domingo, 26 de outubro de 2008

MICOLOGIA (parte III)


«Os Recursos Fúngicos e o seu Potencial Económico»

Só a título de curiosidade, peço-vos que dediquem um breve olhar ao seguinte esquema:

IMPORTÂNCIA ECONÓMICA DOS FUNGOS
(Aspectos Positivos)

Sector Agro-pecuário

- Micorrização (associação simbiótica)
- Controlo Biológico (saprófitas / decompositores)

Sector Industrial

(Processos Fermentativos)
- Cerveja, Vinho
- Pão
- Queijo
- Derivados da Soja (ex. shoyu)

(Produção de Metabólitos)
- Álcoois (principalmente: etanol)
- Ácidos Orgânicos (principalmente: cítrico)
- Vitaminas (principalmente: complexo B)
- Antibióticos (penicilina)

(Biorremediação)
- Decomposição de Lixo Orgânico

(Bioabsorção)
- Metais pesados
- Radioactividade

Saúde humana

(Perspectivas Medicinais)
- Combate ao colesterol
- Prevenção no desenvolvimento tumores
- Reguladores Intestinais
- Propriedades Imunológicas...












Ainda que os motivos indicados sejam de enorme importância para o Homem, não são concretamente estes os aspectos da micologia que (na Associação Assobio) nos têm envolvido em torno dos “cogumelos”. O que realmente nos tem estimulado a desenvolver algum trabalho nesta área é o potencial interesse lúdico da micologia e, principalmente, a reconhecida função ecológica dos fungos pela importância que assumem na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. Acerca deste último factor, julgo que já fui suficientemente esclarecedor no último post que apresentei.



Quanto ao aspecto lúdico, a que também poderemos chamar de MICOTURISMO, surgem pelo menos três tipos de actividades cujo interesse nos parece óbvio, a saber:


1 - Percursos pedestres temáticos;

2 - Colheita de cogumelos silvestres;

3 - Gastronomia e nutrição.

Ainda além disso, a mera organização de conferências, ciclos de palestras, encontros científicos, workshops ou outros eventos mais teóricos dedicados à micologia, aproveitando a proximidade das nossas unidades hoteleiras face à mancha florestal do concelho, por si só poderá constituir uma mais valia para a economia da região (tomemos o exemplo do que tem sucedido em diversos locais do País, designadamente em Mogadouro, Montalegre, ou no Gerês,... para onde afluem todos os Outonos inúmeros simpatizantes dos cogumelos). Os micologistas académicos e amadores são quase como uma seita e o seu número tende a aumentar, não tenhamos dúvidas de que, na perspectiva turística, aqui está um bom mercado emergente quase por explorar (e ainda por regulamentar).

Salvo raros (bons) exemplos, a promoção turística em Esposende centra-se sobretudo na época balnear e é precisamente o Verão a altura do ano eleita pelas nossas gentes para demonstrar a sua grande capacidade de bem acolher os seus visitantes – veja-se, por exemplo, o sucesso obtido nas várias edições da “Festa do Marisco” em Fão. Mas, desta forma, há uma tendência acentuada para nos expormos aos efeitos negativos do fenómeno da sazonalidade que urge combater. Com esse fim assume particular interesse o aproveitamento de outros recursos que não a praia e o sol, mas que igualmente funcione como um pólo de atracção. Acredito que a comprovada capacidade organizativa no domínio da animação turística usada no sentido de explorar este potencial “trunfo”, que é o nosso riquíssimo e variado património fúngico, resulte num benefício económico em nada desprezível se o soubermos explorar de modo sustentável.


Deixo-vos, por enquanto, com esta reflexão até aos próximos textos onde desenvolverei cada uma daquelas três actividades com mais pormenor.





LEGENDA (por ordem de apresentação):
- Tricholoma equestre
- Russula sp.