quarta-feira, 30 de setembro de 2009

ORNITOLOGIA (parte XXVIII)

OBSERVAÇÃO DE AVES
Estuário do Cávado


Aves Limícolas (continuação)

Ordem Charadriiformes

Família Scolopacidae

(quinze espécies)
NOTA: Devido à extensão da lista de aves desta Família a ocorrerem na área em estudo, optei por dividir a sua apresentação em três fases. Segue-se o primeiro agrupamento com quatro espécies (mais uma), todas pertencentes ao Género Calidris.



Calidris canutus (Seixoeira)









































































1 – (Estatuto de conservação) Vulnerável; está definida como espécie de conservação prioritária para o PNLN;
2 – (Quando observar) Migradores de Passagem; apenas está registada a breve permanência de um bando bem composto entre os dias 13 e 19 de Maio de 1998 (ver ainda o ponto 7) e, no mesmo ano, a ocorrência de dois indivíduos no mês de Setembro; no mês em que este texto é publicado encontram-se, pelo menos, três indivíduos desta espécie no estuário (nas fotos);
3 – (Abundância) Em relação às notas do autor nada há a acrescentar; a SPEA considera-os Invernantes pouco comuns e Migradores de Passagem comuns;
4 – (Espécies parecidas) Há a possibilidade de confusão com as restantes Calidris a seguir apresentadas que, no entanto, são todas visivelmente mais pequenas; os menos experimentados ainda deverão estar atentos às características de outras limícolas de maior tamanho, especialmente em plumagem de Inverno, tais como as duas espécies de Tarambolas e os Combatentes (a apresentar na próxima série);
5 – (Habitat e circunstâncias em que se observam) Em toda a literatura consultada são apresentadas como aves costeiras frequentadoras das zonas arenosas de estuários; tanto o bando com os dois espécimes avistados em 1998 foram encontrados precisamente naquelas condições, a descansarem na restinga junto à margem; os três espécimes das fotos (Setembro de 2009) praticamente não abandonam o lodaçal existente a jusante da ponte de Fão na margem direita, onde estão constantemente a alimentar-se;
6 – (Tolerância à nossa presença) À semelhança do que foi mencionado na apresentação do Borrelho-grande-de-coleira, também todas as aves do género Calidris se manifestam pouco perturbadas com a nossa presença se formos discretos; a par disso, a montagem de um esconderijo na beira de um qualquer lodaçal, ainda que rudimentar, costuma funcionar muito bem, permitindo que estas aves se aproximem com alguma frequência até a uns “curtos” três ou quatro metros de distância;
7 – (Outros dados de interesse) Assinalo que a Primavera de 1998 foi extremamente adversa para as aves migradoras, em virtude de terem sido frequentes os ventos muito fortes do quadrante norte que obviamente constituíram um grande obstáculo à longa evolução destas aves para as tundras árcticas onde se reproduzem; julgo que também terá sido esse o motivo pelo qual, naquele ano, muitos bandos de várias espécies de limícolas se atrasaram ou permaneceram “estacionados” pelo estuário e principalmente na praia junto à foz do Cávado até ao final daquele mês de Maio; em resultados disso foi possível testemunhar a rara visão, nesta região, de muitas daquelas aves a apresentarem as suas vistosas plumagens nupciais quase completas (como foi o caso do referido bando de Seixoeiras em que todos já exibiam a parte inferior com uma bela cor acobreada).


