Estuário do Cávado
Ordem Passeriformes
Família Sylviidae
(nove espécies)
Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)
1 – (Estatuto de conservação) Pouco preocupante;
2 – (Quando observar) Residente;
3 – (Abundância) Muito comum;
4 – (Espécies parecidas) Nenhuma;
5 – (Habitat e circunstâncias em que se observam) Pessoalmente considero-a um dos “emblemas” do Estuário do Cávado por onde se distribui amplamente e onde é bem detectada quando se expõe no topo de um junco ou tojo, ou ainda nos seus característicos voos saltitantes denunciados pelos “zits” que repete incessantemente a cada “pincho”; também se observam em zonas abertas nos campos agrícolas adjacentes ao estuário, terrenos incultos de vegetação herbácea ou rasteira por entre os pinhais, na envolvente à “Lagoa da Apúlia” e em dunas e depressões húmidas intradunares (p.ex. no Fagil);
6 – (Tolerância à nossa presença) Alguns espécimes são bastante arrojados e permitem aproximações até meia dúzia de metros numa postura que nos pode proporcionar boas fotos, mas em regra, assim que nos detectam, logo “saltam” para voos de alarme que só cessam quando nos afastamos;
7 – (Outros dados de interesse) Não posso deixar de repetir que sobretudo esta ave, a seguinte e as duas toutinegras apresentadas nesta série, enquanto espécies de reprodução confirmada na região, se podem manifestar perturbadas quando teimamos em permanecer, mesmo que inocentemente, perto dos respectivos ninhos instalados por norma entre vegetação arbustiva densa; nessas circunstâncias a ave tem por hábito aproximar-se do “intruso” aparentemente sem temor a emitir um chamamento de alarme, o qual devemos saber interpretar e ter a sensibilidade para sermos cautelosos e afastarmo-nos tão cedo quanto possível; a tentação de nos demorarmos e aproveitarmos a rara oportunidade de estarmos perto de uma ave selvagem para a fotografar com algum sucesso é perfeitamente compreensível, mas devemos pautar sempre o nosso comportamento de acordo com as mais elementares regras de conduta de um observador de aves (se quisermos ser tratados por tal).
Hippolais polyglotta (Felosa-poliglota)
2 – (Quando observar) Residente;
3 – (Abundância) Muito comum;
4 – (Espécies parecidas) Nenhuma;
5 – (Habitat e circunstâncias em que se observam) Pessoalmente considero-a um dos “emblemas” do Estuário do Cávado por onde se distribui amplamente e onde é bem detectada quando se expõe no topo de um junco ou tojo, ou ainda nos seus característicos voos saltitantes denunciados pelos “zits” que repete incessantemente a cada “pincho”; também se observam em zonas abertas nos campos agrícolas adjacentes ao estuário, terrenos incultos de vegetação herbácea ou rasteira por entre os pinhais, na envolvente à “Lagoa da Apúlia” e em dunas e depressões húmidas intradunares (p.ex. no Fagil);
6 – (Tolerância à nossa presença) Alguns espécimes são bastante arrojados e permitem aproximações até meia dúzia de metros numa postura que nos pode proporcionar boas fotos, mas em regra, assim que nos detectam, logo “saltam” para voos de alarme que só cessam quando nos afastamos;
7 – (Outros dados de interesse) Não posso deixar de repetir que sobretudo esta ave, a seguinte e as duas toutinegras apresentadas nesta série, enquanto espécies de reprodução confirmada na região, se podem manifestar perturbadas quando teimamos em permanecer, mesmo que inocentemente, perto dos respectivos ninhos instalados por norma entre vegetação arbustiva densa; nessas circunstâncias a ave tem por hábito aproximar-se do “intruso” aparentemente sem temor a emitir um chamamento de alarme, o qual devemos saber interpretar e ter a sensibilidade para sermos cautelosos e afastarmo-nos tão cedo quanto possível; a tentação de nos demorarmos e aproveitarmos a rara oportunidade de estarmos perto de uma ave selvagem para a fotografar com algum sucesso é perfeitamente compreensível, mas devemos pautar sempre o nosso comportamento de acordo com as mais elementares regras de conduta de um observador de aves (se quisermos ser tratados por tal).
