & Europe” (1996)
Edição ‘Chancellor Press’
De Hakan Delin e Lars Svensson

À Descoberta das Aves de Portugal” (1997)
Edição ‘Lello Editores’
De Kevin e Christine Carlson

Atlas das Aves Nidificantes em Portugal” (2008)
Edição ‘Assírio & Alvim’
Do ICNB

Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal” (2008)
Edição ‘Assírio & Alvim’
Do ICNB


Principais referências na web:

http://www.oiseaux.net/

http://www.birdguides.com/

http://avesdeportugal.info/

http://www.indeks.pt/cantodepassaros/indexpt.htm/

http://www.spea.pt/

http://portal.icnb.pt/

sábado, 24 de outubro de 2009

ORNITOLOGIA (parte XXX)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado


Aves Limícolas (conclusão)

Ordem Charadriiformes

Família Scolopacidae
(quinze espécies)
NOTA: Conforme referi nas duas últimas séries publicadas, devido à extensão da lista de aves desta Família a ocorrerem na área em estudo, dividi a sua apresentação por três fases. Termino com a terceira, constituída por cinco espécies pertencentes a três Géneros, o Tringa, o Actitis e o Arenaria.


Tringa erythropus (Perna-vermelha-escuro)

1 – (Estatuto de conservação) Vulnerável;
2 – (Quando observar) Em Novembro de 1999 surgiram dois indivíduos desta espécie no estuário onde se mantiveram até ao mês de Janeiro seguinte; desde então apenas foram detectados alguns espécimes isolados em migração pós-nupcial, ou seja, em Agosto, Setembro e Outubro (até ao ano de 2003);
3 – (Abundância) Raro; a SPEA atribuiu-lhe o estatuto de Invernante pouco comum e Migrador de Passagem comum;
4 – (Espécies parecidas) O Perna-vermelha, de dorso acastanhado, é muito parecido mas não é tão esbelto e, apesar do nome, nos períodos em que se encontra entre nós a plumagem da parte superior é cinzenta mais clara; por comparação fotográfica percebe-se perfeitamente o bico mais comprido e fino do P.-v.-escuro apenas com a mandíbula inferior vermelha, ao passo que no outro se nota com nitidez a base vermelha e a ponta escura;
5 – (Habitat e circunstâncias em que se observam) Os poucos indivíduos assinalados foram sempre encontrados no canal que atravessa o estuário desde as traseiras do Hotel do Pinhal até à Estalagem do Parque do Rio, percorrendo as margens lodosas e fazendo incursões água adentro de modo semelhante ao Perna-verde (ver fotos deste);
6 – (Tolerância à nossa presença) Parecem muito tímidos e, caso não houvesse um esconderijo montado na zona que frequentavam, julgo que nem a 50 metros de distância os teria observado;
7 – (Outros dados de interesse) Talvez devido à escassez das duas “visitas” a este estuário, não consta na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte publicada no âmbito do respectivo Plano de Ordenamento.


Tringa totanus (Perna-vermelha)






































1 – A população nidificante está Criticamente em Perigo, mas os visitantes têm o estatuto de Pouco Preocupante;
2 – Migradores de Passagem pré e pós-nupciais e Invernantes ocasionais; estranhamente, até ao ano de 2001, eram observados alguns indivíduos errantes durante o mês de Junho;
3 – Pouco comuns nesta zona húmida em particular; a nível nacional a SPEA considera-os Invernantes e Migradores de Passagem abundantes;
4 – Considerar o que está mencionado em igual número da congénere anterior;
5 – Coincidentes com os Pernas-vermelhas-escuros também nas áreas que frequentam mas mesmo quando são vistos a caminharem pela água, fazem-no sempre muito junto à margem; ainda é vulgar encontrá-los em areais húmidos onde também se alimentam;
6 – Igualmente tímidos;
7 – Nada a acrescentar.


