A permanência entre nós de várias espécies de ocorrência restrita ao meio marinho e ribeirinho, classificadas como raridades no território continental nacional, fez-me centrar quase em absoluto as observações nos habitats aquáticos em detrimento do meio envolvente. É, pois, possível que este facto reflicta um deficiente registo do número de espécies presentes na região durante este mês, nomeadamente entre os passeriformes.
(as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito)
(anotações a azul)
(as ilustrações seguem-se ao nome a que correspondem)
(para ver a foto com um pouco mais de detalhe clique em cima da imagem)
ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Anser albifrons (Ganso-grande-de-testa-branca) – esta ave tem demonstrado um comportamento muito arisco, evitando constantemente a aproximação de humanos; as várias fotos entretanto obtidas, apesar de revelarem um indivíduo ainda jovem, não desvendavam a subspécie em presença; a diversa bibliografia consultada apontava para uma maior probabilidade de ocorrência do A. a. albifrons, pelo que quase já tinha definido que seria esta a subespécie identificada; no dia 1 de Fevereiro o abrigo montado na margem direita antes do nascer do sol revelou-se mais eficaz e a ave lá se aproximou, permitindo este registo fotográfico onde se notam com nitidez os tons alaranjados do bico, levando-me a quase concluir que se trata da subspécie A. a. flavirostris; dado que se trata de apenas de um imaturo, permanece por determinar a subespécie - deixo aqui um apelo para a ajuda num diagnóstico seguro
Anas strepera (Frisada)
Anas crecca (Marrequinho)
Anas platyrhynchos (Pato-real)
Netta rufina (Pato-de-bico-vermelho) – no dia 20 foi visto novamente o indivíduo em fase de eclipse
Aythya ferina (Zarro-comum) – uma fêmea
Mergus merganser (Merganso-grande) – permaneceram no estuário os mesmos três indivíduos que chegaram em Dezembro; entretanto mantiveram-se mais afastados do sapal no Forte de São João Batista e percorreram com mais assiduidade a margem direita entre a ponte de Fão e o antigo estaleiro da draga; seguem-se algumas imagens de uma caçada bem sucedida
Ordem Gaviiformes
Família Gaviidae
Gavia immer (Mobelha-grande) – ainda foi observada no primeiro dia do ano
Ordem Podicipediformes
Família Podicipedidae
Tachybaptus ruficollis (Mergulhão-pequeno) – pelo menos dois indivíduos frequentemente avistados entre a ponte de Fão e a da A28 e que no decorrer do mês foram adquirindo a plumagem de Verão
Podiceps nigricolis (Mergulhão-de-pescoço-preto) – um bando com 2 (dois) e outro com 7 (sete) indivíduos facilmente observáveis a partir da marginal de Esposende
Ordem Pelecaniformes
Família Sulidae
Morus bassanus (Ganso-patola) – as condições climatéricas adversas que se verificaram na primeira metade do mês proporcionaram alguns avistamentos ao largo da costa
Família Phalacrocoracidae
Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas)
Ordem Ciconiiformes
Família Ardeidae
Bubulcus ibis (Garça-boieira) – o bando que, juntamente com a espécie que se segue, pernoita num freixo da margem direita, passa as primeiras horas do dia pousado na ínsua sob a ponte de Fão e, à medida que sol levanta, dirigem-se em pequenos grupos para sul; além de campos de cultivo, também visitam regularmente o terreno de uma vacaria em Apúlia junto à EN 13
Egretta garzetta (Garça-branca-pequena)
Ardea cinerea (Garça-real ou G-cinzenta)
Ordem Accipitriformes
Família Accipitridae
Circus aeruginosus (Tartaranhão-dos-pauis ou Águia-sapeira) – confirmada a mesma situação do último Inverno, ou seja, enquanto uma fêmea frequentou o juncal na zona nascente do parque natural, um macho ocupou o prado juncal mais próximo da foz
Buteo buteo (Águia-de-asa-redonda)
Ordem Falconiformes
Família Falconidae
Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)
Falco peregrinus (Falcão-peregrino) – visitas assíduas, várias vezes ao dia, ao sapal junto ao Forte de São João Batista onde capturava com impressionante facilidade as suas presas (pilritos e borrelhos); após as capturas seguia normalmente na direcção das torres de Ofir, mas ainda foi visto a tomar a direcção para nascente e até chegou a pousar na restinga
