quinta-feira, 28 de julho de 2011

(Capítulo II - Elymus farctus) FLORA DOS SISTEMAS DUNARES DO LITORAL NORTE

Feno-das-areias
Elymus farctus (Viv.) subsp. boreo-atlanticus (Simonet & Guinochet) Melderis


FAMÍLIA: Gramineae

































Características:

Planta vivaz, ou seja, tem um período de vida superior a dois anos. Caracteriza-se pelos seus longos rizomas (caules subterrâneos que lembram raízes) a partir dos quais crescem até atingir uma altura máxima de 60 cm. Este factor permite à planta evitar o soterramento e alastrar-se com facilidade, mas também evita o desenterramento total em episódios de forte erosão. As folhas são lisas e brilhantes e enrolam-se para evitar evaporação. As fendas por onde se processam as trocas gasosas encontram-se na parte inferior da folha, mais protegida do sol. Tolera breves submersões por água do mar, adapta-se bem a baixas percentagens de nutrientes no solo e suporta a elevada salinidade do ar marítimo.


Habitat:

É junto à vegetação que se acumula a areia antes transportada pelo vento. Esta espécie é responsável pela primeira grande fase de colonização das areias marítimas, entretanto sujeitas a grande dinamismo. Ao ser coadjuvada por outras plantas pioneiras, provocam o aumento e a estabilização da forma dunar denominada por «Duna móvel embrionária».


Floração:

Em Junho e Julho.


Distribuição e estado de conservação:

Bem disseminada desde as praias da Escandinávia até Portugal, passando pela Escócia, sobretudo onde não haja muita pressão antrópica.


Ameaças:

Obras de engenharia pesada, pisoteio, subida do nível do mar e consequente erosão costeira.



Referências bibliográficas e outras (aqui)



sábado, 23 de julho de 2011

OBSERVAÇÃO DE AVES (MAIO 2011) (2º. Anexo)

Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de PASSERIFORME (Correcção)
 
Família Alaudidae
 
Na sequência do meu primeiro registo da Cotovia-de-poupa no estuário do Cávado, verificado em Dezembro de 2010, no início do presente ano desenvolvi aqui um apontamento sobre esta Família de aves que podemos dividir em dois grupos: as Calhandras e as Cotovias. Relativamente às segundas, importa referir, novamente, que das quatro espécies existentes em Portugal Continental, apenas a já referida Galerida cristata (Cotovia-de-poupa), e a Alauda arvensis (Laverca) já foram por mim confirmadas neste estuário. Quanto às outras duas “cotovias”, é de salientar que a Lullula arborea (Cotovia-dos-bosques ou Cotovia-pequena) pode ser encontrada no concelho de Esposende, mas fora dos limites do Parque Natural do Litoral Norte, enquanto a última, a Galerida theklae (Cotovia-escura ou Cotovia-do-monte), apenas ocorre no sul e no interior do nosso país.
 
Relativamente às “calhandras”, em Janeiro referi muito sumariamente que “se distribuem sobretudo pelo sul e interior do País”. Porém, se quisesse ter desenvolvido um pouco mais o assunto, deveria ter dito que, além de uma espécie já extinta entre nós, há a considerar a ocorrência no nosso território da Melanocorypha calandra (Calhandra-real), residente rara a pouco comum, da Calandrella rufescens (Calhandrinha-das-marismas), residente rara e localizada, e da Calandrella brachydactyla (Calhandrinha), estival pouco comum. De qualquer forma, entendia que a distribuição de todas elas no litoral norte seria altamente improvável.
 
Mas já então constava nos meus apontamentos a interrogação acerca do registo de alguns espécimes desta Família que encontrava no início de cada período estival muito localizadamente no cordão dunar junto ao estuário do Cávado. Apesar de há vários anos os anotar no meu caderno de campo como Lavercas, ainda não tinha rejeitado completamente a hipótese de se tratarem das menos rara das calhandras. Até que desde há um ano sucedeu-se uma série de factos que me trouxeram até esta “correcção”.
 
