quarta-feira, 28 de maio de 2008

Flora Dunar do Litoral Norte

Quando falamos em esforços de sensibilização para a conservação da biodiversidade, habitualmente ocorrem-nos imagens associadas a espécies emblemáticas como o Panda-gigante, o Lince-ibérico, a Arara-azul, os Coalas, enfim, uma extensa lista de animais que facilmente nos despertam o sentimento de ternura pela aparência simpática com que nos são apresentados.

Este modo de abordar o tema que, de alguma forma, constitui uma certa batota, leva-nos frequentemente a esquecer que muitas espécies de cobras, lagartos, osgas, sapos, rãs, morcegos, musaranhos e outras menos apelativas também correm sérios e iminentes riscos de extinção, com todas as graves implicações que isso pode trazer para o desequilíbrio dos respectivos ecossistemas.

Portanto, querendo ser sério, não poderia deixar de fazer esta nota prévia antes de apresentar a matéria a que agora me proponho.

No último post, enquanto me referia à ameaça que as espécies vegetais infestantes representam para a valiosíssima biodiversidade presente no nosso litoral, em especial as comunidades vegetais, ocorreu-me que para uma sensibilização mais eficaz, melhor que as palavras, seria a apresentação fotográfica de uma (pequena) amostra da:


FLORA DUNAR DO LITORAL NORTE


Carqueja-mansa (Cakile maritima)

















































Trovisco (Daphne gnidium)














































Polígono-da-praia (Polygonum maritimum)

















Sapinho-da-praia (Honchenya peploides)



















(Silene niceensis)























Saganho-mouro (Cistus salviifolius)



































Narciso-das-areias (Pancratium maritimum)

















Flor-do-ouro (Bellardia trixago)























Morganheira-das-praias (Euphorbia paralias)






































Mama-leite (Euphorbia portlandica)

















Uva-de-cão (Sedum acre)

































(Xolantha guttata)
































(Centaurium maritimum)


















Granza-das-praias (Crucianella maritima)



















Tripa-de-ovelha (Andryala integrifolia)
































Perpétua-das-areias (Helichrysum picardii)






































Leituga-dos-montes (Leontodon taraxacoides)



















Cordeiros-da-praia (Otanthus maritimus)



















(Reichardia gaditana)























Luzerna-da-praia (Medicago marina)


































Ansarina (Linaria caesia)
























Goivinho-da-praia (Malcolmia littorea)


































(Silene littorea)



















(Silene scabriflora)
























Couve-marinha (Calystegia soldanella)




































Azeda-de-cão (Rumex bucephalophorus)

























Vulnerária (Anthyllis vulneraria)



































Cardo-marítimo (Eryngium maritimum)












































Morrião-azul (Anagallis monelli)


































Erva-toira-das-areias (Orobanche arenaria)


























































Estorno (Ammophila arenaria)









































Feno-das-areias (Elymus farctus)









































Rabo-de-lebre (Lagurus ovatus)













































(Jasione lusitanica)


























Jasione sp.







Propositadamente indiquei a Jasione lusitanica no final da relação por ser considerada uma espécie de conservação prioritária na Europa. Nas fichas de caracterização do Plano Sectorial da Rede Natura 2000, quanto ao seu estado de conservação, é apontada como rara a norte de Esposende, relativamente frequente entre Esposende e Porto e muito rara a sul do Porto em populações fragmentadas e, quanto à distribuição global, é considerada um endemismo do litoral oeste da península Ibérica.

Resumindo, em todo o mundo, muito dificilmente se encontrará esta planta para lá dos limites do concelho de Esposende.

Nota pessoal
Por hábito dirijo alguma da minha atenção nos meus tempos livres à “descoberta” dos locais onde ocorrem alguns exemplares de animais ou plantas mais interessantes na perspectiva conservacionista, particularmente nos habitats naturais ainda disponíveis no concelho de Esposende. Desde há sensivelmente dois anos, dedico especial atenção a esta espécie mas apenas conhecia um local (muito preciso) nos sistemas dunares de Fão onde ocorria uma população de Jasione lusitanica, no entanto, essa área (que já tinha sofrido uma intervenção para fins imobiliários num projecto entretanto anulado por um Tribunal) já foi completamente invadida por Chorões-das-praias e Acácias – neste momento não conheço qualquer local em Fão onde esta espécie ocorra espontaneamente.

Bibliografia: Pedro T. Gomes, Ana C. Botelho, G. Soares de Carvalho, 2002. Sistemas Dunares do Litoral de Esposende. Universidade do Minho. Braga.