Hippolais polyglotta (Felosa-poliglota)
1 – Pouco preocupante;
2 – São observadas na região durante os meses de reprodução de Maio, Junho e mesmo em Julho, mas é principalmente Migradora de Passagem facilmente detectada desde finais de Agosto até Outubro;
3 – Enquanto Estival é uma espécie pouco vulgar mas, sobretudo em Setembro, torna-se comum;
4 – Nenhuma das espécies de presença regular na área é particularmente parecida com esta, mas devemos considerar que por cá ainda ocorrem outras pequenas felosas (ver abaixo o que está mencionado na Felosa-comum);
5 – Frequenta zonas onde se desenvolve vegetação arbustiva densa, pequenas matas ripícolas ou sebes vivas; assim, não será de estranhar se forem vistas em jardins, nos campos agrícolas com algumas árvores ou nas margens do Cávado, nomeadamente no Núcleo Turístico de Ofir e nas zonas rurais de Gandra (e de todas as outras freguesias do concelho), mas em especial nos silvados que prosperam por terrenos incultos e na orla do estuário que se prolonga desde a Pousada da Juventude até ao Caldeirão em Fão; é comum anunciarem a sua presença através de sonoros chamamentos característicos;
6 – Apesar de permitirem a nossa aproximação e de se fazerem notar com facilidade, normalmente embrenham-se demoradamente por entre a vegetação (última imagem), frustrando os tempos de “esperas” que lhes dedicamos para as fotografar; mesmo assim, é típico que durante os primeiros instantes se mostrem “ousadas” e posem em modos bem fotogénicos;
7 – É reconhecida por ser uma espécie que, além de migrar, também nidifica tardiamente.
Sylvia undata (Felosa-do-mato ou Toutinegra-do-mato)
2 – São observadas na região durante os meses de reprodução de Maio, Junho e mesmo em Julho, mas é principalmente Migradora de Passagem facilmente detectada desde finais de Agosto até Outubro;
3 – Enquanto Estival é uma espécie pouco vulgar mas, sobretudo em Setembro, torna-se comum;
4 – Nenhuma das espécies de presença regular na área é particularmente parecida com esta, mas devemos considerar que por cá ainda ocorrem outras pequenas felosas (ver abaixo o que está mencionado na Felosa-comum);
5 – Frequenta zonas onde se desenvolve vegetação arbustiva densa, pequenas matas ripícolas ou sebes vivas; assim, não será de estranhar se forem vistas em jardins, nos campos agrícolas com algumas árvores ou nas margens do Cávado, nomeadamente no Núcleo Turístico de Ofir e nas zonas rurais de Gandra (e de todas as outras freguesias do concelho), mas em especial nos silvados que prosperam por terrenos incultos e na orla do estuário que se prolonga desde a Pousada da Juventude até ao Caldeirão em Fão; é comum anunciarem a sua presença através de sonoros chamamentos característicos;
6 – Apesar de permitirem a nossa aproximação e de se fazerem notar com facilidade, normalmente embrenham-se demoradamente por entre a vegetação (última imagem), frustrando os tempos de “esperas” que lhes dedicamos para as fotografar; mesmo assim, é típico que durante os primeiros instantes se mostrem “ousadas” e posem em modos bem fotogénicos;
7 – É reconhecida por ser uma espécie que, além de migrar, também nidifica tardiamente.
Sylvia undata (Felosa-do-mato ou Toutinegra-do-mato)
1 – Pouco preocupante, mas consta no anexo A-I da Directiva Aves e é uma espécie definida como de conservação prioritária para o Parque Natural Litoral Norte (PNLN);
2 – Não sendo uma ave fácil de detectar, as minhas anotações de campo poderão estar incompletas, mas, coincidência ou não, apesar de as registar pontualmente ao longo de quase todo o ano, desde 1998 nunca observei no estuário qualquer ave destas durante os meses de Maio e Junho; nota-se um aparente aumento de ocorrências em Outubro;
3 – Rara;
4 – Embora as diferenças sejam substanciais, poderão notar-se algumas semelhanças com a fêmea da Toutinegra-de-cabeça-preta e, numa hipótese ainda mais improvável, com o Papa-amoras, mas ambas as espécies se distinguem da Felosa-do-mato logo pela garganta branca bem visível (além de muitas outras características);
5 – Na zona envolvente ao estuário, que aliás é o único meio em que tenho registado a ocorrência da espécie, procura sobretudo locais com tojos (vegetação arbustiva das fotos) mas também silvados, em cuja cobertura se esconde ou entre os quais esvoaça de modo “desajeitado”; nos breves momentos em que é vista empoleirada, mantém quase sempre a cauda comprida bem erecta a balançar, parecendo que procura sintonizar algo com uma antena; quando empreende um voo, sempre rasteiro, entre arbustos, fá-lo aos “saltinhos” evidenciando a longa cauda oscilante; e é nestes modos que podemos ter a sorte de as encontrar ao longo do passadiço em madeira que contorna o Hotel do Pinhal até ao miradouro próximo ou ainda na zona mais a nascente na orla do juncal que se estende da Pousada da Juventude até ao Caldeirão em Fão;
6 – Muito furtiva, sendo raros os momentos em que é vista durante mais do que dois ou três segundos num ramo mais exposto;
7 – Nada a acrescentar.
Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)
1 – Pouco preocupante;
2 – Residente;
3 – Comum;
4 – Além de devermos considerar o que está referido na ave anterior, importa salientar algumas parecenças da fêmea desta espécie com o Papa-amoras cujas asas de cor castanha marcadamente avermelhadas nos podem ajudar a distingui-las;
5 – Grande parte das aves desta família ocupa habitats similares pelo que, naturalmente, em muitos dos casos aqui apresentados quase que me vou repetir; assim como as suas congéneres, esta ave é mais facilmente detectada através dos seus chamamentos emitidos a partir do interior dos arbustos ou silvados espessos onde se oculta, em particular os sons de alarme, os ásperos, rápidos e intermináveis (enquanto não nos afastarmos) “txec txec txec txec…” ou “urrr txrei txrei txrei…”; não dispensa visitas pontuais aos quintais com vegetação arbustiva mais frondosa onde, além daqueles chilreados, ainda se anuncia com cantos musicais agradáveis; assim, qualquer área urbanizada com espaços ajardinados (p.ex. os núcleos turísticos), as zonas agrícolas contornadas por sebes vivas (p.ex. a margem direita em Gandra entre a ponte e os estaleiros ou a veiga entre o pinhal e a EN13 desde Fão até à “Lagoa da Apúlia”), a orla do estuário (pelo passadiço atrás do Hotel do Pinhal ou ao longo dos muros dos quintais das Pedreiras em Fão), as dunas consolidadas (sobretudo com depressões húmidas mas também onde surjam acácias) e os incultos com vegetação adequadamente densa, são bons locais para encontrar estas aves;
6 – Aves irrequietas e de hábitos esquivos que, apesar de não terem o costume de se afastarem, não favorecem a intenção de quem as pretenda fotografar; se as virmos a “mergulhar” num arbusto, por vezes, volvidos alguns minutos, voltam à “superfície” para nos espreitar o que, com alguma paciência e concentração, poderá permitir-nos uma boa “captura”;
7 – Uma das características mais singulares desta ave, em especial do macho, é o anel orbital vermelho que torna os seus olhos proeminentes sobre o fundo preto da parte superior da cabeça, emprestando-lhe um ar com um certo exotismo; é também conhecida pelo vernáculo Toutinegra-dos-valados (aludindo a outro tipo de meio onde também ocorre).
Sylvia communis (Papa-amoras)
1 – Pouco preocupante;
2 – Migrador de passagem que apenas é observado na região em Setembro e Outubro, embora em Agosto de 2001 tenha registado a ocorrência de indivíduo;
3 – Raro;
4 – Conforme o que ficou exposto nas duas aves anteriores, ainda podem surgir algumas dificuldades na identificação desta espécie; acresce que consta na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte, embora pessoalmente nunca as tenha registado em concreto no Estuário do Cávado, a ocorrência na região de espécies como o Rouxinol-bravo (Cettia cetti), o Rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus) e o Rouxinol-grande-dos-caniços (Acrocephalus arundinaceus) que, estou em condições de garantir, são comuns em locais tão próximo de nós como no Baixo Vouga Lagunar e ainda se encontram com relativa facilidade na Barrinha de Esmoriz e até, com alguma sorte, no Parque da Cidade do Porto; a última espécie mencionada, logo pelo tamanho (muito maior), distingue-se facilmente, porém, as outras duas, de dimensões mais parecidas e com presença da cor castanho-avermelhado na parte superior e gargantas brancas, prestam-se a causarem algumas confusões, pois todas estas são aves que têm o hábito de se embrenharem na vegetação densa e, quando se mostram, não evidenciam claramente as suas características (como se comprova nas fotos);
5 – Disponho de poucos registos de observação desta ave que aparentemente frequenta os mesmos biótopos da espécie anterior; apenas confirmei a sua ocorrência na pequena mata ripícola próxima da rotunda da “Solidal” e nos vestígios de sebes que contornam os terrenos voltados para o rio naquelas imediações (em Gandra), bem como nos silvados que crescem desde as proximidades da Pousada até ao Caldeirão (em Fão);
6 – É sempre vista em movimento entre arbustos e quando interrompe o frenesim, permanece imóvel por entre a ramagem obrigando aqueles que a querem fotografar a recorrer ao modo de focagem manual;
7 – Há literatura que aponta para o declínio das suas populações, contudo, o recentemente publicado Atlas das Aves Nidificantes em Portugal apenas se refere a esse aspecto concretamente à região de Coimbra.
