[A propósito do encerramento do insensato calendário venatório para a época 2010/2011 assinalado hoje com o fim dos tiros às Pegas (Pica pica) e às Gralhas-pretas (Corvus corone) !?!?!?!?]
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
OBSERVAÇÃO DE AVES (JANEIRO 2011) (Anexos)
Confirmação da ocorrência de duas novas espécies de PASSERIFORMES
Género Anthus (Petinhas)
Na lista das ocorrências registadas em Dezembro de 2010, quando me referi à Anthus spinoletta (Petinha-ribeirinha), apresentei quatro fotografias de um indivíduo desta espécie, às quais juntei outras seis de uma ave cuja hipótese de se tratar de uma Anthus petrosus (Petinha-marítima) não tinha sido por mim rejeitada. Face a esta indecisão, submeti aquelas imagens, obtidas nos molhes de pedra junto à foz do Cávado, à apreciação de um vasto número de pessoas interessadas ou com conhecimentos em ornitologia.
(visualizar fotos com melhor definição aqui – procurar em Família Motacillidae)
De entre todas as análises ou observações que me chegaram – e agradeço aqui o amplo conjunto de respostas muito válidas e algumas extremamente bem desenvolvidas e fundamentadas – nenhuma contraria a minha convicção, ou seja, não se encontra nas imagens qualquer elemento que exclua a hipótese de ser efectivamente uma A. petrosus.
Ainda assim, entendi que, por si só, a mera avaliação das características físicas da ave não seria suficiente para atestar em absoluto a sua identificação, pelo que continuei a vigiar o pássaro que, para além dos ditos molhes, apenas frequentava os poucos afloramentos rochosos contíguos. E foi precisamente a circunstância deste indivíduo prolongar a sua permanência no habitat típico da A. petrosus durante dois meses (observada em 3 de Dezembro de 2010, em 14 e em 31 de Janeiro de 2011) que me convenceu em definitivo para a identificação desta espécie.
Uma pesquisa aturada de imagens através de motores de busca na sempre questionável internet, levou-me repetidamente a portais de origem escandinava, nos quais encontrei várias aves da subespécie A. p. littoralis em plumagem de inverno e em tudo semelhantes ao indivíduo em análise.
Fica, assim, registada de modo consistente a ocorrência na foz do Cávado da Anthus petrosus (Petinha-marítima). Além de não constar na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte (PNLN) na respectiva caracterização biológica, esta espécie também não está indicada no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, no entanto, a União Internacional para a Conservação da Natureza classifica o seu estatuto de conservação de «Pouco Preocupante». Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. em AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa, referem-se a esta ave como invernante rara.
Conforme já referi anteriormente, este registo foi submetido ao CPR.
À semelhança dos dois meses anteriores, em Janeiro estas aves continuaram nos campos de cultivo de Gandra, contudo, talvez repelidas pelas rapinas, foram observadas com maior regularidade entre os bandos mais pacíficos das espécies aquáticas (patos, garças, gaivotas e limícolas) que frequentam a orla da ínsua sob a ponte velha e a margem direita para jusante.
Família Corvidae
Entre os sete corvídeos de ocorrência regular no nosso país, quatro estão indicados na LISTA DAS ESPÉCIES DE AVES DO DISTRITO DE BRAGA apresentada pelo portal de referência dos ornitólogos nacionais http://www.avesdeportugal.info/: o Garrulus glandarius (Gaio), a Pica pica (Pega). a Corvus corone (Gralha-preta) e o Corvo (Corvus corax). As duas primeiras espécies são residentes comuns nesta região e, por serem conspícuas, têm sido sempre referenciadas nas minhas listas mensais. Por sua vez, as gralhas-pretas, que desde há mais de vinte anos não passam de uma raridade regional (mais informação aqui), estão representadas no estuário do Cávado desde Novembro de 2010 por um pequeno grupo de três indivíduos.
À semelhança dos dois meses anteriores, em Janeiro estas aves continuaram nos campos de cultivo de Gandra, contudo, talvez repelidas pelas rapinas, foram observadas com maior regularidade entre os bandos mais pacíficos das espécies aquáticas (patos, garças, gaivotas e limícolas) que frequentam a orla da ínsua sob a ponte velha e a margem direita para jusante.
Na manhã do dia 21 de Janeiro, ao tentar obter algumas fotos que melhor documentassem o registo da ocorrência das gralhas, sempre muito esquivas, acabei por perceber que, além de um tartaranhão, outro corvídeo de igual cor negra as perseguia insistentemente. Embora isto decorresse a largas dezenas de metros de afastamento, era bem notória a diferença de envergadura entre as três gralhas e este recém-chegado. Após largos minutos de atenta observação, identifiquei algumas características (maior tamanho e robustez da cabeça e do bico) distintivas da quarta e última espécie acima mencionada.
O registo fotográfico possível, apesar da longa distância, revelou que efectivamente estava perante um Corvus corax (Corvo), residente pouco comum «Quase Ameaçado» no território nacional e não mencionado na Lista de Aves referenciadas para o PNLN.