Tringa nebularia (Perna-verde)










































































1 – Vulnerável; está definida como espécie de conservação prioritária para o PNLN;
2 – Presentes neste estuário durante todo o ano mas principalmente nos meses de Inverno;
3 – Comuns mas nunca numerosos; a SPEA também os considera Invernantes e Migradores de Passagem comuns;
4 – Nenhuma outra espécie dificulta particularmente a identificação desta, apesar da sua silhueta ser semelhante à dos dois Pernas-vermelhas acima apresentados;
5 – Pouco gregários; são quase sempre encontrados isolados de outros da própria espécie mas não é raro serem acompanhados por um Maçarico-das-rochas, uma Tarambola-cinzenta ou em redor de um Guincho, por exemplo; pontuam por todo o estuário, sobretudo onde hajam águas rasas nas quais parecem “bailar” com elegância para trás e para diante em perseguição das suas minúsculas presas, por vezes com as asas abertas como as Garças-brancas-pequenas;
6 – Todas as aves do género Tringa são muito vocais quando percebem a nossa aproximação, ou seja, não se limitam a fugir quando pressentem o perigo, afastam-se fazendo ecoar por todo o estuário um alerta muito sonoro que põe todas as restantes “em sentido”; apesar disso e sendo também uma espécie relativamente cautelosa, por vezes os Pernas-verdes concentra-se de tal modo na cata do alimento que, se formos pacientes e discretos, parecem ignorar-nos;
7 – Ao terminar a apresentação do género Tringa, entendo que será interessante fazer-vos acompanhar-me num raciocínio que tive de concretizar quando registei a presença de um bando constituído por mais de dez aves todas iguais que descansavam no areal da restinga do Cávado numa tarde de Setembro em 1999 e que então identifiquei com sendo da espécie Tringa glareola (Maçarico-bastardo); nessa altura coloquei a mim próprio algumas reservas naquele reconhecimento em virtude destas raras limícolas serem muito parecidas com a Tringa ochropus (Maçarico-bique-bique) e a minha inexperiência aliada à modesta qualidade do equipamento óptico ao meu dispor não me permitirem adiantar muitas certezas; alguns dos apontamentos que então registei com toda a segurança foram os de que aquelas aves tinham o corpo de tamanho exactamente igual ao do muito familiar entre nós Maçarico-das-rochas (ver abaixo) mas, além das penas do dorso apresentarem um raiado branco, as suas patas amareladas eram maiores do que as deste; com esta descrição em mente, comparei os guias de aves de que dispunha e restaram-me três hipóteses possíveis de confusão: - a Seixoeira (cujas patas são mais curtas), o juvenil do Combatente (apesar deste ter o corpo maior e os seus tons castanho-claro não serem notados nas aves em análise) e, finalmente, o já mencionado M.-bique-bique (cujas patas são esverdeadas e escuras); desde então, sempre inclinado a confirmar a presença daquela espécie, aguardei por outros períodos migratórios para perceber se se repetiria o episódio, mas jamais isso voltou a suceder, restando-me, deste modo, uma pequena dúvida que em rigor não me permite atestar em absoluto a ocorrência desta espécie na região; o Maçarico-bastardo não consta no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (LVVP) nem na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte mas está confirmado pela SPEA como Migrador de Passagem pouco comum.


Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)























































1 – Tanto a população residente como a visitante são Vulneráveis;
2 – São principalmente Invernantes mas também residentes pois são observados pelas margens do Cávado ao logo de todo o ano, contudo, além de se notar uma óbvia diminuição na época nupcial, entre Junho e Julho, nunca foram detectados indícios claros de reprodução nesta região;
3 – Nunca abundam nem formam bandos mas, como são aves conspícuas, tornam-se aparentemente vulgares; a SPEA considera-os Residentes comuns e Migradores de Passagem abundantes;
4 – De entre as espécies de ocorrência confirmada neste estuário nenhuma se assemelha a esta mas, ainda assim, devem ser consideradas as que estão referidas no número 7 da ave anterior; ver também a seguinte;
5 – Observa-se frequentemente a caminhar pelas margens do rio ou ali parada em cima de um pequeno calhau ou tronco a balançar constantemente a cabeça e a cauda para cima e para baixo; por vezes são vistos nas praias nomeadamente onde hajam rochedos ou algum quebra-mar; também surgem com muita regularidade nos cais das faixas ribeirinhas de Fão e de Esposende; bem distribuídos por todas estes locais;
6 – Sobretudo naquelas zonas mais urbanizadas aproximam-se de nós sem grandes cautelas (mas qualquer ave aprecia que sejamos discretos);
7 – À semelhança do que já referi com o Pilrito-comum, também é muito útil ter memória das dimensões desta ave tão familiar que assim pode servir-nos de espécie padrão quando comparamos no meio natural outras menos habituais por estas paragens.