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)
2 – Migrador de passagem que apenas é observado na região em Setembro e Outubro, embora em Agosto de 2001 tenha registado a ocorrência de indivíduo;
3 – Raro;
4 – Conforme o que ficou exposto nas duas aves anteriores, ainda podem surgir algumas dificuldades na identificação desta espécie; acresce que consta na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte, embora pessoalmente nunca as tenha registado em concreto no Estuário do Cávado, a ocorrência na região de espécies como o Rouxinol-bravo (Cettia cetti), o Rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus) e o Rouxinol-grande-dos-caniços (Acrocephalus arundinaceus) que, estou em condições de garantir, são comuns em locais tão próximo de nós como no Baixo Vouga Lagunar e ainda se encontram com relativa facilidade na Barrinha de Esmoriz e até, com alguma sorte, no Parque da Cidade do Porto; a última espécie mencionada, logo pelo tamanho (muito maior), distingue-se facilmente, porém, as outras duas, de dimensões mais parecidas e com presença da cor castanho-avermelhado na parte superior e gargantas brancas, prestam-se a causarem algumas confusões, pois todas estas são aves que têm o hábito de se embrenharem na vegetação densa e, quando se mostram, não evidenciam claramente as suas características (como se comprova nas fotos);
5 – Disponho de poucos registos de observação desta ave que aparentemente frequenta os mesmos biótopos da espécie anterior; apenas confirmei a sua ocorrência na pequena mata ripícola próxima da rotunda da “Solidal” e nos vestígios de sebes que contornam os terrenos voltados para o rio naquelas imediações (em Gandra), bem como nos silvados que crescem desde as proximidades da Pousada até ao Caldeirão (em Fão);
6 – É sempre vista em movimento entre arbustos e quando interrompe o frenesim, permanece imóvel por entre a ramagem obrigando aqueles que a querem fotografar a recorrer ao modo de focagem manual;
7 – Há literatura que aponta para o declínio das suas populações, contudo, o recentemente publicado Atlas das Aves Nidificantes em Portugal apenas se refere a esse aspecto concretamente à região de Coimbra.
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)
1 – Pouco preocupante;
2 – Residente mas há uma população Invernante proveniente do norte que faz aumentar o número de indivíduos avistados nos meses mais frios;
3 – Comum;
4 – Aspecto geral único;
5 – Os habitats que frequentam não diferem muito dos da Toutinegra-de-cabeça-preta, mas tendem a procurarem comunidades vegetais de porte mais arbóreo, substituindo os tojos e outros arbustos mais rasteiros por freixos, salgueiros, pilriteiros ou amieiros, mas também silvas onde as zonas de sombra estão mais disponíveis; ainda se escondem mais do que as congéneres aqui citadas, mas é precisamente nessas circunstâncias que, a partir de um poleiro “invisível”, emitem os seus prolongados cânticos de notas variadas – um dos mais belos da nossa avifauna; como todas as suas “primas” aqui apresentadas, são aves insectívoras mas também as vemos com frequência a comerem bagas; neste quadro, as pequenas matas húmidas nas margens do Cávado, valas ou ribeiras, as depressões das dunas consolidadas e as sebes mais desenvolvidas em terrenos de cultivo, são os melhores locais para observar estas aves;
6 – Apesar de confiantes e não evitarem visitas assíduas aos nossos jardins, raramente se expõem abertamente, permanecendo quase sempre por entre a folhagem (ver o apontamento de igual número da espécie anterior);
7 – Apenas os machos fazem jus ao nome pois as fêmeas, em quase tudo semelhantes, têm o barrete de cor bem distinta – vermelho-ferrugem.
