segunda-feira, 27 de maio de 2013

OBSERVAÇÃO DE AVES NO ESTUÁRIO DO CÁVADO (ABRIL 2013) (Anexo)


Confirmação da ocorrência de uma nova espécie da ordem dos PROCELLARIIFORMES

Família Procellariidae

Quando um observador de aves se propõe a organizar listas das espécies que vai identificando, quer seja ao nível global, num determinado país, numa região ou ainda, como no meu caso pessoal, numa simples parcela do território nacional (a quadrícula UTM NF 19), pode, nalguns casos, confrontar-se com várias dúvidas e hesitações relacionadas com os critérios que deve adotar para considerar como efetiva a observação de uma determinada ave na natureza e, assim, poder “legitimamente” inscrevê-la no seu inventário. Além disto, e para este mesmo efeito, também será importante tentar clarificar em que circunstâncias podemos aceitar como “autêntica” uma ocorrência na área que estamos a estudar.

Uma das questões mais frequentes, e que no estuário do Cávado se prende sobretudo com a observação de alguns anatídeos (patos, gansos e afins), é a atribuição, ou não, do estatuto de aves genuinamente selvagens. Nesta matéria, tal como o Comité Português de Raridades (CPR), distribuo as espécies na minha lista segundo as categorias classificativas aconselhadas pela AERC - Association of European Rarities Committees (ver a definição na Lista Sistemática das Aves de Portugal Continental nas pág. 3 e 4).

Há perguntas, porém, que nem sempre encontram resposta em critérios definidos pelas autoridades científicas e gostaria de, entre outras, destacar aqui cinco.

Posso considerar como “observada”:

- uma ave que estou a avistar, não a reconheço, mas é identificada naquele mesmo momento por outro observador que me acompanha?

- uma ave avistada no campo, não identificada in loco, mas que reconhecerei posteriormente através de análise ao registo fotográfico então obtido?

- uma ave avistada no campo, que não reconheço in loco nem a posteriori através do registo fotográfico então obtido, mas que acabará identificada recorrendo à opinião ou convicção de terceiros a quem exibi as mesmas imagens?

- uma ave não avistada mas detetada pelas suas vocalizações inconfundíveis?

- uma ave encontrada já morta?

Relativamente às quatro primeiras questões, não me restam grandes dúvidas para resolver. O que deveras me interessa é poder atestar ou garantir com toda a segurança a ocorrência de uma ou mais aves de uma determinada espécie na minha área em estudo, quer seja através de fotografias perentórias, da minha convicção pessoal baseada na memória visual ou auditiva, ou ainda da confiança que deposito em quem, melhor do que eu, consegue de modo alicerçado identificar-me um espécime que eu (também) vi e/ou ouvi. Como exemplo do primeiro caso, posso apresentar a inscrição na minha lista das CAGARRAS (Calonectris diomedea) e das TORDAS-MERGULHEIRAS (Alca torda) que observei em fevereiro de 2008 num dia RAM (Censos de Aves Marinhas). Aqueles pontos brancos e pretos ao largo em voo reto junto à superfície da água do mar passar-me-iam despercebidos no telescópio sem o auxílio dos observadores que ao meu lado reconheceram as espécies (apesar de em certos casos apenas ter sido possível identificar algumas daquelas aves simplesmente como alcídeos). Já o método que usei em outubro de 2010 para identificar pela primeira vez no estuário do Cávado as GAIVINAS-PRETAS (Chlidonias niger) serve de resposta à segunda questão. Só nas fotos descarregadas no computador é que me foi possível perceber que entre as muitas andorinhas-do-mar (família Sternidae) que naqueles dias irrompiam rio acima, algumas apresentavam a mancha escura nos “ombros” exclusiva daquela espécie. No terceiro ponto encaixa bem a história da TARAMBOLA-DOURADA-AMERICANA (Pluvialis dominica) que fotografei nesta zona húmida em setembro de 2010. Então publiquei aqui uma das imagens obtidas e associei-a a uma congénere mais comum entre nós, porém aquela identificação foi-me corrigida mais de um ano depois, mas em boa hora, por Rafael Matias e ainda por outros dois membros do CPR depois de terem analisado a foto apresentada neste blogue. Exemplos semelhantes são os de espécies como o MOLEIRO-PEQUENO (Stercorarius parasiticus) ou a GAIVOTA-DE-AUDOUIN (Larus audouinii) que passaram pela foz do Cávado em outubro de 2011 e em maio de 2012, respetivamente, e cuja identificação apenas foi confirmada depois de ter submetido os registos fotográficos à apreciação dos membros do Fórum Aves. Para a situação seguinte, ou seja, as vocalizações ou os cantos, devo adiantar que nenhuma espécie está inscrita no meu inventário exclusivamente com base neste aspeto, mas não raras vezes arrolo nas minhas listas diárias ou mensais aves como o CUCO-CINZENTO (Cuculus canorus), a CORUJA-DO-MATO (Strix aluco), o MOCHO-GALEGO (Athene noctua) ou o ROUXINOL-BRAVO (Cettia cetti), entre outras, sem que as tenha visto. Ainda assim, depois de as ouvir, não tenho dúvidas de que tenham estado cá e, por tal, “mereçam” o lugar nas ditas listas.