Calidris alba (Pilrito-d’areia)





































1 – Pouco Preocupante;
2 – Mantêm-se por cá em maior número durante os meses de Outono e Inverno, mas são pontualmente avistados ao longo de todo o ano;
3 – Comum; a SPEA também os considera Invernantes e Migradores de Passagem comuns;
4 – É caracterizada como a Calidris mais associada às praias marítimas, o que por si só a distingue do parecido Pilrito-comum; apesar disso também pode frequentar o estuário misturando-se com outras limícolas das quais se evidencia pela plumagem mais clara; na dobra das asas junto ao peito nota-se uma pequena mancha preta, o que também se revela muito útil para a sua identificação;
5 – Frequentam principalmente as areias húmidas nas praias onde parecem que brincam “rolando” constantemente para cima e para baixo e de um lado para o outro à cata do que as ondas lhes trazem; formam regularmente pequenos bandos;
6 – Também são relativamente destemidas passeando-se habitualmente por entre os banhistas enquanto desafiam o último espraiar das ondas; em virtude de se distribuírem por meios mais vastos, não se aplica com a mesma oportunidade as técnicas dos esconderijos que tão bons resultados proporcionam quando nos referimos às suas congéneres;
7 – Nada a acrescentar.


Calidris ferruginea (Pilrito-de-bico-comprido)







































1 – Vulnerável;
2 – Foram registadas as ocorrências de dois indivíduos em Setembro de 1999, um no mesmo mês do ano seguinte e novamente outro na migração pós-nupcial, ou seja, mais uma vez em Setembro, no presente ano (nas fotos);
3 – Escasso; a SPEA considera-os Invernantes pouco comuns e Migradores de Passagem comuns;
4 – É apenas ligeiramente maior que o Pilrito-comum mas percebe-se com alguma clareza essa diferença em virtude das patas mais longas e do pescoço e do bico mais compridos o tornarem mais elegante; é também a única Calidris a exibir o uropígio branco em voo;
5 – Foram sempre observados nos lodaçais do estuário numa constante busca de alimento, fazendo o alongado bico penetrar bem fundo nas “férteis” lamas;
6 – Considerar o que está mencionado em igual número da Seixoeira;
7 – Nada a acrescentar.


Calidris alpina (Pilrito-comum)

















































































































































1 – Pouco Preocupante;
2 – Vulgarmente observados ao longo de todos os períodos do ano, notando-se apenas uma diminuição nos meses de Junho, Julho e primeira metade de Agosto;
3 – Abundantes; no mesmo sentido a SPEA atribui-lhes o estatuto de Invernantes e Migradores de Passagem muito abundantes;
4 – Por ser a limícola mais familiar aos observadores de aves, é tida como uma espécie padrão nas comparações com outras similares; ver o que está referido em igual número de todas as outras espécies aqui apresentadas; de salientar que a plumagem das que por cá permanecem durante os meses Inverno é bem distinta dos indivíduos que aqui surgem em migração para norte em Abril e sobretudo em Maio, ou seja, enquanto os invernantes apresentam palidamente a parte superior cinzenta e a inferior completamente branca, os que viajam para as núpcias já “vestem” a parte superior de um acastanhado vivo e o abdómen a escurecer ou, no caso dos mais atrasados, completamente preto (em Setembro e Março é costume apresentarem plumagens de transição);
5 – Isoladas e dispersas ou em bandos grandes e compactos, estas aves litorais ocupam todos os redutos deste estuário; bem distribuídos desde a foz até aos lodaçais ou areias a descoberto na maré baixa mais interiores; sobretudo nos períodos migratórios podem ser ocasionalmente encontradas a descansarem nas praias; vindos em catadupa de um qualquer refúgio seco, são quase sempre os primeiros a surgir nas zonas de alimentação assim que o nível das águas começa a descer, entrando logo num corrupio esquadrinhando todos os milímetros da superfície dos lodos que ficarão rapidamente preenchidos pelas suas pequenas pegadas e bicadas;
6 – Considerar o que está mencionado em igual número da Seixoeira;
7 – Na «Lista de espécies de aves referenciadas para o PNLN» ainda está indicado o Pilrito-pequeno (Calidris minuta), que nunca observei neste estuário, igualmente muito parecido com os restantes congéneres, nomeadamente o Pilrito-comum, do qual se distingue pelo menor tamanho do corpo e pelo bico visivelmente mais curto.