Phylloscopus collybita (Felosa-comum ou Felosinha)
1 – Pouco preocupante;
2 – Típica Invernante que chega dos locais de reprodução em Outubro (raras vezes ainda em Setembro) e regressa ao norte a partir de Março, embora os últimos indivíduos ainda possam ser vistos por cá em Abril;
3 – Abundante;
4 – Mesmo para os observadores de aves mais experimentados, distinguir esta espécie relativamente à Felosa-musical, que a seguir se apresenta, afigura-se como uma tarefa muito complicada; assim sendo, quando nos depararmos com uma destas aves no meio natural, devemos concentrar a nossa atenção em algumas particularidades para que seja possível concretizar a respectiva identificação, destacando-se, talvez como a única característica que nos pode oferecer garantias totais, o próprio canto, ou seja, enquanto esta espécie emite vocalizações mais monocórdicas, repetitivas e com pouca harmonia, a F.-musical, fazendo jus ao próprio nome, irradia um chilreio mais variado e melodiosamente agradável (o modo mais rápido e eficaz de obtermos sensibilidade para perceber essas diferenças, será através da procura de um dos muitos portais dedicados ao canto das aves e treinar o nosso ouvido, escutando com alguma insistência aqueles sons); também nos pode ser útil para desfazer as confusões a verificação da lista superciliar (sobre o olho) em geral mais comprida e bem notada na F.-musical, contudo, além desta marca nem sempre ser constatada na natureza, algumas F.-comuns podem apresentá-la ligeiramente mais extensa e larga; ainda outra evidência, que também não pode ser considerada regra, é o facto das patas da F.-comum serem normalmente pretas ou escuras e as da F.-musical serem castanhas mais claras (sujeito a variações); como se não bastassem estas dificuldades para as diferenciar, estudos recentes da comunidade científica acabaram por classificar como uma nova espécie a Felosinha-ibérica (Phylloscopus ibericus), até aqui apenas considerada como subespécie da F.-comum (P. c. ibericus) e, mais uma vez e segundo a literatura consultada, praticamente só através do canto ou dos chamamentos se consegue distingui-las; os iniciados também devem prestar alguma atenção à ocorrência das Felosas-poliglotas (ver acima) que já apresentam diferenças bem mais visíveis; há, porém, o aspecto da fenologia destas aves que vêm ajudar-nos consideravelmente nas identificações destas espécies em virtude de, conforme está referido nos correspondentes pontos números 2, enquanto a F.-comum ocorre na região principalmente durante o Inverno, a F.-musical é uma migradora que surge quase exclusivamente em Setembro e Outubro e, por fim, a F.-ibérica é uma típica ave estival;
5 – Mais uma vez, pode dizer-se que também frequentam zonas com vegetação arbustiva densa, sobretudo silvados ou ainda sebes vivas, mesmo em jardins, mas nota-se que preferem alimentar-se na copa das árvores, essencialmente em pinhais; são detectadas sem dificuldade nos seus intermináveis repastos enquanto saltam de ramo em ramo, mas o que mais as distingue são os característicos voos para o exterior da folhagem “protectora” à cata de pequenos insectos alados, em investidas tão curtas e breves que parecem fazer ricochete de regresso ao raminho de onde partem para a “acrobacia”; embora sejam vistas por todos os pinhais e outros pequenos bosques ou comunidades arbustivas, regista-se um acréscimo de observações à medida que nos aproximamos do rio; a marginal ao Cávado no Núcleo Turístico de Ofir é, entre muitos outros, um dos locais de excelência para as encontrar;
6 – Devido à actividade constante e ao hábito de se movimentarem por entre a folhagem no alto da copa das árvores, poderiam, à partida, parecer aves difíceis de avistar e fotografar, porém, quando procuram as silvas mais ao alcance dos nossos olhos, um número considerável de espécimes permite quase sem receios aproximações muito favoráveis ao observador até uns curtos três ou quatro metros;
7 – Por fim, em forma de apontamento muito pessoal que não encontro reproduzido em qualquer livro, estudo científico ou documento publicado, verifico que estas aves procuram com frequência a copa dos Eucaliptos profusamente floridas durante o período de ocorrência da espécie no nosso território (o Inverno, época em que a floração é quase exclusiva das espécies exóticas), o que constituirá uma adaptação natural recente pois aquelas árvores são originárias da longínqua Austrália; nestas circunstâncias, é comum vê-las a mergulhar a cabeça nas flores tal e qual o fazem nos antípodas os coloridos periquitos “comedores-de-mel” a alimentarem-se de pólen que, contudo, não integra a dieta das felosas, aliás, o mais provável é que ali apenas procurem minúsculos insectos; estaremos perante uma nova relação mutualista entre a ave que encontrou nas flores daquela árvore um fonte farta de insectos, em troca de um inesperado serviço personalizado de polinização?