A última questão apresentada é, julgo, a que maior controvérsia poderá suscitar, sobretudo quando nos referimos a um inventário numa área tão limitada como uma quadrícula UTM (10 X 10 Km). Numa mera reflexão sobre este tema poderão levantar-se várias outras interrogações.

Com que autenticidade posso considerar que num local “ocorreu” uma espécie:

- sabendo que a deslocação da(s) ave(s) até ali dependeu em parte ou completamente da ação humana?

- quando a ave que a representa se encontrava em avançado estado de debilidade ou incapaz de resistir e se deixou arrastar até ali por fatores ambientais adversos (por exemplo ventos extremos ou correntes marítimas muito agitadas)?

- quando a rota da ave que a representa foi desviada por um acidente com origem antrópica (por exemplo um derrame de crude)?

- quando já só encontramos a carcaça da ave, desconhecendo quais das circunstâncias anteriores, ou outras, estiveram na origem do seu arrojamento até ali (por exemplo na linha da maré ou na margem de um curso de água) ou da sua morte, seja por causas naturais, acidente ou abate (por exemplo numa floresta, na beira de uma estrada ou numa coutada)?

Mais uma vez, a primeira pergunta ficou resolvida com a atribuição das já referidas categorias classificativas. Um dos exemplos mais atuais é a presença na marginal de Fão desde dezembro de 2011 do GANSO-CHINÊS (Anser cygnoides). Independentemente de ter sido introduzido aqui ou de ter adquirido a liberdade ao fugir do lago de um jardim privado ou de um parque urbano próximo ou de outra região do país, não restam quaisquer incertezas quanto à impossibilidade daquela ave não nativa se ter deslocado desde a sua área de distribuição original até ao nosso território pelos próprios meios. Assim, e enquanto não estabelecerem populações reprodutoras viáveis, estas aves não são incluídas na Lista das Aves de Portugal, sendo relegadas para a “categoria E”.

Por outro lado, para os dois cenários seguintes, não encontro qualquer objecção que me impeça de aceitar uma ocorrência como “válida” quando as aves pertencem a espécies já inscritas na referida lista nacional e isto apesar da menor relevância ecológica, sobretudo quando é a incúria humana a determiná-la. Foi assim que inscrevi no meu inventário o PAINHO-DE-CAUDA-FORCADA (Oceanodroma leucorhoa) que recolhi exausto do areal na praia de Ofir em dezembro de 2000, mesmo sabendo que sem os dias consecutivos de fortes tempestades que então se verificaram a ave não se teria aproximado tanto da costa. Deste modo, também registei os PAPAGAIOS-DO-MAR (Fratercula arctica) que apareceram moribundos na restinga do Cávado depois do petroleiro Prestige ter naufragado na vizinha Galiza em novembro de 2002 – no mínimo andavam por aí, ao largo.