Na LISTA SISTEMÁTICA DAS AVES DE PORTUGAL CONTINENTAL esta ave está classificada na categoria de «espécies registadas num aparente estado selvagem», no entanto, na minha própria lista de aves do estuário do Cávado, e até a obtenção de outros dados, vou incluir o registo desta na categoria de «espécies naturalizadas que ocorrem ou ocorreram apenas como resultado de uma introdução, fuga ao cativeiro ou possivelmente provenientes de populações selvagens mas com a situação não avaliada pelo comité português de raridades», em virtude ser pouco provável a sua presença num meio tão pressionado como o do litoral norte e estar enraizado nesta região o costume de manter corvídeos enjaulados para fins ornamentais que, não raras vezes, escapam àquela condição. Este espécime em particular aparentava não estar familiarizado com a presença humana.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
OBSERVAÇÃO DE AVES (JANEIRO 2011)
Lista anotada e ilustrada das aves observadas no Estuário do Cávado e habitats envolventes
A permanência entre nós de várias espécies de ocorrência restrita ao meio marinho e ribeirinho, classificadas como raridades no território continental nacional, fez-me centrar quase em absoluto as observações nos habitats aquáticos em detrimento do meio envolvente. É, pois, possível que este facto reflicta um deficiente registo do número de espécies presentes na região durante este mês, nomeadamente entre os passeriformes.
(as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito)
(anotações a azul)
(as ilustrações seguem-se ao nome a que correspondem)
(para ver a foto com um pouco mais de detalhe clique em cima da imagem)
ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Anser albifrons (Ganso-grande-de-testa-branca) – esta ave tem demonstrado um comportamento muito arisco, evitando constantemente a aproximação de humanos; as várias fotos entretanto obtidas, apesar de revelarem um indivíduo ainda jovem, não desvendavam a subspécie em presença; a diversa bibliografia consultada apontava para uma maior probabilidade de ocorrência do A. a. albifrons, pelo que quase já tinha definido que seria esta a subespécie identificada; no dia 1 de Fevereiro o abrigo montado na margem direita antes do nascer do sol revelou-se mais eficaz e a ave lá se aproximou, permitindo este registo fotográfico onde se notam com nitidez os tons alaranjados do bico, levando-me a quase concluir que se trata da subspécie A. a. flavirostris; dado que se trata de apenas de um imaturo, permanece por determinar a subespécie - deixo aqui um apelo para a ajuda num diagnóstico seguro
Anas strepera (Frisada)
Anas crecca (Marrequinho)
Anas platyrhynchos (Pato-real)
Netta rufina (Pato-de-bico-vermelho) – no dia 20 foi visto novamente o indivíduo em fase de eclipse
Aythya ferina (Zarro-comum) – uma fêmea
Mergus merganser (Merganso-grande) – permaneceram no estuário os mesmos três indivíduos que chegaram em Dezembro; entretanto mantiveram-se mais afastados do sapal no Forte de São João Batista e percorreram com mais assiduidade a margem direita entre a ponte de Fão e o antigo estaleiro da draga; seguem-se algumas imagens de uma caçada bem sucedida
Ordem Gaviiformes
Família Gaviidae
Gavia immer (Mobelha-grande) – ainda foi observada no primeiro dia do ano
Ordem Podicipediformes
Família Podicipedidae
Tachybaptus ruficollis (Mergulhão-pequeno) – pelo menos dois indivíduos frequentemente avistados entre a ponte de Fão e a da A28 e que no decorrer do mês foram adquirindo a plumagem de Verão
Podiceps nigricolis (Mergulhão-de-pescoço-preto) – um bando com 2 (dois) e outro com 7 (sete) indivíduos facilmente observáveis a partir da marginal de Esposende
Ordem Pelecaniformes
Família Sulidae
Morus bassanus (Ganso-patola) – as condições climatéricas adversas que se verificaram na primeira metade do mês proporcionaram alguns avistamentos ao largo da costa
Família Phalacrocoracidae
Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas)
Ordem Ciconiiformes
Família Ardeidae
Bubulcus ibis (Garça-boieira) – o bando que, juntamente com a espécie que se segue, pernoita num freixo da margem direita, passa as primeiras horas do dia pousado na ínsua sob a ponte de Fão e, à medida que sol levanta, dirigem-se em pequenos grupos para sul; além de campos de cultivo, também visitam regularmente o terreno de uma vacaria em Apúlia junto à EN 13
Egretta garzetta (Garça-branca-pequena)
Ardea cinerea (Garça-real ou G-cinzenta)
Ordem Accipitriformes
Família Accipitridae
Circus aeruginosus (Tartaranhão-dos-pauis ou Águia-sapeira) – confirmada a mesma situação do último Inverno, ou seja, enquanto uma fêmea frequentou o juncal na zona nascente do parque natural, um macho ocupou o prado juncal mais próximo da foz