Arenaria interpres (Rola-do-mar)













































































































1 – Pouco Preocupante;
2 – Sobretudo Migradora de Passagem pré-nupcial (Abril e Maio); apesar disso não deixa de ser vulgar o trânsito para sul de várias aves a partir de Agosto mas principalmente em Setembro; ainda há uma pequena população Invernante, pois, nos meses de Novembro até Janeiro, também é possível encontrarem-se alguns indivíduos no estuário mas nesta altura distribuem-se mais pelas praias marítimas;
3 – Comuns mas já houve anos (o Inverno de 2001, por exemplo) em que os seus bandos foram abundantes; a SPEA define-as como Invernantes comuns e Migradores de Passagem abundantes;
4 – Se as patas estiverem “mergulhadas” na água ou ocultadas por um qualquer obstáculo, poderá ocorrer a muito remota possibilidade do juvenil ou do adulto em plumagem de Inverno ser confundido com o Maçarico-das-rochas com o qual partilha um característico “babete” bem desenhado mas, com um mínimo de experiência, logo se dissiparão quaisquer dúvidas; para lá disso, e sobretudo em plumagem de Verão, é inconfundível;
5 – Incansável a percorrer as margens do Cávado, em particular a direita, onde não pára de revolver habilmente pedras, paus e algas acumuladas na linha das marés sob as quais cata pequenas presas; comporta-se de igual modo nas praias e não é raro ser encontrada nas marginais artificializadas de Fão e Esposende;
6 – Relativamente tolerantes à nossa aproximação e muito fotogénica em plumagem estival; é costume vê-las a menos de meia dúzia de metros de distância em perseguição dos “apanhadores de isca” a bisbilhotarem as covas deixadas abertas por estes (quase como as Garças-boieiras fazem em relação à passagem do gado ou dos tractores agrícolas);
7 – As duas últimas fotos correspondem a indivíduos em “traje” nupcial.


domingo, 18 de outubro de 2009

ORNITOLOGIA (parte XXIX)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado


Aves Limícolas (continuação)


Ordem Charadriiformes

Família Scolopacidae
(quinze espécies)
NOTA: Conforme referi na última série publicada, devido à extensão da lista de aves desta Família a ocorrerem na área em estudo, dividi a sua apresentação por três fases. Segue-se a segunda com seis espécies pertencentes a quatro Géneros, o Philomachus, o Gallinago, o Limosa e o Numenius.



Philomachus pugnax (Combatente)



















1 – (Estatuto de conservação) Em Perigo; consta no anexo A-I da Directiva Aves;
2 – (Quando observar) Nos meses de Setembro entre os anos de 1998 e 2000 surgia um indivíduo isolado no estuário e posteriormente só voltou a ser registada a ocorrência de um par que permaneceu por cá alguns dias em Setembro de 2008 (na foto);
3 – (Abundância) Nada a acrescentar; a SPEA considera-os Invernantes raros e Migradores de Passagem comuns;
4 – (Espécies parecidas) A silhueta dos juvenis apresenta algumas semelhanças com a dos também raros Pilritos-de-bico-comprido, dos quais se distinguem principalmente pelo tamanho (nota-se que o Combatente é maior), ainda pela cor das patas e pela dimensão do bico (características apenas observáveis a curta distância); de entre outras espécies de ocorrência regular nesta região, ainda devemos ter alguma atenção às possibilidades de confusão com o Perna-vermelha e o Perna-verde (a apresentar na próxima série), ambos de patas também compridas e o corpo com um aspecto geral e tamanho similares, apesar das diferenças na postura; apenas nesta espécie se podem ver as penas dorsais a levantarem-se como na foto;
5 – (Habitat e circunstâncias em que se observam) Nas poucas presenças registadas neste estuário foram sempre encontrados em lodaçais a descoberto durante a vazante, nos três primeiros anos eram vistos ao longo da marginal do núcleo turístico de Ofir e, no último, pela estreita zona de influência das marés ao longo da zona ribeirinha de Fão entre o Cortinhal e a pousada da juventude;
6 – (Tolerância à nossa presença) Aparentemente, quanto maior é o porte das limícolas mais tímidas se tornam, todavia, no caso particular dos espécimes fotografados, não percebi que manifestassem grande perturbação com a minha aproximação;
7 – (Outros dados de interesse) No mundo das aves grande parte dos machos alterna as cores da sua plumagem mediante a época do ano em que se encontram; o mesmo sucede com muitas limícolas cujas penas adquirem tonalidades mais vistosas conforme nos aproximamos da época nupcial; no caso dos Combatentes essas alterações ainda são mais evidentes, pois desenvolvem penachos de cores variadas na cabeça e pelo pescoço, contudo, infelizmente, esse “espectáculo” só pode ser presenciado nas latitudes onde se reproduzem, mais a norte (não será impossível que num qualquer mês de Março ou Abril passe por aí um macho atrasado mas já devidamente trajado); também de salientar que os machos são substancialmente maiores que as companheiras.