Já no que se refere a aves encontradas mortas não consigo definir estes critérios de forma absolutamente pacífica. E têm sido vários e distintos os casos com que me tenho deparado. Nos meus primeiros anos de observação de aves neste estuário encontrei na margem esquerda do Cávado o esqueleto do que deveria ter sido um GANSO-PATOLA (Morus bassanus) e que trazia num dos tarsos a anilha do BTO British Museum Natural History (London) com o nº. 5255024. Como naquela altura, e devido à inexperiência, esta espécie ainda não constava na minha lista, confrontei-me pela primeira vez com estas questões. Não pecaria por ligeireza se aceitasse a ocorrência dessa espécie quando o que localizei foram os restos de uma ave e nem sequer sabia onde tinha sucedido a sua morte? A anilha apontava para a sua origem bem distante. Poderia, então, excluir a hipótese da carcaça ter sido transportada desde essas paragens por uma corrente marítima caprichosa? Sem encontrar respostas, preferi, por cautela, adiar a “descoberta” alguns meses até perceber que, afinal, o ganso-patola é abundante na nossa costa. Ainda na década de 1990, enquanto não me familiarizei com as vocalizações do NOITIBÓ-CINZENTO (Caprimulgus europaeus), que, hoje sei, sempre foram vulgares entre nós durante os meses estivais, omiti esta ave da minha lista, mas à medida que me fui deparando com indivíduos desta espécie atropelados nas estradas que atravessam o pinhal a sul do Cávado, considerei ser lógico inclui-la. Face a estas duas situações que vejo como divergentes, apesar de ambas envolverem espécimes sem vida, percebi intuitivamente que o que procuro é testemunhar através da observação de campo a presença das aves nesta região, bastando, para tal, estar seguro de que aqui chegaram ou passaram vivas, mesmo que as encontre já mortas.

Mas ao final da tarde do dia 13 de julho de 2009, encontrei cerca de dez aves da Família Procellariidae, posteriormente identificadas como o FURA-BUCHOS-DAS-BALEARES também conhecidos por PARDELAS-DO-MEDITERRÂNEO (Puffinus mauretanicus), todas mortas muito recentemente sem sinais de trauma e distribuídas por poucas centenas de metros entre as praias da Senhora da Bonança e das Pedrinhas, em Fão. 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
De certa forma, podia situar este caso entre os dois anteriores. Se, por um lado, o estado ainda fresco e íntegro das carcaças e o seu elevado número apontava para que a morte destas aves tivesse ocorrido nas imediações, por outro, não podia afastar totalmente hipóteses como, por exemplo, a captura por pescadores numa região afastada e posterior rejeição para as águas quando passavam em frente a estas praias. Assim, mantive este registo num limbo, embora fosse muitas vezes assaltado pelas informações de diversos autores/observadores que se referiam à presença desta espécie por todo o litoral nacional, incluindo o de Esposende. Destaco, pela oportunidade, uma passagem do livro AVES DE PORTUGAL – Ornitologia do Território Continental, de Catry P, Costa H, Elias G & Matias R, referindo-se à abundância e distribuição destas aves na região: «Segundo Reis Júnior (1931a), no início do século XX os fura-buchos (sem dúvida desta e de outras espécies) eram muito perseguidos pelos pescadores poveiros, que os matavam às centenas no mar … para deles se alimentarem». Confiei, pois, que a breve prazo haveria de registar a passagem destas aves na minha área em estudo, mas têm resultado infrutíferos os esforços que tenho dedicado nesse sentido, até porque, para lá das dificuldades de deteção a partir da praia, a sua identificação não é uma tarefa simples.

Nos últimos meses, porém, sucederam-se alguns factos que me fizeram regressar a esta reflexão. Inicialmente, foi o interesse que me demonstrou Gonçalo Elias, coordenador do portal Aves de Portugal, sobre a proveniência de uma TORDA-ANÃ (Alle alle) que em dezembro de 2002, após ter sido recolhida já morta na praia de Aver-O-Mar, Póvoa de Varzim, deu entrada no Centro de Acolhimento e Recuperação de Espécies de Esposende (então criado para receber as vítimas do desastre ecológico causado pelo Prestige). Depois, foi o aviso que me chegou de alguns observadores de aves experimentados para a importância de submeter ao CPR, para homologação, o registo de uma MOBELHA-GRANDE (Gavia immer) que encontrei também morta em fevereiro deste ano na restinga do Cávado. Por fim, foram as observações de dois bandos de aves do género Puffinus que fiz em abril último em frente à foz do Cávado, o primeiro na manhã do dia 4 constituído por cerca de 10 aves que seguiam para sul a uma distância inferior à dos recifes e o segundo na manhã seguinte com o dobro dos indivíduos e que rumavam no sentido oposto ainda mais próximos da praia. Não foi possível, em tais circunstâncias, excluir a possibilidade daquelas serem aves da espécie FURA-BUCHO-DO-ATLÂNTICO (Puffinus puffinus), mas se pudéssemos seguir a ordem das probabilidades, ficaria muito tentado em aceitar que tinha observado os congéneres P. mauretanicus, espécie que, segundo o mesmo livro de referência da ornitologia nacional já aqui citado, «… é dos procelariformes mais fáceis de observar ao longo da maior parte da costa portuguesa, já que frequentemente se mantém muito próximo do litoral… parecendo evitar o alto mar…» em oposição ao que ainda ali está escrito acerca do P. puffinus «… migrador de passagem pouco comum… é uma ave de hábitos pelágicos, relativamente difícil de ver a partir da costa…».

