quinta-feira, 30 de julho de 2009

ORNITOLOGIA (1ª. Emenda)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado


Quando decidi aqui apresentar um ensaio sobre a avifauna do Estuário do Cávado com as características do que estou a desenvolver, sabia a priori que a respectiva informação permaneceria, e assim continuará certamente, ferida de diversas omissões, em virtude de parte considerável da informação apresentada ser o mero resultado da experiência de apenas um observador que se dedica a esse estudo de modo amador. Não estou a referir-me, como já deixei expresso logo na nota introdutória, ao facto de não estender a atenção para a biologia particular de cada uma das aves enumeradas (não me arrogo a acrescentar qualquer elemento novo e relevante em relação ao que já podemos encontrar nos incontáveis “guias de aves” ao dispor de todos), mas antes à própria catalogação e ilustração das várias espécies registadas e ainda alguns esclarecimentos sobre a abundância e os períodos ou épocas de ocorrência nesta região em particular.

Naturalmente, à medida que os anos avançam, e apesar de já terem decorrido mais do que uma dúzia de anos desde o início da minha própria inventariação das aves desta região, vou sempre registando novas ocorrências e evidências que, normalmente, não passam de simples confirmações do que já consta noutros documentos e estudos dedicados ao mesmo tema concretizado por especialistas ou académicos.

Assim, julgo que neste momento já será oportuno adicionar alguns conhecimentos e também ilustrações que entretanto fui obtendo conforme me ia adiantando nesta exposição. Além do anúncio de três novas espécies identificadas, acrescentarei novos elementos sobre uma outra a que dediquei muita atenção neste Verão, serão também aqui publicadas fotos de aves cujo texto de apresentação não foi ilustrado com qualquer imagem, ou ainda outras que se justificam na medida em que a qualidade das já expostas é medíocre e, por fim, vou assinalar com modestos registos fotográficos alguns espécimes que este ano se reproduziram em habitats envolventes ao estuário e que entendo ser um facto relevante.


NOVAS ESPÉCIES IDENTIFICADAS


Ordem Falconiformes

Família Falconidae
(uma espécie)


Falco subbuteo (Ógea)

Esta congénere do já enunciado Peneireiro-vulgar, com o qual partilha muitas parecenças, consta na «Lista de aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte (PNLN)», contudo o biótopo existente nesta área protegida onde ocorre a espécie não está ali indicado. Segundo testemunhas locais, esta rapina já terá sido observada em várias ocasiões na região, nomeadamente a sobrevoar o próprio Estuário do Cávado.

Quando aqui apresentei o referido Peneireiro, não indiquei, naquele momento, qualquer espécie que se lhe pudesse assemelhar, em virtude de ainda não ter confirmado na área em estudo a ocorrência da Ógea, ave estival e migradora de passagem a que está atribuído o estatuto de conservação de “Vulnerável”. Sem querer estar a fugir demasiado ao rigor, reconheço que em vários episódios ao longo de mais de dez anos avistei falconídeos no estuário, principalmente junto à restinga, nos quais me resultava, por vezes, a dúvida na identificação por considerar a possibilidade de se tratar de uma destas duas espécies. As diferenças mais notáveis entre ambas serão o facto da Ógea ser bastante mais escura no peito, no dorso e nas asas (tanto por cima com na parte inferior), mas sobretudo por ter as penas infracaudais (zona envolvente às patas) avermelhadas.

No dia 24 de Junho do presente ano, sensivelmente às 21.30 horas, com o sol-posto mas o céu ainda bastante claro, a temperatura elevada e insectos a abundarem pelo ar, quando me encontrava no acesso à praia da Sra. da Bonança em Fão, surgiu-me subitamente a menos de dois metros mesmo por cima da cabeça uma Ógea que investiu sobre um escaravelho em voo, falhou, mas voltou a sobrevoar-me exibindo perfeitamente as infracaudais cor de ferrugem, capturou aquela presa (além de insectos, ainda se podem alimentar de pequenas aves) e seguiu rapidamente na direcção da capela onde deixei de a avistar.

E ficou assim registada a minha primeira observação confirmada desta espécie, conhecida pelo hábito de caçar insectos durante o período crepuscular.


Ordem Charadriiformes

Família Laridae

(uma espécie)


Larus melanocephalus (Gaivota-do-mediterrâneo ou G.-de-cabeça-preta)





































É uma espécie que também já está mencionada na «Lista de aves referenciadas para o PNLN», estando, aliás, definida como de conservação prioritária para esta a área protegida. Aqui estão indicados como biótopos de ocorrência as “águas estuarinas”, o “sapal” e os “lodaçais e areias a descoberto na maré baixa”.

