sexta-feira, 4 de julho de 2008

NIDIFICAÇÃO (parte II)

Com base no método(1) registo de ocorrência de determinada ave durante o período de reprodução – (2) anotação das evidências constantes na tabela de critérios abaixo apresentada, em relação a cada uma das espécies avistadas – (3) pesquisa e consulta em literatura pré-existente sobre a matéria para o território Português ou Europeu – (4) comparação dos dados obtidos com a existência das condições ou biótopos mencionados no “post” anterior: apresento o resultado do “estudo” que concluí em Junho de 2002 e que, através daquela mesma metodologia, tem sido revisto e actualizado conforme a evolução das minhas anotações.


NIDIFICAÇÃO
Parque Natural Litoral Norte


Critérios

Nidificação possível
1
– Ave observada em possível habitat de nidificação.
2 – Macho a cantar (ou chamamento de nidificação durante a respectiva época).
3 – Evidências indirectas (regurgitações recentes, buracos escavados recentemente, ave morta recentemente, etc.).

Nidificação provável
4
– Casal observado em habitat adequado à nidificação.
5 – Mais de três machos a cantar em simultâneo, em habitat adequado à nidificação. Critério válido apenas depois de 1 de Abril.
6 – Macho em atitude de defesa de território (canto, etc.) observado em dois dias diferentes, com pelo menos uma semana de intervalo e no mesmo local.
7 – Corte ou parada nupcial.
8 – Ave frequentando um local onde provavelmente existe um ninho.
9 – Comportamento agitado ou apelo ansioso de ave adulta.
10 – Placa térmica (ou pelada de incubação, só observável com a ave na mão).

Nidificação confirmada
11
– Ave construindo o ninho.
12 – Ave desviando a atenção do observador.
13 – Ninho usado recentemente ou cascas de ovos do ano em que está a ser feita a observação.
14 – Juvenil que deixou o ninho recentemente (com plumagem incompleta ou só com penugem).
15 – Ave adulta a sair de local onde existe um ninho (ninhos em sítios altos ou em buracos de conteúdo de difícil observação, ou a incubar).
16 – Ave adulta transportando alimentos ou saco fecal.
17 – Ninho com ovos.
18 – Ninho com juvenis (vistos ou ouvidos).


Lista de Aves Nidificantes
(possíveis, prováveis ou confirmadas)

NOTA PRÉVIA
No trabalho original, faço corresponder a cada espécie de ave as coordenadas da carta topográfica correspondentes ao local de nidificação possível, provável ou confirmada. Para tornar a interpretação mais fácil “e correr menos riscos”, aqui vou apenas fazer uma indicação muito genérica dos respectivos locais, habitats ou nichos ecológicos. Quanto aos critérios, esses sim, serão indicados por número conforme os que acima antecedem cada um dos episódios verificados.


ORDEM PODICIPEDIFORMES

Família Podicipedidae
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Mergulhão-pequeno (Tacchybaptus ruficollis) – estuário do Cávado em zona com um pequeno núcleo de vegetação ripícola e paludosa (episódios 1 – 4 – 8 – 9); ainda num pequeno charco temporário não natural, entretanto muito diminuído, no seio da mancha florestal entre Fão e Apúlia (episódios 1 – 4 – 8 – 14).
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ORDEM ANSERIFORMES

Família Anatidae
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Pato-real (Anas platyrhynchos) – pontualmente por todo o estuário do Rio Cávado e também num pequeno charco temporário não natural, entretanto muito diminuído, no seio da mancha florestal entre Fão e Apúlia (episódios 1 – 3 – 4 – 6 – 7 – 8 – 9 – 12 – 14 – 15 – 16 – 17 – 18).
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(Macho com juvenis)


















(Fêmea com juvenis)













ORDEM ACCIPITRIFORMES

Família Accipitridae
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Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) – em zonas florestais de dimensão mais considerável na proximidade de áreas de predominância agrícola (episódios 1 – 7 – 8); nas encostas do Monte de Faro e S. Lourenço (episódios 1 – 4 – 6 – 7 – 8 – 9).
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ORDEM FALCONIFORMES

Família Falconidae
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Peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) – em edificação muito alta na zona de expansão urbana na orla do pinhal entre Fão e Apúlia (episódios 1 – 4 – 6 – 8 – 9).
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ORDEM GALLIFORMES

Família Phasianidae
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Perdiz-comum (Alectoris rufa) – após período de reintrodução recente, na zona de caça associativa a sul do Cávado, próximo da denominada “Lagoa da Apúlia” até aos sistemas dunares e áreas agrícolas adjacentes (episódios 1 – 4 – 8).
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Família Rallidae
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Galinha-d’água (Gallinulla chloropus) – foz do Rio Neiva em vegetação paludosa (episódios 1 – 2 – 4 – 8); pequeno charco temporário não natural, agora de dimensões reduzidas, no seio da mancha florestal entre Fão e Apúlia (episódios 1 – 4 – 6 – 8 – 9 – 14); ainda em ribeira no extremo sul da praia da Apúlia (episódios 1 – 8).
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Galeirão (Fulica atra) – ambas as margens do Rio Cávado, em particular na parte mais alta do estuário onde surge vegetação aquática (episódio 1).
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ORDEM CHARADRIIFORMES

Família Charadriidae
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Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) – praticamente por todas as praias e dunas menos acedidas ou pouco frequentadas (episódios 1 – 3 – 4 – 6 – 7 – 8 – 9 – 12 – 13 – 14 – 15 – 17 – 18).
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(No topo da duna.)


