Conforme entretanto pude apurar, as reservas que sempre mantive quanto ao real significado dos registos de aves encontradas mortas na linha da maré também já estavam previstas pelo CPR (ou pela AERC) quando dividiram em quatro subcategorias as espécies da categoria D (que não estão incluídas na Lista das Aves de Portugal), uma delas, a D3, atribuída a “espécies que se incluiriam ou na categoria A ou na categoria B, mas que foram apenas encontradas mortas na linha de maré”.

Deveria, então, aguardar por mais evidências? Embora continue a considerar que cada um dos registos por mim obtidos até agora, per se, não atestam inequivocamente a presença destas aves na região, admito que, associando:

- a observação das aves mortas na praia nas circunstâncias em que verifiquei em julho de 2009;

- a passagem de bandos que estou seguro pertencerem ao género Puffinus em abril de 2013;

- o testemunho de outros que comprovam a sua observação ao largo de Esposende; e

- o que está explanado em diversa literatura que a reconhece como comum em todo o litoral ibérico;

seja razoável inscrever o Fura-buchos-das-baleares (Puffinus mauretanicus) como a 202ª espécie do meu inventário para a quadrícula UTM NF 19 e que gosto de apelidar de “Estuário do Cávado e Habitats Adjacentes”.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A imagem anterior, obtida do portal da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), ilustra a distribuição global desta espécie que está classificada no livro AVES DE PORTUGAL como estival e migradora de passagem comum e invernante pouco comum. Apesar disso, tanto ao nível nacional (Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal) como global (IUCN) foi-lhe atribuído o estatuto de conservação de criticamente em perigo. Assim, esta ave que nidifica exclusivamente no arquipélago das Baleares, consta no Anexo I da Diretiva Aves (é objeto de medidas de conservação especial respeitantes ao seu habitat).

As viagens de barco entre Peniche e as Berlengas podem proporcionar-nos das condições mais favoráveis no nosso país para a observação do Puffinus mauretanicus, no entanto, conforme experimentei em junho de 2010, a tarefa de os fotografar pode complicar-se bastante em caso de forte ondulação.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na Zona Económica Exclusiva (ZEE) do continente nacional, além das duas espécies do género Puffinus já aqui mencionadas, ainda pode ser encontrada a migradora de passagem pouco comum a comum PARDELA-DE-BARRETE (Puffinus gravis), a migradora de passagem pouco comum PARDELA-PRETA (Puffinus griseus) e o migrador de passagem raro PINTAINHO ou PARDELA-PEQUENA (Puffinus assimilis). Na LISTA DISTRITAL DE BRAGA do portal Aves de Portugal contam como já observadas na região a P. gravis e a P. griseus (Noticiário SPEA nº. 254) e ainda o P. mauretanicus (observação pessoal de A. Leitão).


sábado, 25 de maio de 2013

Lista anotada e ilustrada das aves observadas no Estuário do Cávado e habitats envolventes em abril de 2013


[a seguir à designação da espécie em português (em maiúsculas) segue-se o nome em inglês e o científico (itálico)]
[seguem-se ao nome as ilustrações e as anotações a azul]
[as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito]
[para ver a foto com um pouco mais de detalhe clique em cima da imagem]


ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM

Ordem Anseriformes

Família Anatidae

NEGROLA-COMUM (Pato-negro)
Common Scoter
Melanitta nigra

até ao dia 4 ainda foram contados cerca de trinta indivíduos em frente ao esporão de Ofir e no dia 13 encontravam-se cerca de dez em frente à foz, enquanto alguns pequenos grupos passavam ao largo em ambos os sentidos