No território nacional (continente), esta ave, com estatuto de conservação “Pouco Preocupante”, é considerada invernante e, segundo dados facultados pela SPEA, é uma migradora de passagem abundante, motivo pelo qual já dediquei algumas horas a tentar registar o seu trânsito ao largo da costa, mas que nunca confirmei, nem mesmo acompanhado por outros observadores nos dias RAM durante o ano de 2008 (Rede de Observação de Aves e Mamíferos Marinhos), talvez porque em voo é praticamente igual ao congénere Guincho. Quando pousada, a Gaivota-do-mediterrâneo distingue-se daquele “parente” por ter a cabeça completamente preta, inclusive a nuca que no Guincho é sempre branca, e também por ter o bico bem mais grosso notando-se bem a cor vermelha.

No último dia 26 de Junho, cerca das 12.00 horas, quando regressava de uma jornada matinal de observação de aves pela beira Cávado, no seio de um bando composto por várias gaivotas que habitualmente se encontram pousadas a descansar num banco de areia em frente ao denominado “Cais do Minguinhos” mas na margem oposta em Gandra, avistei uma Gaivota-do-mediterrâneo que, por estar entre alguns Guinchos, logo percebi as diferenças e prontamente identifiquei com recurso aos binóculos. Entretanto registei o momento com as fotografias que acompanham este texto. Pelo resultado dessas imagens não ser satisfatório, devido à distância que ainda era considerável e à falta de estabilidade do barco onde me encontrava, aproximei-me, mas logo que pus pé em terra (areia) firme o espécime logo debandou para outro areal em frente ao Clube Náutico de Fão onde permaneceu ainda mais afastado.

E foi nestas circunstâncias que, também pela primeira vez na região, atestei a ocorrência desta espécie que, além do que já está referido, ainda consta no anexo A-I da Directiva Aves.



Ordem Strigiformes

Família Strigidae
(uma espécie)


Asio otus (Bufo-pequeno)



















Apetece-me dizer: - “ainda bem que só agora consegui este singelo registo”, pois, assim, ainda fui a tempo de conseguir convencer a Sofia a concluir a admirável ilustração que lhe pedi aquando da abordagem às Aves de Rapina Nocturnas, altura em que não dispunha de qualquer fotografia que documentasse visualmente esta ordem das aves.

E são sem dúvida muito belas! Mas há um senão. Para as encontrar assim, pousadas (a posar), ou somos bafejados pela sorte, ou então temos de ser muito persistentes e aceitar a adversidade de percorrer longos quilómetros durante largas horas nas condições adversas causadas pela escuridão total que se faz sentir pela extensa mata na orla dos campos agrícolas entre Fão e Apúlia.

Não sendo um grupo de aves a que prestei a devida atenção ao longo destes últimos anos, convenci-me a dedicar neste Verão algumas horas na busca de informação de campo que me permitisse completar algumas lacunas nos dados de que disponho. E como, julgo, nesta coisa da observação de aves o ideal é fazê-lo isolado e discretamente silencioso, tenho-me sujeitado a alguns arrepios de medo, confesso, para testemunhar a imensa actividade crepuscular e nocturna dos biótopos de ocorrência potencial destas aves, que é como quem diz, a “Mata Dunar de Pinheiro e Folhosas” e os “Terrenos de uso Agrícola”. E foi precisamente numa zona de transição entre estes dois tipos de habitats, já na Apúlia, que pelas 22.00 horas do dia 16 do presente mês encontrei o exemplar da fotografia em anexo, calmamente pousado na cerca de um campo de cultivo, a girar constantemente a cabeça de um lado para o outro, qual radar perscrutando o solo na busca de pequenos mamíferos de que se alimenta.