Gallinago gallinago (Narceja)





































1 – A população reprodutora está Criticamente em Perigo, contudo os visitantes têm o estatuto de Pouco Preocupante, constando, aliás, na lista de espécies cinegéticas (caçadas entre 1 de Novembro e 21 de Fevereiro);
2 – Sobretudo Invernantes e Migradores de Passagem; um ou outro espécime pode ser encontrado pelas margens do Cávado ao longo de todo o ano, mas apenas começam a ser vistos em maior número a partir de finais de Agosto até Março ou Abril (raramente em Maio) até que quase deixam de ser avistados em Junho e Julho;
3 – Comuns, apesar de serem extremamente discretas; a SPEA atribui-lhes o estatuto de Invernantes e Migradores de Passagem abundantes e Residentes raros;
4 – Inconfundível com o seu bico desproporcionalmente comprido (ainda existe outra Narceja mais pequena que só muito raramente é encontrada no nosso País);
5 – Frequentam alguns terrenos agrícolas se estiverem alagados mas preferem o estuário que ocupam quase na totalidade; alimentam-se nos lodaçais e abrigam-se por toda a extensão das ervas altas do prado juncal onde são encontradas com maior regularidade; aqui só são detectadas quando, na iminência de serem calcadas, saltam como uma mola para um voo apressado em ziguezague como um míssil acompanhado de uma vocalização áspera e tão característica que facilmente identificamos a espécie sem ter necessidade de olharmos para a ave;
6 – Dificilmente se deixam avistar enquanto caminham ou se alimentam nas lamas do estuário ou nas terras de cultivo, pois têm o hábito de se esconderem quando pressentem o perigo e, além disso, a sua plumagem é muito eficaz a camuflá-las; nos raros encontros com a ave imóvel, esta mantém-se sempre aninhada junto ao solo não proporcionando boas condições para a fotografarmos com sucesso;
7 – Nada a acrescentar.


Limosa limosa (Maçarico-de-bico-direito)





























































1 – Pouco Preocupante;
2 – Migradores de Passagem; partem para norte desde Fevereiro até Abril e regressam em trânsito para o sul do nosso País em Setembro mantendo-se por cá alguns indivíduos até meados de Novembro;
3 – Geralmente comum; enquanto nalguns anos podem ser avistados bandos numerosos, noutros apenas são encontrados alguns espécimes isolados; a SPEA considera-os Invernantes e Migradores de Passagem abundantes;
4 – Em plumagem de Inverno são muito parecidos com os Fuselos dos quais se distinguem em vários aspectos mas, nos casos em que a ave permanece pousada, são quase imperceptíveis mesmo se analisados a uma distância de poucas dezenas de metros; de qualquer forma, em voo, o Maçarico-de-bico-direito exibe uma distintiva barra preta larga na ponta da cauda e barras alares brancas bem visíveis, emprestando-lhe um aspecto geral mais colorido; na plumagem nupcial, com a cabeça e o pescoço “tingidos” de ruivo e o ventre branco, detectável nalguns indivíduos mais atrasados em Abril, torna-se mais fácil diferenciá-los dos Fuselos que nessa altura já apresentam toda a parte inferior do corpo arruivada (ver nesta espécie, já a seguir, a 4ª. imagem);
5 – São incansáveis a perscrutarem os lodaçais do estuário com o bico “gigante” que fazem penetrar profundamente na lama à procura de alimento; as grandes dimensões do corpo e o bico e as pernas compridas fazem com que sejam encontrados sem dificuldade, nomeadamente na margem direita a jusante da ponte de ferro até aos antigos estaleiros, entre canais no sapal ou ainda no lodaçal sob o miradouro da restinga;
6 – Típica ave pernalta muito prudente e sempre alerta que quase nunca permite aproximações inferiores a 20 metros; as dimensões destas aves e o costume que têm de palmilharem as águas rasas junto à margem, favorece quem pretenda fotografá-las;
7 – Nada a acrescentar.