Ordem Podicipediformes

Família Podicipedidae

MERGULHÃO-PEQUENO
Little Grebe
Tachybaptus ruficollis

no estuário propriamente dito não foi avistado qualquer indivíduo, mas em duas visitas feitas no início do mês a um charco na mata de folhosas, pôde ser confirmada a sua presença e em plumagem estival

Ordem Procellariiformes

Família Procellariidae

Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo

Ordem Pelecaniformes

Família Sulidae

ALCATRAZ-COMUM (Ganso-patola)
Northern Gannet
Morus bassanus

pouco avistados e sempre muito ao largo

Família Phalacrocoracidae

CORVO-MARINHO(-DE-FACES-BRANCAS)
Great Cormorant
Phalacrocorax carbo


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ainda abundantes durante a primeira metade do mês, foi particularmente notada a sua debandada no dia 23, data em que dificilmente se contavam mais do que trinta aves

Ordem Ciconiiformes

Família Ardeidae

GARÇA-BRANCA-PEQUENA
Little Egret
Egretta garzetta

restaram-se por cá pelo menos seis indivíduos

GARÇA-REAL
Grey Heron
Ardea cinerea

no início do mês ainda se via um ou outro par, mas na segunda metade já não foi registada a sua presença no estuário (nota: vistas a montante na quadrícula UTM NF 29)

Família Ciconiidae

CEGONHA-BRANCA
White Stork
Ciconia ciconia

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
enquanto os dois casais habituais já se reproduziam na quadrícula UTM NF 29, neste estuário não eram avistados quaisquer indivíduos, com exceção de um indivíduo que no dia 14 esteve pousado durante alguns minutos na chaminé da antiga fábrica de serração de Fão

Família Threskiornithidae

COLHEREIRO
Eurasian Spoonbill
Platalea leucorodia

o mesmo juvenil chegado em dezembro continuou no estuário até ao dia 5, sobretudo no extremo do juncal e no lodaçal da marginal de Esposende

Ordem Accipitriformes

Família Accipitridae

AÇOR / GAVIÃO
Accipiter sp.

no dia 23 foi avistada uma ave deste género (supostamente o primeiro) a sobrevoar os campos de cultivo da margem direita junto à ponte da autoestrada

ÁGUIA-D’ASA-REDONDA
Common Buzzard
Buteo buteo

Família Pandionidae

ÁGUIA-PESQUEIRA
Osprey
Pandion haliaetus

o indivíduo de anilha amarela com a inscrição «CV» no tarso direito foi observado até ao dia 4 a caçar na zona da restinga e no extremo do juncal (no dia 1 seguiu com a presa para nascente)

Ordem Falconiformes

Família Falconidae

PENEIREIRO-DE-DORSO-MALHADO (Peneireiro-vulgar)
Common Kestrel
Falco tinnunculus

Ordem Gruiformes

Família Rallidae

FRANGO-D’ÁGUA
Water Rail
Rallus aquaticus

foi observado um indivíduo no dia 26 na margem direita imediatamente a jusante da ponte de Fão

GALINHA-D’ÁGUA
Common Moorhen
Gallinula chloropus

pelo menos um indivíduo foi avistado no dia 18 num terreno ainda alagado próximo do centro hípico na margem direita

Ordem Charadriiformes

Família Haematopodidae

OSTRACEIRO
Eurasian Oystercatcher
Haematopus ostralegus

no dia 5 passou para norte em frente à foz um bando com sete indivíduos

Família Charadriidae

BORRELHO-GRANDE-DE-COLEIRA
Common Ringed Plover
Charadrius hiaticula

BORRELHO-DE-COLEIRA-INTERROMPIDA
Kentish Plover
Charadrius alexandrinus



 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
desde o início do mês eram encontrados bem disseminados pelas dunas a prepararem a núpcias

TARAMBOLA-CINZENTA
Grey Plover
Pluvialis squatarola

nos primeiros dias do mês ainda se contava o mesmo número de indivíduos do maior bando que aqui passou o inverno (cerca de 50 aves), mas a partir do dia 24, depois deste grupo ter debandado por completo, começou-se a ver um ou outro par, alguns em plumagem estival