Em 19 de Maio de 2010, desloquei-me à restinga do Cávado para registar em fotos a presença dos tais alaudídeos que ainda me intrigavam. Naquela data, já o irreversível processo do avanço do mar, tinha destruído metade daquele areal, onde em primaveras anteriores cheguei a observar em simultâneo 4 (quatro) alaudídeos (muito provavelmente mais) nos seus característicos voos acompanhados de incessantes vocalizações. Conforme o que mencionei aqui, confirmei em absoluto a reprodução dos apenas dois espécimes então detectados (talvez devido à grande perda de habitat), apresentei-os como Lavercas, mas, entre as imagens obtidas, repetiram-se algumas como esta:



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As manchas escuras de cada lado do pescoço, difícil de detectar no campo mas muito bem expostas aqui, quase me levaram a concluir tratar-se da Calhandrinha, no entanto, preferi aguardar antes assumir essa decisão como certa.
 
Entretanto são publicadas as duas últimas grandes obras de referência da ornitologia nacional: - ATLAS DAS AVES NIDIFICANTES EM PORTUGAL. (1999-2005) - Equipa Atlas (2008) - Instituto da Conservação da Natureza, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim. Lisboa, e AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. Assírio & Alvim, Lisboa. Enquanto no segundo livro apenas é admitida a “quase” ausência da Calhandrinha no litoral norte, o primeiro já confirma a sua distribuição nas dunas de Esposende.
 
Depois disso, em 19 de Abril último, a “atenta” teleobjectiva do poveiro Sérgio Silva, captou aqui perto, nas dunas da Aguçadoura – Póvoa de Varzim, uma ave, que identificou como Calhandrinha (ver aqui), muito semelhante às que tenho observado junto à foz do Cávado.
 
E, por fim, após uma primeira publicação neste blogue (entretanto cancelada) desta foto:



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
obtida em 27 de Maio de 2011, chegou-me a experimentada, insuspeita e muito oportuna opinião do Pedro Ramalho, das Caldas da Rainha, a corrigir-me a identificação da ave, confirmando-se, assim, em absoluto, a presença da Calandrella brachydactyla (Calhandrinha) na área em estudo.
 
De salientar que na única deslocação ao seu frágil habitat de ocorrência, no último mês de Maio apenas observei o indivíduo fotografado e respectivo(a) parceiro(a), os quais frequentavam precisamente o mesmo local onde o ano passado atestei a sua reprodução.
 
Esta espécie, que consta no Anexo A-I da Directiva Aves, é apresentada no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal com o estatuto de conservação «Pouco Preocupante», no entanto, o supramencionado livro Aves de Portugal refere-se ao notado declínio das suas populações na Península Ibérica.
 
Tanto no portal avesdeportugal, como na «Lista de espécies de aves referenciadas para o Parque Natural do Litoral Norte», não está indicada a sua ocorrência no estuário do Cávado.

 
NOTA IMPORTANTE:
 
Assim, é necessário corrigir que as quatro primeiras fotos que na XVIII parte do meu estudo sobre a Ornitologia do Estuário do Cávado acompanham a apresentação da Laverca correspondem em concreto à Calhandrinha.
 
Também deve ser corrigida a confirmação das Lavercas enquanto reprodutoras nos sistemas dunares adjacentes ao Cávado, que, em Junho de 2010, aqui referi. Passam, assim, as Calhandrinhas a serem consideradas nidificantes nesta região.
 
E, por fim, na última “Actualização anual da lista das espécies de aves por mim identificadas no Estuário do Rio Cávado, nos habitats terrestres envolventes e ao largo no meio marinho (dentro dos limites do Parque Natural do Litoral Norte)”, aqui publicada, a Laverca deve ser considerada apenas Invernante.

 

domingo, 17 de julho de 2011

OBSERVAÇÃO DE AVES (JUNHO 2011)

Lista anotada e ilustrada das aves observadas no Estuário do Cávado e habitats envolventes

No primeiro dos dois meses menos interessantes do ano para a “observação das aves”, praticamente não efectuei visitas ao estuário do Cávado com aquele propósito em particular. De qualquer modo, é-me impossível numa mera passagem por aqueles locais não dirigir um olhar atento sobre as espécies que vou identificando e que acabo sempre por registar no meu bloco de notas. A lista que se segue é, pois, o resultado de apenas isso.