Limosa lapponica (Fuselo)









































































1 – Pouco Preocupante, mas consta no anexo A-I da Directiva Aves; está definida como espécie de conservação prioritária para o Parque Natural do Litoral Norte;
2 – Migradores de Passagem; as datas de ocorrência nesta região coincidem com as do congénere anterior; também pode ser encontrado neste estuário um ou outro indivíduo errante no decorrer dos meses de Inverno;
3 – Comum mas notoriamente mais abundante que o Maçarico-de-bico-direito; por sua vez a SPEA classifica-os como Invernantes e Migradores de Passagem (apenas) comuns (note-se que a outra Limosa é tida por esta organização como abundante, ou seja, numa primeira análise os dados nacionais parecem surgir invertidos em relação à realidade regional);
4 – Ver igual número da ave anterior; quando ambas as espécies se juntam pode notar-se que o Fuselo é ligeiramente mais pequeno;
5 – São avistados em circunstâncias idênticas às da mesma congénere com quem também partilha o habitat;
6 – Comportamento semelhante ao do Maçarico-de-bico-direito;
7 – Não é raro encontrar qualquer uma destas Limosas a formarem bandos mistos com outras limícolas mais pequenas.


Numenius phaeopus (Maçarico-galego)





































1 – Vulnerável;
2 – São principalmente Migradores de Passagem mas também Invernantes; os grandes bandos em trânsito para norte surgem em particular durante os meses de Abril e Maio e regressam para o sul no decorrer de Setembro, por vezes ainda antes em Agosto e mesmo em Julho; o número de indivíduos que se mantêm por esta zona húmida durante os meses de Inverno é muito reduzido;
3 – Comum nos dois períodos migratórios anuais; a SPEA considera-os Invernantes raros e Migradores de Passagem comuns;
4 – Nas observações de campo não é fácil distingui-los dos Maçaricos-reais que são maiores (para perceber esta diferença seria necessário que surgissem dois ou mais indivíduos de ambas as espécies lado a lado, o que nunca presenciei em mais de vinte épocas migratórias); ainda podem ser distinguidos analisando o tamanho do bico, contudo, é através da verificação da presença de listas ao longo da coroa, no M.-galego, ou a ausência dessa característica, no M.-real (ver as imagens) que se torna mais fácil a tarefa de identificar a espécie (nos casos em que for possível o registo fotográfico este método é quase infalível);
5 – Servem-se das margens, dos lodaçais e dos areais abundantes neste estuário para descansarem e restabelecerem forças nas suas longas odisseias entre o norte da Europa e o continente africano; aparentemente não se demoram muitos dias na região mas os seus bandos, por vezes bem compostos, sucedem-se uns após os outros durante várias semanas, anunciando a passagem com sonoras vocalizações características (trinados ou gorjeios) que emitem enquanto sobrevoam o rio e as praias à procura de pouso ou refúgio; apesar de também estarem “equipados” com grandes bicos, não sondam tão freneticamente as lamas mais profundas como as duas espécies anteriormente apresentadas, optando sobretudo por usufruírem do tempo para repousarem;
6 – Muito prudentes, raramente permitem aproximações inferiores a uns seguros 20 metros, mas são aves elegantes e de tamanho considerável que nos podem proporcionar alguns registos fotográficos interessantes;
7 – Relativamente à ave acima apresentada em grande plano, deve ser referido que nesta espécie é mais vulgar o bico ser mais comprido do que o deste exemplar, aliás, tal já se nota na imagem das duas silhuetas em voo.


Numenius arquata (Maçarico-real)





































1 – Pouco Preocupante;
2 – Migradores de Passagem e Invernantes ocasionais;
3 – Neste estuário é muito mais escasso que o M.-galego, apesar de serem considerados pela SPEA como Migradores de Passagem e Invernantes comuns; é possível que o número de registos da sua ocorrência nesta zona húmida esteja ligeiramente subestimado devido à possibilidade de serem confundidos com os congéneres anteriores;
4 – Ver igual número do M.-galego;
5 – Também são semelhantes ao outro Numenius no comportamento e na escolha do habitat, contudo, ao contrário dos M.-galegos, que são muitas vezes encontrados em bandos, os M.-reais tem sido sempre observados isolados ou aos pares;
6 – É claramente a ave limícola de compleição mais pesada, com o corpo a atingir quase o tamanho das vulgares gaivotas mas com as patas muito mais compridas; estas características, aliadas ao enorme bico, tornam-na uma ave distinta e fácil de notar; assim, apesar de serem pouco tolerantes à nossa presença, com maior ou menor aproximação, a grande dimensão da ave apresenta-se sempre como um factor favorável a quem pretenda fotografá-la;
7 – Nada a acrescentar.