Família Scolopacidae

SEIXOEIRA
Red Knot
Calidris canutus

no dia 29 foram observados cerca de vinte indivíduos nos lodaçais da marginal de Esposende próximo da foz, grande parte em plumagem estival

PILRITO-DAS-PRAIAS (Pilrito-d’areia)
Sanderling
Calidris alba


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
no dia 24 distribuíam-se em abundância entre o juncal e a restinga e muitos já adquiriam a plumagem estival; ainda nesta data foi registada a presença de um indivíduo marcado com duas anilhas vermelhas no tarso direitos, uma branca em cima e outra amarela em baixo no tarso esquerdo e uma metálica na tíbia esquerda (nas fotos)

PILRITO-DE-PEITO-PRETO (Pilrito-comum)
Dunlin
Calidris alpina

FUSELO
Bar-tailed Godwit
Limosa lapponica




 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
no dia 23 começaram a chegar os primeiros migradores, muitos em plumagem estival e que se concentraram nos lodaçais no extremo do juncal; no dia 29 verificou-se uma grande “invasão”, cerca de 300 (duzentos) indivíduos distribuíram-se da seguinte forma: cerca de 90 na margem direita entre a ponte de Fão e o antigo cais da draga; cerca de 50 no banco de areia no extremo do juncal; cerca de 30 na restinga sob o miradouro e cerca de 130 na marginal de Esposende concentrados sobretudo junto ao Hotel Suave Mar

MAÇARICO-GALEGO
Whimbrel
Numenius phaeopus

o primeiro indivíduo da época só foi observado no dia 16, dois dias depois o primeiro bando em passagem e até ao final do mês foram pontuando por todo o estuário mas em números relativamente reduzidos

MAÇARICO-REAL
Eurasian Curlew
Numenius arquata

no dia 4 foi visto um indivíduo na margem do juncal em frente à doca de pesca

MAÇARICO-DAS-ROCHAS
Common Sandpiper
Actitis hypoleucos

PERNA-VERDE(-COMUM)
Common Greenshank
Tringa nebularia

PERNA-VERMELHA(-COMUM)
Common Redshank
Tringa totanus

no dia 24 encontravam-se cinco indivíduos nos canais do juncal em frente e a norte do observatório

ROLA-DO-MAR
Ruddy Turnstone
Arenaria interpres

Família Laridae

GUINCHO-COMUM
Black-headed Gull
Chroicocephalus ridibundus

no final do mês quase que não eram observados

GAIVOTA-D’ASA-ESCURA
Lesser Black-backed Gull
Larus fuscus

em números muito reduzidos

GAIVOTA-DE-PATAS-AMARELAS
Yellow-legged Gull
Larus michahellis

em números reduzidos

Família Sternidae

GARAJAU-DE-BICO-PRETO (Garajau-comum)
Sandwich Tern
Sterna sandvicensis

no dia 24 encontravam-se cerca de vinte a caçar em frente à foz, o que significa um aumento para cerca do dobro do número habitual

CHILRETA (Andorinha-do-mar-anã)
Little Tern
Sternula albifrons

no dia 13 encontravam-se sete indivíduos a repousar com o habitual bando de garajaus na restinga junto à foz

Ordem Columbiformes

Família Columbidae

POMBO-TORCAZ
Common Wood Pigeon
Columba palumbus

desde o início do mês notou-se um claro aumento dos que se distribuíam no núcleo turístico de Ofir e no final já havia confirmação da sua reprodução

ROLA-TURCA
Eurasian Collared Dove
Streptopelia decaocto

Ordem Apodiformes

Família Apodidae

ANDORINHÃO-PRETO
Common Swift
Apus apus

Ordem Coraciiformes

Família Alcedinidae

GUARDA-RIOS
Common Kingfisher
Alcedo atthis

na segunda metade do mês deixei de os ver

Família Upupidae

POUPA
Hoopoe
Upupa epops

Ordem Piciformes

Família Picidae

PICA-PAU-MALHADO (Pica-pau-malhado-grande)
Great Spotted Woodpecker
Dendrocopos major

Ordem Passeriformes

Família Hirundinidae

ANDORINHA-DAS-BARREIRAS
Sand Martin
Riparia riparia

o insuficiente esforço de prospeção justificará o facto de apenas as ter registado pela primeira vez no dia 4, pois nesta data já ocorriam em grande número