O primeiro vislumbre da ave, que já consta na «Lista de aves referenciadas para o PNLN», foram dois pontos brilhantes (o reflexo dos olhos) perante o foco de luz da minha lanterna a cerca de 50 metros de distância e, embora não a tenha identificado de imediato, confirmei pela primeira vez a ocorrência desta espécie na zona, logo após ter notado no visor da máquina fotográfica os tufos auriculares (que fazem lembrar as orelhas nos mamíferos) de que, além deste, apenas o gigantesco Bufo-real (Bubo bubo) e o Mocho-d’orelhas (Otus scops) dispõem. Nas fotos em que não se percebem estes tufos, a ave torna-se muito parecida com a também castanha Coruja-do-mato. A título de curiosidade, adianto que esta fotografia foi obtida porque o animal ainda me permitiu a aproximação até à distância de uns 30 metros, assim permanecendo cerca de um minuto aparentemente sereno, sendo apenas projectada a luz insuficiente do flash incorporado na dita máquina, auxiliada pelo feixe luminoso da referida lanterna. Desde então, num raio de poucas centenas de metros e em circunstâncias similares, ou seja, num poleiro elevado com uma boa perspectiva sobre os campos agrícolas em redor, tenho observado ave(s) desta espécie (provavelmente a mesma), mas jamais me foram permitidas aproximações com os tempos de “pose” como no primeiro episódio (registo apenas que na noite do dia 22 uma pousou mesmo em cima do capot do meu carro imobilizado, mas, em poucos instantes, afastou-se pela escuridão perseguindo outra que passou em voo rasante).

Acrescente-se que, apesar de em termos de estatuto de conservação os parcos conhecimentos sobres estas aves resultarem em Informação Insuficiente, a SPEA considera-a uma espécie invernante e residente pouco comum.



NOVOS DADOS


Caprimulgus europaeus (Noitibó)



















Por altura da apresentação desta ave (parte XV), no ponto 3, referindo-me à abundância em que a espécie ocorreria na região, logo admiti que não dispunha de informação de campo suficiente para avaliar correctamente esse parâmetro.

Conforme o referido na espécie anterior, em resultado da atenção que orientei para as aves de hábitos crepusculares e nocturnos desde meados do mês de Junho último, acabei por concluir que o Noitibó é efectivamente uma ave muito comum por toda a mata dunar de pinheiro e folhosas entre as povoações de Fão e da Apúlia, principalmente onde hajam pequenas clareiras ou na orla dos campos de cultivo. Embora esta ave tenha a particularidade de não se deixar avistar com facilidade, se nos encontrarmos no seio do pinhal, torna-se praticamente impossível, logo após o ocaso, não sermos brindados com um “solo” do seu canto inconfundível, perfeitamente evidente entre o coro contínuo das rãs, relas, cigarras e outros insectos estivais.

Durante as incontáveis horas que os “persegui” nestas derradeiras semanas, foram muitos os momentos em que me apercebi com clareza das suas silhuetas a sobrevoar-me e a poisar num pinheiro próximo, a partir do qual começavam logo a vocalizar o irrrrrrrrr urrrrrrrrr irrrrrrrr urrrrrrrr… incessante que, apesar da minha aproximação com a luz da lanterna em riste na direcção daquele som, ainda se prolongava quase imperturbável. Todavia, o vulto ou um mero vislumbre dos seus corpos teimou sempre em não surgir, e quando muito lá via um ponto muito brilhante, que mais não era do que o reflexo de um dos seus olhos a fitar-me, enquanto o resto do corpo permanecia ocultado pelo ramo em que estava pousado. Assim, ainda que já me tivessem chegado vários testemunhos de quem os tenha observado a poucos palmos de distância, fotografá-los tornou-se numa tarefa que ainda não consegui concretizar. De entre os episódios mais “constrangedores” em que o tentei fazer, destaco o dia em que fotografei o Pica-pau (abaixo), pouco depois das 10 horas da manhã, sol alto, luz óptima, eu praticamente imóvel e convenientemente escondido e, de súbito, um Noitibó começou a vocalizar a partir do chão, afastado a não mais do que três ou quatro metros e, por entre o monte de folhas e de ramos caídos, desesperado, não encontrei a ave, tal é a sua capacidade de se camuflar.

Para quem tenha ficado curioso e pretenda observar estas aves comodamente, sem se sujeitar às “pouco apelativas” sombras nocturnas da mata, logo que o sol se ponha, deve deslocar-se mesmo em automóvel até junto do estádio de futebol em Fão e, fixando o olhar no céu ainda claro, principalmente nos dias quentes, procurar os seus movimentos irregulares com mudanças de direcção bruscas, ou então aguardar pelos sons, tanto das suas vocalizações características como das suas advertências batendo a asas (que lembram o som da pancada entre duas mãos com os dedos fechados). Se porventura virem algum a pousar, apontem um foco de luz para a respectiva árvore e será possível que dali notem um dos seus olhos a brilhar.

Ao ler este texto, solidária, a Sofia, percebeu a frustração e acedeu à minha vontade para que estas palavras fossem ilustradas com um dos seus desenhos (partindo da fotografia de um Noitibó disponível no portal “oiseaux.net” da autoria de Jean-Marc Rabby).



