quarta-feira, 18 de novembro de 2009

NO WORDS (I)

























































































































sábado, 14 de novembro de 2009

OBSERVAÇÃO DE AVES (OUTUBRO 2009)

Resumo das minhas notas de campo sobre observação de aves no Estuário do Cávado e habitats envolventes

Com alguma demora, regresso com o primeiro post do mês, no qual, conforme referi no último, apresentarei em síntese os registos da ocorrência de aves de maior relevância do mês anterior neste troço da faixa costeira do litoral norte.

Como seria de esperar, as primeiras semanas de Outono trouxeram-nos dias chuvosos e pouco apetecíveis para a prática desta actividade lúdica, contudo, além de no decorrer do mês de Outubro ainda ter sido possível observar inúmeros espécimes em migração pós-nupcial, aquelas condições climatéricas propiciaram a aproximação à costa das aves oceânicas, habitualmente mais distantes dos nossos binóculos, e também já nos fizeram chegar os primeiros invernantes.

Com efeito, naquelas condições não pude deixar de, a partir dos esporões de Ofir, dar algumas espreitadelas na direcção dos nossos recifes, popularmente conhecidos por “Cavalos de Fão” e “Pena”, em torno dos quais foram avistados, em grande número, bandos de Gansos-patolas (Morus bassanus), os adultos sempre mais distantes mas os juvenis, ainda incautos, um pouco mais perto conforme testemunham as fotos que acompanham estas palavras.









































































Com recurso ao telescópio, para lá daqueles ricos ecossistemas submersos, também se percebiam rente ao mar os movimentos dos vultos dos Alcídeos (talvez Airos) que, devido à minha inexperiência, e em rigor, não consegui identificar devidamente.

Enquanto isso, ainda foi possível nas margens do Cávado assistir à constante labuta de alguns passeriformes migradores na procura do precioso alimento que lhes reabastecesse as forças tão necessárias na grande viagem que estavam a empreender, como foi o caso dos Piscos-de-peito-azul (Luscinia svecica), dos Papa-amoras (Sylvia communis), dos Papa-moscas-cinzentos (Muscicapa striata), dos Papa-moscas-pretos (Ficedula hypoleuca) ou dos últimos e sempre isolados Chascos-cinzentos (Oenanthe oenanthe).





































Além destas últimas, ainda tentei melhorar o meu modesto acervo fotográfico, captando as difíceis imagens de um Papa-amoras que teimava em “espiar-me” por entre os estreitos troncos de um acacial recentemente derrubado. Para tal, no dia 12 daquele mês, ainda antes do nascer do sol, posicionei o meu automóvel estrategicamente orientado para o local onde o Silvídeo tinha o hábito de aparecer timidamente, mas com os primeiros raios de luz, eis que surge e se demora por largos minutos, a pouco mais de dois metros de distância, uma Pega (Pica pica) mais interessada em manter os seus hábitos de higiene matinal do que na potencial ameaça que o humano ali presente poderia constituir.





















































































Entretanto, na segunda semana, começaram a ser detectados os primeiros bandos dos sempre apressados Pintassilgos (Carduelis carduelis) cuja passagem ainda não estava ameaçada pelos passarinheiros do costume.

Noutra dimensão, foi entusiasmante perceber que a “nossa” Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) que, ao que parece, se prepara para se manter por cá durante todo o Inverno, ainda vai sendo capaz de resgatar das águas do Cávado uns senhores robalos de quilo e tal, apesar das impertinentes gaivotas que não se poupavam em esforços para lhe tentarem roubar o troféu.



















E, como referi no início, começaram a chegar os primeiros invernantes, sobretudo os sempre aguardados Anatídeos (ou patos e afins). Os realmente selvagens são sempre muito difíceis de fotografar, pelo que recorri à ajuda do Carlos Rio que conseguiu registar em imagens os primeiros casais de Frisadas (Anas strepera), disponíveis no seu conhecidíssimo www.fao-natural.blogspot.com, mas a omnipresente chuva já não permitiu que as Piadeiras (Anas penelope), os Marrequinhos (Anas crecca) e, em especial, um “raro” Zarro-castanho (Aythya ferina) (um macho no dia 16), ficassem retratadas pela sua hábil lente. De qualquer modo, no dia 11, voltou um já habitual Cisne-mudo (Cygnus olor), que suponho ser uma ave feral, cujo à-vontade perante a nossa aproximação lá permitiu a ilustração deste parágrafo.























































A visão do mencionado Zarro acabou por me estimular à instalação de um discreto esconderijo entre juncos, mas desde então jamais a ave regressou ao local (margem direita entre a Ponte de Fão e os antigos estaleiros de Esposende) permanecendo, desde então, sempre próximo do extremo norte do sapal numa zona de difícil acesso. Porém, a meia dúzia de horas passadas sob o camuflado não resultaram completamente infrutíferas. Cedo, ainda escuro, “enfiava-me” no abrigo e as atentas aves quase nem me notavam. Àquela hora uma Garça-branca-pequena (Egretta garzetta) vinha sempre “pastar” mesmo em frente à minha lente mas a luz… bem, o melhor que consegui foi o que se segue (vinte minutos antes do nascer do sol mas com alguma maquilhagem, confesso).



















Mas o mais gratificante foi ter desenvolvido uma quase relação de intimidade com um também invernante Perna-verde (Tringa nebularia) que vinha constantemente mostrar-me os caranguejinhos que capturava sob o olhar também atento de um Guarda-rios (Alcedo atthis) que, comigo no interior, insistia em fazer do meu esconderijo o seu poiso. Delicioso!



























































































E, para que o mês acabasse em grande nível, na data em obtive estes registos, dia 29, enquanto me encantava com os elegantes movimentos deste “meu novo amigo”, um Colhereiro (Platalea leucorodia) sobrevoava o estuário à procura de refúgio acolhedor e seguro, que, obviamente, encontrou.