Ordem Gruiformes
Família Rallidae
Fulica atra (Galeirão) – pelo menos 5 (cinco) indivíduos mantiveram-se durante todo o mês junto à marginal de Fão
Ordem Charadriiformes
Família Charadriidae
Charadrius hiaticula (Borrelho-grande-de-coleira)
Pluvialis apricaria (Tarambola-dourada) – o bando “estacionado” no sapal junto à foz foi estimado em mais de 200 (duzentos) indivíduos
Pluvialis squatarola (Tarambola-cinzenta)
Vanellus vanellus (Abibe)
Família Scolopacidae
Calidris alba (Pilrito-d’areia)
Calidris alpina (Pilrito-comum)
Gallinago gallinago (Narceja)
Limosa lapponica (Fuselo)
Numenius arquata (Maçarico-real) – foram avistados 2 (dois) indivíduos
Tringa nebularia (Perna-verde)
Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)
Arenaria interpres (Rola-do-mar)
Família Laridae
Larus melanocephalus (Gaivota-do-mediterrâneo ou G.-de-cabeça-preta) – no dia 1 foram vistos até 6 (seis) indivíduos (um deles em plumagem de 1º. Inverno)
Larus ridibundus (Guincho)
Larus canus (Gaivota-parda) – no dia 14 foram vistos 3 (três) indivíduos (dois em plumagem de 1º. e outro de 2º. Inverno)
Larus fuscus (Gaivota-de-asa-escura)
Larus michahellis (Gaivota-de-patas-amarelas)
Família Sternidae
Sterna sandvicensis (Garajau-comum)
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
Columba livia (Pombo-da-rocha e Pombo-doméstico)
Columba palumbus (Pombo-torcaz) – observado apenas um indivíduo no núcleo turístico de Ofir
Streptopelia decaocto (Rola-turca)
Ordem Strigiformes
Família Tytonidae
Tyto alba (Coruja-das-torres) – entre algumas observações de aves seguramente desta espécie, foi ainda registado várias vezes em torno da Pousada de Juventude em Fão o vislumbre de uma “rapina nocturna”, supostamente desta espécie, aparentemente com o peito mais escuro
Ordem Coraciiformes
Família Alcedinidae
Alcedo atthis (Guarda-rios)
Ordem Piciformes
Família Picidae
Picus viridis (Peto-verde)
Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)
Ordem Passeriformes
Família Motacillidae
Motacilla cinerea (Alvéola-cinzenta) – apenas um indivíduo
Motacilla alba (Alvéola-branca) – muito abundante
Género Anthus (Petinhas)
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês
Família Troglodytidae
Troglodytes troglodytes (Carriça)
Família Prunellidae
Prunella modularis (Ferreirinha)
Família Turdidae
Erithacus rubecula (Pisco-de-peito-ruivo)
Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto)
Saxicola torquata (Cartaxo-comum)
Turdus merula (Melro-preto)
Turdus philomelos (Tordo-músico)
Família Sylviidae
Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)
Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)
Phylloscopus collybita (Felosa-comum ou Felosinha)
Regulus ignicapillus (Estrelinha-real)
Família Aegithalidae
Aegithalos caudatus (Chapim-rabilongo)
Família Paridae
Parus ater (Chapim-preto)
Parus major (Chapim-real)
Família Certhiidae
Certhia brachydactyla (Trepadeira-comum)
Família Corvidae
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês
Família Sturnidae
Sturnus unicolor (Estorninho-preto)
Família Passeridae
Passer domesticus (Pardal-comum ou Pardal-dos-telhados)
Família Estrildidae
Estrilda astrild (Bico-de-lacre)
Família Fringillidae
Fringilla coelebs (Tentilhão) – abundante
Serinus serinus (Chamariz)
Carduelis chloris (Verdilhão)
Carduelis cannabina (Pintarroxo)
ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Cygnus olor (Cisne-mudo) – a partir dos últimos dias de 2010, o único representante desta espécie que estava “instalado” na zona ribeirinha de Fão foi encontrado diariamente a praticar o voo (muitas vezes entre a 1 e as 2 horas da noite), sempre seguido por um dos Patos-ferrugíneos; nos primeiros dias de Janeiro ainda foram ambos observados nos locais do costume, mas entretanto desapareceram, tendo sido assinalado o regresso dos dois apenas no dia 6 de Fevereiro; juntos, continuam com aquele comportamento
Tadorna ferrugínea (Pato-ferrugíneo) – ver anotação anterior; de referir que o segundo indivíduo desta espécie continuou entre nós durante todo o mês
Cairina moschata (Pato-mudo)
Anas sibilatrix (Piadeira-do-chile) – supostamente híbrido