ANDORINHA-DAS-CHAMINÉS
Barn Swallow
Hirundo rustica

ANDORINHA-DÁURICA
Red-rumped Swallow
Cecropis daurica


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
facilmente observáveis nas duas margens na zona nascente do estuário; no dia 23 confirmei pela primeira vez a presença de seis indivíduos; não detetei quaisquer indícios de reprodução durante todo o mês

Família Motacillidae

ALVÉOLA-AMARELA
Yellow Wagtail
Motacilla flava



 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a deficiente cobertura no estuário e nos sistemas dunares durante o mês de março justificará o facto de este ano apenas as ter registado pela primeira vez no dia 4; nesta data foram observadas na restinga e no juncal em números consideráveis

ALVÉOLA-BRANCA
White Wagtail
Motacilla alba

Família Troglodytidae

CARRIÇA
Winter Wren
Troglodytes troglodytes

Família Prunellidae

FERREIRINHA(-COMUM)
Dunnock
Prunella modularis

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
distribuídas aos pares em pontos bem distintos na envolvência ao estuário, designadamente na restinga, num pequeno caniçal, onde foram vistas a transportar no bico material para construção de ninho, e na orla de terrenos de cultivo

Família Turdidae

PISCO-DE-PEITO-RUIVO
European Robin
Erithacus rubecula

RABIRRUIVO-PRETO
Black Redstart
Phoenicurus ochruros

CARTAXO-COMUM
European Stonechat
Saxicola rubicola

CHASCO-CINZENTO
Northern Wheatear
Oenanthe oenanthe

foi observado um indivíduo no dia 17 num campo de cultivo da margem direita

MELRO-PRETO
Common Blackbird
Turdus merula

TORDO-PINTO (Tordo-músico ou comum)
Song Thrush
Turdus philomelos

registadas vocalizações durante todo o mês na mata entre Fão e Apúlia

Família Sylviidae

ROUXINOL-BRAVO
Cetti's Warbler
Cettia cetti

no dia 18 foram registadas vocalizações na margem direita entre a ponte da autoestrada e o centro hípico

FUINHA-DOS-JUNCOS
Zitting Cisticola
Cisticola juncidis

TOUTINEGRA-DOS-VALADOS (Toutinegra-de-cabeça-preta)
Sardinian Warbler
Sylvia melanocephala

TOUTINEGRA-DE-BARRETE(-PRETO)
Eurasian Blackcap
Sylvia atricapilla

FELOSINHA-COMUM (Felosa-comum)
Common Chiffchaff
Phylloscopus collybita

apenas observadas no início do mês

Família Aegithalidae

CHAPIM-RABILONGO
Long-tailed Tit
Aegithalos caudatus

o final do mês foi confirmada a sua nidificação (crias a serem alimentadas no ninho) numa mancha de salgueiros e amieiros da mata entre Fão e Apúlia

Família Paridae

CHAPIM-DE-POUPA
European Crested Tit
Parus cristatus

CHAPIM-CARVOEIRO (Chapim-preto)
Coal Tit
Parus ater

CHAPIM-REAL
Great Tit
Parus major

Família Corvidae

GAIO
Eurasian Jay
Garrulus glandarius

tudo indica que um pequeno grupo se estabeleceu no núcleo turístico de Ofir (muito vocais)

PEGA
Common Magpie
Pica pica

GRALHA-PRETA
Carrion Crow
Corvus corone


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
conforme se tem verificado todos os anos, nesta fase do ano ausentam-se do estuário; o único indivíduo que aqui ocorreu é uma ave de cativeiro mas que é mantida em semiliberdade

Família Sturnidae

ESTORNINHO-PRETO
Spotless Starling
Sturnus unicolor

Família Passeridae

PARDAL-DO-TELHADO (Pardal-comum ou doméstico)
House Sparrow
Passer domesticus


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARDAL-MONTÊS
Eurasian Tree Sparrow
Passer montanus

Família Fringillidae

TENTILHÃO(-COMUM)
Common Chaffinch
Fringilla coelebs

MILHEIRINHA-EUROPEIA (Chamariz ou Cerezino)
European Serin
Serinus serinus


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VERDILHÃO
European Greenfinch
Carduelis chloris