(as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito)
(anotações a azul)
(as ilustrações seguem-se ao nome a que correspondem)
(para ver a foto com um pouco mais de detalhe clique em cima da imagem)


ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM


Ordem Anseriformes

Família Anatidae

Anas platyrhynchos (Pato-real)


Ordem Galliformes

Família Phasianidae

Coturnix coturnix (Codorniz)no dia 13 encontrei um indivíduo no pinhal de Fão junto ao início do “caminho do meio”


Ordem Pelecaniformes

Família Phalacrocoracidae

Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas) até metade do mês ainda se podia observar um ou outro indivíduo isolado, sobretudo na língua de areia na maré baixa a jusante da “ínsua” sob a ponte metálica


Ordem Ciconiiformes

Família Ardeidae

Egretta garzetta (Garça-branca-pequena) – indivíduos isolados ou aos pares mas em números que seguramente não ultrapassam a meia dúzia

Ardea cinerea (Garça-real ou G-cinzenta) – indivíduos isolados ou aos pares mas em números que seguramente não ultrapassam a meia dúzia

Família Ciconiidae

Ciconia ciconia (Cegonha-branca)tornou-se um hábito observar-se um ou dois indivíduos a sobrevoar as margens do estuário, principalmente a direita


Ordem Accipitriformes

Família Accipitridae

Accipiter nisus (Gavião)

Buteo buteo (Águia-de-asa-redonda)


Ordem Falconiformes

Família Falconidae

Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)


Ordem Charadriiformes

Família Charadriidae

Charadrius hiaticula (Borrelho-grande-de-coleira)

Charadrius alexandrinus (Borrelho-de-coleira-interrompida)logo desde os primeiros dias já se observavam vários imaturos nos lodaçais ou nos habitats dunares

Pluvialis squatarola (Tarambola-cinzenta)

Família Scolopacidae

Calidris canutus (Seixoeira)NÃO OBSERVADA EM JUNHO – por lapso não indiquei a observação de um indivíduo desta espécie no dia 20 de Maio na margem direita cerca entre a ponte metálica e o antigo estaleiro da draga, apresentando notória plumagem estival

Calidris alpina (Pilrito-comum)

Numenius phaeopus (Maçarico-galego)no final do mês ainda era possível encontrar, pelo menos, dois individuos

Tringa nebularia (Perna-verde)

Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)

Família Laridae

Larus ridibundus (Guincho)

Larus fuscus (Gaivota-de-asa-escura)

Larus michahellis (Gaivota-de-patas-amarelas)confirmei a nidificação desta espécie num telhado em plena zona urbana da Póvoa de Varzim (já no ano passado tinha verificado igual situação - três ninhos - no centro histórico da cidade do Porto)


Ordem Columbiformes

Família Columbidae

Columba livia (Pombo-da-rocha e Pombo-doméstico)

























Columba palumbus (Pombo-torcaz)
 
Streptopelia decaocto (Rola-turca)






 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ordem Strigiformes
 
Família Tytonidae
 
Tyto alba (Coruja-das-torres)
 
Família Strigidae
 
Athene noctua (Mocho-galego)na noite do dia 10, em Fão, ao tentar localizar, através das respectivas vocalizações, algumas aves de hábitos nocturnos num descampado junto ao infantário da Santa Casa, zona onde, nesta época, habitualmente detecto uma Coruja-do-mato e alguns Noitibós, a determinada altura decifrei o inconfundível “piar queixoso” de uma destas aves que logo se afastou
 
Strix aluco (Coruja-do-mato) pelo menos um indivíduo frequenta toda a faixa que se estende pela orla do pinhal entre o antigo campo de futebol de Fão, a zona dos Lírios e o antigo Pinhal da Bonança; as fotos obtidas não se prestam a serem aqui exibidas

 
Ordem Caprimulgiformes
 
Família Caprimulgidae
 
Caprimulgus europaeus (Noitibó)

