sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

MICOLOGIA (parte IX)

(Conclusão)


O exemplo da nossa experiência comprova o que foi dito até aqui ou, no mínimo, deixa transparecer alguns dados animadores, a saber: - com uma capacidade limitada pelos parcos recursos da associação, nas «Jornadas Micológicas da Assobio em 2005», sem grande esforço mediático e sem qualquer apoio institucional, organizamos um evento que englobou aqueles três tipos de actividades (Percursos pedestres temáticos; Colheita de cogumelos silvestres e Encontros Gastronómicos) em que contamos com um número muito próximo da centena de visitantes (salientando-se que mais de metade eram provenientes da Galiza); nesse ano, praticamente se lotou a capacidade de alojamento de uma pousada localizada em Fão e, no ano seguinte, repetiu-se o cenário noutra unidade de acolhimento na Apúlia. Nos anos seguintes a “trupe” dedicou-se a descobrir outras áreas naturais minhotas, sempre com um sucesso promissor, esperando-se, no próximo ano, o regresso à nossa terra.

Assim remato com a questão:

- num cenário em que forças vivas do concelho de Esposende (proprietários florestais, associações, órgãos autárquicos, ou o próprio ICNB) efectivamente se envolvessem numa organização com outra dimensão e numa aposta clara na capacidade dos nossos jovens técnicos na área do Turismo da Natureza (mais uma vez não me posso esquecer da Escola Profissional de Esposende) e aceitasse este desafio para uma exploração turística sustentável dos nossos recursos fúngicos, quais seriam os resultados concretos que essa estrutura obteria?

Encetar uma experiência do género não seria propriamente novidade na Península Ibérica. No país vizinho há regiões em que estão a explorar os cogumelos deste ponto de vista. Ali um concelho chega a ser visitado por muitas centenas de turistas durante um fim-de-semana. Criaram-se roteiros micológicos, formaram-se guias para acompanhar os turistas, envolveram os restaurantes que introduziram os cogumelos na gastronomia local, trabalharam com a comunidade escolar… é todo um trabalho à volta da floresta. Tem uma dupla ou tripla vantagem. Toda a região ganha dinheiro com isto, porque os turistas gastam dinheiro e pagam para colher cogumelos e a presença do homem na floresta está a evitar os incêndios. Atrair pessoas aos espaços verdes não parece difícil, mas como é que se pode estimular os proprietários de terrenos florestais a cuidar do "mato"?

Simples, demonstrando-lhes que isso pode representar uma mais-valia.


A exploração racional deste recurso, até agora nem sequer considerado como uma fonte de rendimento marginal em Esposende, poderia constituir essa mais-valia, em particular nos sistemas florestais menos intervencionáveis segundo a proposta para o, recentemente publicado, Plano de Ordenamento do Parque Natural do Litoral Norte (POPNLN).



































Bibliografia (além de inúmeras consultas em diversos portais da Web):


Guia dos Cogumelos”, da Naumann & Gobel Verlagsgesellschaft, tradução de Hannelore Eberhardt, Margarida Seiça, Rita Miranda – Dinalivro


Património Natural Transmontano – Cogumelos”, de Francisco Xavier Martins – João Azevedo Editor


Cogumelos”, de Edmund Garnweidner, traduzido por Maria Isabel Flecha Vasconcelos – Everest Editora (edição 1999)


Cogumelos”, redacção de Michael Eppinger e Helga Hofmann, traduzido do espanhol por Raul Arenas Pizarro – Everest Editora (edição 2008)


Cogumelos Silvestres”, de Natalina Azevedo – Clássica Editora


Cogumelos na natureza e na mesa”, de Berta Fernandes – Publicações Europa-América


Pequenos Guias da Natureza – Cogumelos”, de Eleanor Laurence e Sue Harniess, traduzido por Fátima Estrela – Plátano Editora


Mushrooms and Toadstools of Britain & Europe”, de Edmund Garnweidner – Collins Nature Guides


Mushrooms – The new compact study guide and identifier”, de David Pegler e Brian Spooner – Identifying


The Complete Encyclopedia of Mushrooms”, de Gerrit J. Keizer – Rebo Publishers


Setas, como reconocerlas e identificarlas”, de Gunter Steinbach, traduzido para castelhano por Joan Barris Sabatés – Guias de Campo Blume







NOTA:
Com excepção da imagem dos Boletos que acompanham a abertura do texto, onde aparece parcialmente o fotógrafo Alberto Calheiros, todos os registos são da autoria deste “amigo dos cogumelos” que captou alguns momentos de actividades desenvolvidas pelas Associações Marifusa (2ª. Foto) e Assobio (restantes).