PINTARROXO-DE-BICO-ESCURO (Pintarroxo)
Common Linnet
Carduelis cannabina

muito abundante


ESPÉCIES NATURALIZADAS COM POPULAÇÕES ESTABELECIDAS RESULTANTES DE INTRODUÇÕES, MAS QUE TAMBÉM OCORREM EM ESTADO SELVAGEM

Ordem Anseriformes

Família Anatidae

PATO-REAL
Mallard
Anas platyrhynchos

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
apesar de continuarem a reproduzir-se nos campos de cultivo ainda alagados na margem direita (foto do dia 13), ficou evidenciado que após o último inverno o grupo que se distribuía em frente à ETAR desapareceu, o que se mantinha na marginal de Fão ficou reduzido a pouco mais do que uma dezena de indivíduos e os que permaneciam imediatamente a jusante da ponte velha, além de também terem diminuído, ter-se-ão ainda deslocado para o extremo norte do juncal

Ordem Galliformes

Família Phasianidae

PERDIZ-COMUM
Red-legged Partridge
Alectoris rufa



 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
no dia 26 foi visto um indivíduo na margem direita a montante do antigo cais da draga e que ter-se-á afastado dos campos de cultivo devido aos trabalhos de corte do azevém


ESPÉCIES DOMESTICADAS COM POPULAÇÕES ESTABELECIDAS EM ESTADO SELVAGEM

Ordem Columbiformes

Família Columbidae

POMBO-DA-ROCHA e POMBO-DOMÉSTICO
Rock Dove
Columba livia
 

ESPÉCIES NATURALIZADAS

Ordem Passeriformes

Família Estrildidae

BICO-DE-LACRE(-COMUM)
Common Waxbill
Estrilda astrild


ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES

Ordem Anseriformes

Família Anatidae

GANSO-CHINÊS (Ganso-sinaleiro) Categoria E
Swan Goose
Anser cygnoides

continua na marginal de Fão o indivíduo que chegou ao estuário em dezembro de 2011

GANSO-DO-CANADÁ Requer homologação pelo CPR
Canada Goose
Branta canadensis






 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
na madrugada do dia 14 foi registada a chegada de um indivíduo à marginal de Fão, onde permaneceu durante poucos dias

GANSO-DO-EGIPTO Categoria E
Egyptian Goose
Alopochen aegyptiaca




 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
no dia 5 chegaram à marginal de Fão seis indivíduos que por ali permaneceram vários dias, apesar daquele número ter diminuído

PATO-CASARCA (Pato-ferrugíneo) Requer homologação pelo CPR
Ruddy Shelduck
Tadorna ferrugínea

supostamente a mesma fêmea registada em fevereiro na mata de pinheiro e folhosas entre Fão e Apúlia e no mês anterior próximo da restinga, foi este mês encontrada na agra em frente à cooperativa agrícola

PATO-DO-MATO (Pato-mudo) Categoria E
Muscovy Duck
Cairina moschata

no dia 5 foi avistado um indivíduo num campo de cultivo alagado entre a ponte da autoestrada e o centro hípico

MARRECA-DE-COLEIRA Categoria E
Ringed Teal
Callonetta leucophrys

continua na marginal de Fão o macho que aqui chegou em agosto de 2012

MARRECA-OVEIRA (Piadeira-do-chile) Categoria E
Chiloe Wigeon
Anas sibilatrix

continua na marginal de Fão o suposto híbrido desta espécie com Anas americana ou Anas flavirostris chegado em agosto de 2010

 

REFERÊNCIAS E NOTAS:

Foram adotadas as nomenclaturas científica e inglesa e a sequência taxonómica recomendadas pelo comité taxonómico da Association of European Records and Rarities Committees (AERC TAC 2003; 2010; 2011).

Nome vulgar das espécies em maiúsculas segundo Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. em AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa (sinónimos em português surgem entre parênteses)

Categoria C - espécies naturalizadas (aquelas que tendo uma origem exótica, possuem populações reprodutoras, em estado selvagem, autossuficientes, que se mantêm sem auxílio de novas introduções ou de alimentação artificial).

Categoria E - fugas de cativeiro e espécies introduzidas (não são consideradas como fazendo parte da Lista de Portugal Continental).

CPR – Comité Português de Raridades