Buteo buteo (Águia-de-asa-redonda)
Ordem Falconiformes
Família Falconidae
Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)
Falco peregrinus (Falcão-peregrino) – visitas assíduas, várias vezes ao dia, ao sapal junto ao Forte de São João Batista onde capturava com impressionante facilidade as suas presas (pilritos e borrelhos); após as capturas seguia normalmente na direcção das torres de Ofir, mas ainda foi visto a tomar a direcção para nascente e até chegou a pousar na restinga
Ordem Gruiformes
Família Rallidae
Fulica atra (Galeirão) – pelo menos 5 (cinco) indivíduos mantiveram-se durante todo o mês junto à marginal de Fão
Ordem Charadriiformes
Família Charadriidae
Charadrius hiaticula (Borrelho-grande-de-coleira)
Pluvialis apricaria (Tarambola-dourada) – o bando “estacionado” no sapal junto à foz foi estimado em mais de 200 (duzentos) indivíduos
Pluvialis squatarola (Tarambola-cinzenta)
Vanellus vanellus (Abibe)
Família Scolopacidae
Calidris alba (Pilrito-d’areia)
Calidris alpina (Pilrito-comum)
Gallinago gallinago (Narceja)
Limosa lapponica (Fuselo)
Numenius arquata (Maçarico-real) – foram avistados 2 (dois) indivíduos
Tringa nebularia (Perna-verde)
Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)
Arenaria interpres (Rola-do-mar)
Família Laridae
Larus melanocephalus (Gaivota-do-mediterrâneo ou G.-de-cabeça-preta) – no dia 1 foram vistos até 6 (seis) indivíduos (um deles em plumagem de 1º. Inverno)
Larus ridibundus (Guincho)
Larus canus (Gaivota-parda) – no dia 14 foram vistos 3 (três) indivíduos (dois em plumagem de 1º. e outro de 2º. Inverno)
Larus fuscus (Gaivota-de-asa-escura)
Larus michahellis (Gaivota-de-patas-amarelas)
Família Sternidae
Sterna sandvicensis (Garajau-comum)
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
Columba livia (Pombo-da-rocha e Pombo-doméstico)
Columba palumbus (Pombo-torcaz) – observado apenas um indivíduo no núcleo turístico de Ofir
Streptopelia decaocto (Rola-turca)
Ordem Strigiformes
Família Tytonidae
Tyto alba (Coruja-das-torres) – entre algumas observações de aves seguramente desta espécie, foi ainda registado várias vezes em torno da Pousada de Juventude em Fão o vislumbre de uma “rapina nocturna”, supostamente desta espécie, aparentemente com o peito mais escuro
Ordem Coraciiformes
Família Alcedinidae
Alcedo atthis (Guarda-rios)
Ordem Piciformes
Família Picidae
Picus viridis (Peto-verde)
Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)
Ordem Passeriformes
Família Motacillidae
Motacilla cinerea (Alvéola-cinzenta) – apenas um indivíduo
Motacilla alba (Alvéola-branca) – muito abundante
Género Anthus (Petinhas)
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês
Família Troglodytidae
Troglodytes troglodytes (Carriça)
Família Prunellidae
Prunella modularis (Ferreirinha)
Família Turdidae
Erithacus rubecula (Pisco-de-peito-ruivo)
Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto)
Saxicola torquata (Cartaxo-comum)
Turdus merula (Melro-preto)
Turdus philomelos (Tordo-músico)
Família Sylviidae
Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)
Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)
Phylloscopus collybita (Felosa-comum ou Felosinha)
Regulus ignicapillus (Estrelinha-real)
Família Aegithalidae
Aegithalos caudatus (Chapim-rabilongo)
Família Paridae
Parus ater (Chapim-preto)
Parus major (Chapim-real)
Família Certhiidae
Certhia brachydactyla (Trepadeira-comum)
Família Corvidae
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês
Família Sturnidae
Sturnus unicolor (Estorninho-preto)
Família Passeridae
Passer domesticus (Pardal-comum ou Pardal-dos-telhados)
Família Estrildidae
Estrilda astrild (Bico-de-lacre)
Família Fringillidae
Fringilla coelebs (Tentilhão) – abundante
Serinus serinus (Chamariz)
Carduelis chloris (Verdilhão)
Carduelis cannabina (Pintarroxo)
ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Cygnus olor (Cisne-mudo) – a partir dos últimos dias de 2010, o único representante desta espécie que estava “instalado” na zona ribeirinha de Fão foi encontrado diariamente a praticar o voo (muitas vezes entre a 1 e as 2 horas da noite), sempre seguido por um dos Patos-ferrugíneos; nos primeiros dias de Janeiro ainda foram ambos observados nos locais do costume, mas entretanto desapareceram, tendo sido assinalado o regresso dos dois apenas no dia 6 de Fevereiro; juntos, continuam com aquele comportamento
Tadorna ferrugínea (Pato-ferrugíneo) – ver anotação anterior; de referir que o segundo indivíduo desta espécie continuou entre nós durante todo o mês
Cairina moschata (Pato-mudo)
Anas sibilatrix (Piadeira-do-chile) – supostamente híbrido
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