(Em plena praia - ilusão de óptica causada quando se abrigam nas pequenas depressões na areia - parecem parcialmente enterrados.)

















(No topo de rochas a desviar a atenção do ninho que se encontra ali próximo mas na duna.)










ORDEM COLUMBIFORMES

Família Columbidae
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Pombo-da-rocha (Columba livia) (e/ou P.-doméstico) – praticamente por toda a área em estudo (episódios 1 – 2 – 4 – 5 – 7 – 8) e em zonas urbanizadas onde o tipo de edificação se adapta às suas exigências (ainda episódios 13 – 14 – 15 – 17 – 18).
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Pombo-torcaz (Columba palumbus) – pinhais ou eucaliptais com área rural adjacente ou na proximidade de aglomerados urbanos de baixa densidade, particularmente na veiga agrícola de Gandra e núcleo turístico de Ofir (episódios 1 – 2 – 4 – 7 – 8).
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Rola-turca (Streptopelia decaoto) – populações em óbvio crescimento e expansão, desde áreas florestais e agrícolas até à orla do estuário do Cávado e zonas urbanizadas com presença de alguma vegetação de porte arbóreo (episódios 1 – 2 – 4 – 5 – 7 – 8 – 9 – 11 – 14 – 15 – 18).
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Rola (Streptopelia turtur) – áreas arborizadas na orla dos estuários do Cávado e Neiva e nas zonas florestais intercaladas por terrenos agrícolas (1 – 2 – 4 – 5 – 8).
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ORDEM CUCULIFORMES

Família Cuculidae
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Cuco (Cuculus canorus) – parte das áreas florestais mais afastadas dos aglomerados urbanos; por parasitar ninhos de outras espécies mais pequenas, habitualmente frequenta locais com vegetação típica de caniçais ou depressões húmidas interdunares (episódios 1 – 2 – 5 – 7).
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ORDEM STRIGIFORMES

Família Tytonidae
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Coruja-das-torres (Tyto alba) – em pleno núcleo turístico de Ofir (episódios 1 – 2 – 4 – 8 – 14 – 15 – 18) e ainda em edificação muito alta na zona de expansão urbana na orla do pinhal entre Fão e Apúlia (episódio 14).
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Família Strigidae
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Coruja-do-mato (Strix aluco) – dificilmente observada mas audível a partir das zonas urbanizadas do concelho situadas nas imediações dos pinhais (episódio 2).
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ORDEM APODIFORMES

Família Apodidae
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Andorinhão-preto (Apus apus) – por praticamente todos os habitats, principalmente áreas densamente edificadas (episódios 1 – 4 – 8 – 11 – 14 – 15 – 16).
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ORDEM CORACIIFORMES

Família Alcedinidae
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Guarda-rios (Alcedo atthis) – margens relativamente elevadas do Rio Cávado onde ainda existem taludes entre árvores como amieiros e salgueiros (episódios 1 – 3 – 4 – 8 – 9 – 13 – 14 – 15 – 16 – 18).
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(Apesar das suas cores vistosas, é frequente passar despercebido pousado num junco sobre a água.)


















(Sempre muito atento ao plano de água)














Família Upupidae

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Poupa (Upupa epops) – áreas ajardinadas do núcleo turístico de Ofir, clareiras que fragmentam o pinhal entre Fão e Apúlia ou entre Antas e Belinho, tanto na zona mais litoral com mais para interior em áreas de predominância agrícola (episódios 1 – 8).
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ORDEM PICIFORMES

Família Picidae
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Peto-verde (Picus viridis) – pinhais desde o extremo sul de Apúlia (episódios 1 – 3 – 4 – 8 – 14) até à zona ainda arborizada da Restinga do Cávado (mais os episódios 13 – 15) onde se pode ver um número crescente de árvores mortas ou apodrecidas.
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(Na habitual posição vertical.)













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Pica-pau-malhado-grande (Dendrocopus major) – pinhais desde o extremo sul de Apúlia (episódios 1 – 3 – 4 – 8 – 14) até à zona ainda arborizada da Restinga do Cávado (mais os episódios 13 – 15) onde se pode ver um número crescente de árvores mortas ou apodrecidas.
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(Sempre esquivo e tímido, "denunciado" pela mancha vermelho vivo das infracaudais.)















Segue-se a extensa Ordem dos Passeriformes representada por mais de um terço das espécies que ocorrem em Portugal Continental e que, por tal, será apenas apresentada no próximo “post”.

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(Continua)