 
Ordem Apodiformes
 
Família Apodidae
 
Apus apus (Andorinhão-preto)

 
Ordem Coraciiformes
 
Família Alcedinidae
 
Alcedo atthis (Guarda-rios)no final do mês já se avistavam vários adultos a tentarem dispersar as crias
 
Família Upupidae
 
Upupa epops (Poupa)

 
Ordem Piciformes
 
Família Picidae
 
Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)

 
Ordem Passeriformes
 
Família Alaudidae
 
Galerida cristata (Cotovia-de-poupa)observado um indivíduo num campo de cultivo da margem direita imediatamente a jusante da ponte metálica (precisamente o mesmo local onde ocorreu a primeira ave desta espécie por mim observada no estuário do Cávado)
 
Família Hirundinidae
 
Riparia riparia (Andorinha-das-barreiras)
 
Hirundo rústica (Andorinha-das-chaminés)
 
Delichon urbicum (Andorinha-dos-beirais)
 
(De referir que não me desloquei até junto do ninho das Andorinhas-dáuricas, motivo pelo qual não posso confirmar a sua presença na região)
 
Família Motacillidae
 
Motacilla flava (Alvéola-amarela)
 
Motacilla alba (Alvéola-branca)
 
Família Troglodytidae
 
Troglodytes troglodytes (Carriça)
 
Família Prunellidae
 
Prunella modularis (Ferreirinha)
 
Família Turdidae
 
Erithacus rubecula (Pisco-de-peito-ruivo)
 
Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saxicola torquata (Cartaxo-comum)
 
Turdus merula (Melro-preto)
 
Turdus philomelos (Tordo-músico)
 
Família Sylviidae
 
Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)
 
Hippolais polyglotta (Felosa-poliglota)




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)
 
Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)








 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regulus ignicapillus (Estrelinha-real)
 
Família Aegithalidae
 
Aegithalos caudatus (Chapim-rabilongo)
 
Família Paridae
 
Parus cristatus (Chapim-de-poupa)não tem sido frequente o meu encontro com estas aves, pelo que aqui destaco a observação de alguns espécimes no pinhal de Fão
 
Parus ater (Chapim-preto)
 
Parus major (Chapim-real)
 
Família Certhiidae
 
Certhia brachydactyla (Trepadeira-comum)
 
Família Corvidae
 
Garrulus glandarius (Gaio) – encontrados com facilidade em zonas do pinhal onde não são habituais, nomeadamente junto à estalagem “Parque do Rio”, onde se tornam muito barulhentos enquanto tentam fazer a prole afastar-se
 
Pica pica (Pega) – pouco simpáticas com os congéneres anteriores quando lhes ocupam o território
 
Família Sturnidae
 
Sturnus unicolor (Estorninho-preto)
 
Família Passeridae
 
Passer domesticus (Pardal-comum ou Pardal-dos-telhados) – para os menos habituados, as quatro primeiras fotos correspondem ao macho, a quinta a uma fêmea e as restantes a um imaturo (atentem também à espécie seguinte, muitas vezes confundida com esta, mas que pode muito facilmente ser distinguida através da pinta preta da face)










 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passer montanus (Pardal-montês) – não tem sido frequente o meu encontro com estas aves, pelo que aqui destaco a observação de alguns espécimes no estuário; de salientar que a pequena comunidade destas aves que há vários anos nidificam junto ao estádio de futebol de Fão, apesar das obras da nova escola, continuam a nidificar no local




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Família Estrildidae
 
Estrilda astrild (Bico-de-lacre)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Família Fringillidae
 
Serinus serinus (Chamariz)
 
Carduelis chloris (Verdilhão)



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carduelis cannabina (Pintarroxo)
 
Família Emberizidae
 
Emberiza cirlus (Escrevedeira-de-garganta-preta)
 



 
ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES

 
Ordem Anseriformes
 
Família Anatidae
 
Cairina moschata (Pato-mudo)
 
Anas sibilatrix (Piadeira-do-chile) – o mesmo indivíduo supostamente híbrido dos meses anteriores