ESPÉCIES JÁ ENUNCIADAS CUJA APRESENTAÇÃO NÃO FOI ILUSTRADA


Streptopelia turtur (Rola ou Rola-brava)






































Em Junho último aproveitei a (ainda) presença habitual destas aves estivais e os breves períodos de acalmia que lhes são concedidos antes da abertura do calendário venatório (já a 15 de Agosto), para as visitar na orla do pinhal pelos campos agrícolas, uns com o milho ainda jovem e outros que permanecerão em descanso por cultivar, e assim registar com algumas fotos a sua ocorrência na região.
(Apresentação da espécie sem foto na Parte XIII.)


Regulus ignicapillus (Estrelinha-real)



















Apesar de nesta imagem ainda ser possível “adivinhar” um pouco da sua coroa ou crista dourada contornada a preto, não se torna evidente o conjunto tenuemente colorido da sua plumagem, mas no decorrer deste mês não pude desperdiçar a “prenda” que este pitoresco exemplar me concedeu de o fotografar a poucos metros de distância e, coisa rara, sem se mover por uns preciosos instantes.
(Apresentação da espécie sem foto na Parte XX.)



ESPÉCIES JÁ ENUNCIADAS CUJA APRESENTAÇÃO FOI ILUSTRADA DEFICIENTEMENTE


Ardea purpurea (Garça-imperial ou G-vermelha)









































































Conforme já vem ocorrendo há mais de dez anos, sempre a partir de Julho, mais uma vez estamos a ter a privilegiante visita deste “símbolo da elegância” da avifauna. Como sempre, estive atento à sua chegada desde o início do mês, o que registei no dia 6, e lá dediquei algum tempo a tentar melhorar o meu modesto acervo fotográfico que, neste caso específico, não era difícil de conseguir, tal era a má qualidade dos registos anteriores. Em virtude daqueles planos do animal a levantar voo em fuga, como na última foto, traduzirem um certo desconforto da ave, ainda que seja resultado do mero descuido do fotógrafo (ou observador), fiz questão de também lhe fazer uma “espera”, que obviamente se tornou demorada, para assim obter uma imagem da ave calmamente pousada em actividade de caça (ou pesca, como quiserem).
(Apresentação da espécie na Parte IV.)


Circus aeruginosus (Tartaranhão-dos-pauis ou Águia-sapeira)



















Julgo que uma das sequências apresentadas neste “ensaio” com pior ilustração terá sido, porventura, a das Aves de Rapina, no mês de Março. Por tal motivo, e desde então, passei a estar mais atento a este grupo em particular e tentei, na medida do possível e tendo em conta que o material usado não me permite grandes resultados, melhorar a qualidade das imagens. Assim, e considerando que já restariam poucas semanas para termos por cá este espécime, esperei-o nos locais de ocorrência habitual (juncal) e na manhã do dia 27 de Abril, com os lodaçais do estuário pejados de pequenas aves limícolas (em pausa na migração de passagem), ainda consegui esta foto que, apesar de tudo, já ilustra menos mal a envergadura altiva da ave.
(Apresentação da espécie na Parte VIII.)


Milvus migrans (Milhafre-preto)



















Esta coisa de nos demorarmos algumas horas interessados no que passa nos nossos céus, multiplica-nos as possibilidades de captarmos as escassas passagens acidentais de espécies como esta, ainda invulgares por estas paragens. E foi precisamente o que aconteceu neste caso. Não procurei activamente esta ave em particular. Apenas olhei para o céu no sítio certo à hora certa (e com a máquina fotográfica por perto, claro!). Assim, datado de finais de Junho passado, aqui fica o registo ainda sofrível desta rapina, mas relativamente melhor que o primeiro (reparem na cauda bifurcada que, entre as aves de presa, apenas é evidenciada nos Milhafres).
(Apresentação da espécie na Parte VIII.)


Hieraaetus pennatus (Águia-calçada)



















Imagem obtida no mesmo dia da ave anterior (também em passagem). Os dias quentes propiciam estes felizes acasos com uma melhoria considerável nos nossos registos.
(Apresentação da espécie na Parte VIII.)


Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)



















Este espécime em particular tem frequentado desde há, pelo menos, um ano a zona da restinga do Cávado junto ao extremo norte do pinhal, onde é facilmente encontrado a caçar ou a vigiar pousado nos postes eléctricos. No último mês a ave tem aproveitado a recente intervenção para controlo das infestantes acácias, o que lhe proporcionou melhores condições de visibilidade pela ausência de vegetação rasteira, e, desse modo, ali passa muito tempo a peneirar (como na foto) à espreita das suas presas que tem capturado com relativo sucesso. Assim, com alguma paciência, mesmo a partir do interior do automóvel, é possível fotografar estas aves a distâncias muito curtas.
(Apresentação da espécie na Parte VIII.)


Upupa epops (Poupa)























































Com os dias a aquecerem e a repetirem-se os encontros com estas aves encantadoras, torna-se difícil resistirmos à tentação e, não tarda, começaremos a experimentar fotografá-las tão perto quanto possível. Mas, também cedo, e apesar de serem aves “curiosas” e aparentemente “distraídas”, logo perceberemos a dificuldade de tal tarefa. Se porventura se aperceberem da nossa aproximação, costumam afastar-se não para muito longe, mas posicionam-se quase sempre meio escondidas a espreitar-nos de soslaio numa postura pouco favorável. Se formos discretos, talvez a sorte nos beneficie. Durante a manhã de um dos primeiros dias de Junho último, aguardava pacientemente imóvel que, nas dunas, uma Laverca passasse ao alcance da minha lente intrometida, quando, descuidadas, três Poupas pousaram a poucos metros, fitaram-me e, enquanto que duas debandaram de imediato, uma permaneceu a posar descarada e demoradamente.
(Apresentação da espécie na Parte XV.)


Carduelis cannabina (Pintarroxo)



















Há aves cuja facilidade em fotografá-las é tão evidente, que até nos esquecemos de lhes dedicar alguns minutos para obter um “retrato” com um mínimo de dignidade. E foi precisamente o que sucedeu com esta espécie, de cuja falha apenas me dei conta aquando da sua apresentação no texto prévio a este “ensaio”. Aqui fica algo um pouco mais “decente”.
(Apresentação em texto na Parte I e em foto no post “Os Passarinheiros” em NOV2008)



ALGUMAS ESPÉCIES CUJA NIDIFICAÇÃO FOI COMPROVADA NESTA ÉPOCA NA REGIÃO E QUE SE TORNA RELEVANTE ASSINALAR


Ciconia ciconia (Cegonha-branca)





































O ninho instalado num poste eléctrico a pouquíssimos quilómetros do estuário do Cávado continua ocupado por este indivíduo e pelo(a) companheiro(a) com quem confirmadamente se reproduziu este ano.
(Parâmetro 18 – Ninho com juvenis vistos ou ouvidos).
(Apresentação da espécie na Parte IV.)


Alcedo atthis (Guarda-rios)



















Um talude abrigado pelas sombras protectoras das árvores de folhagem densa situado na margem direita do estuário do Cávado continua a servir local de nascimento para as crias desta jóia da nossa avifauna.
(Parâmetro 18 – Ninho com juvenis vistos ou ouvidos).
(Apresentação da espécie na Parte XV.)


Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)

























Após ter encontrado o buraco do ninho, a mais de 20 metros do solo e eficazmente dissimulado entre alguma folhagem, fiquei a perceber que em período de nidificação estas aves ainda se tornam bastante mais discretas, principalmente quando se aproximam da árvore ocupada. Foram necessárias muitas horas seguidas (só neste dia foram três) para que, a partir de um esconderijo cuidadosa e estrategicamente montado, fosse possível este mísero registo. Apesar disso, durante as quase 10 horas que ali me mantive resguardado ao longo de três dias, pude assistir a um sem número de peripécias da vida animal, algumas delas registadas em fotografia, outras simplesmente na fita das minhas memórias, destacando-se, obviamente, o momento em que vi (pelo menos) dois jovens pica-paus a saírem do ninho e a perseguirem esta “mamã” preocupada.
(Parâmetro 18 – Ninho com juvenis vistos ou ouvidos).
(Apresentação da espécie na Parte XVI.)


Turdus philomelos (Tordo-músico)
























Este soberbo cantor manteve-se estranhamente indiscreto e destemido, mas também muito silencioso, durante a minha “estadia” no acima referido esconderijo. Só no terceiro e último dia é que percebi que a sua aparente insensatez se devia ao facto do ninho não distar mais de vinte metros dali. E mesmo que involuntário, este é apenas um dos muitos erros que estamos sujeitos a cometer na observação de aves, cuja prática exige de nós uma boa dose de responsabilidade e atenção.
(Parâmetro 18 – Ninho com juvenis vistos ou ouvidos).
(Apresentação da espécie na Parte XIX.)