Phylloscopus trochilus (Felosa-musical)
1 – Não consta no LVVP; pouco preocupante (IUCN);
2 – Migrador de Passagem, variando de ano para ano, é por regra observável a partir de Setembro;
3 – Raro, no entanto há a possibilidade do número de registos estarem subestimados devido à ave ser facilmente confundida com outras congéneres (ver ponto 4 da Felosa-comum);
4 – Ter em atenção o referido na espécie antecedente;
5 – Devo adiantar que, conforme toda a literatura consultada, esta espécie frequenta os mesmos biótopos da congénere anterior, mas sendo rigoroso com as minhas notas de campo limitar-me-ei a referir que, nos escassos registos de observação confirmada desta ave, apenas a detectei em juncos que se desenvolvem à face de poças ou acumulações de água em ambas as margens do estuário (ao longo da linha de água desviada desde o cais do Caldeirão até à Pousada em Fão ou ainda na margem oposta desde a Ponte até aos estaleiros em Esposende);
6 – Não tenho experiência que me permita avançar qualquer informação útil;
7 – Nada a acrescentar.
Regulus ignicapillus (Estrelinha-real)
1 – Pouco preocupante;
2 – Registadas presenças irregulares; aparentemente é mais abundante a partir de Outubro e começa a rarear em Fevereiro (população Invernante), mas pontualmente pode ser detectada a presença de indivíduos durante o período estival (supostamente Residentes), tendo sido já verificada a ocorrência de nidificantes em Maio e Junho de 1999 (aves adultas a alimentarem juvenis já fora do ninho) no pinhal do Núcleo Turístico de Ofir;
3 – Pouco comum;
4 – As suas dimensões ínfimas, a lista preta que lhe atravessa o olho em contraste com a “sobrancelha” grossa de cor branca seguida pela coroa dourada contornada a preto e o “ombro” amarelado, torna-a uma ave inconfundível e cheia de graça (existe ainda outra espécie do género Rugulus, menos vistosa, mas não confirmo a sua presença na região); embora pelo aspecto físico não haja possibilidade de confusão com outras espécies de ocorrência regular, o facto de frequentarem o mesmo habitat (ver a seguir), resulta que por vezes quase ignoro a sua presença, confundindo aquela sua vocalização aguda “szi szi szi” com um dos sons emitidos pelos mais “habitués” Chapins-pretos, ambos frequentadores das copas dos pinheiros;
5 – Percorrem freneticamente as partes mais altas dos pinheiros à cata de pequenas aranhas, o que, mesmo com perícia e bons binóculos, torna a tarefa de as acompanhar num autêntico “jogo-das-escondidas”; neste meio são observadas pontualmente ao longo de todo o pinhal desde a restinga até à Apúlia, tanto pela linha costeira como mais para interior pela orla dos campos agrícolas; a situação mais favorável para as observar ocorre quando “descem” à vegetação arbustiva, nomeadamente para as manchas de Tamarizes (Tamarix spp.) que pontuam pela borda do estuário desde o “Hotel do Pinhal”, pelas traseiras da “Estalagem do Parque do Rio” até à pequena praia fluvial junto ao denominado “Clube de Pesca de Ofir”; aqui é típico vê-las a peneirar com agilidade entre os galhos enquanto os bicam (quase como os famosos colibris dos documentários televisivos);
6 – Não param de esvoaçar e de trepar durante um instante sequer e, além disso, “fazem questão” de manter sempre um raminho à frente a atrapalhar; facultam-nos inúmeras oportunidades de as fotografar a menos de dois ou três metros de distância porém, no meu caso pessoal, o resultado é sempre uma imagem varrida irreconhecível ou apenas um pedaço da cauda, ou da asa, ou simplesmente da vegetação de fundo;
7 – É vulgar encontrar literatura referindo-se a esta mesma ave, considerada a mais pequena da avifauna europeia, mas com o nome científico de Regulus ignicapilla.