Em Abril último foi publicado na revista "Atmospheric Environment" um estudo realizado por cientistas da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, onde se afirma que a poluição proveniente de centrais de energia e dos automóveis destrói a fragrância das flores e impede a polinização. No mesmo trabalho também se conclui que os efeitos dos poluentes podem ser a explicação para a redução sentida nas populações de insectos polinizadores que se alimentam das flores, como as abelhas, os besouros e as borboletas.
Segundo um dos responsáveis pela investigação «as moléculas aromáticas que produziam as flores num ambiente menos poluído, como há um século, podiam-se estender-se por cerca de mil metros e agora não conseguem ultrapassar os 200 ou 300, a par disto, essas moléculas, que são muito voláteis, fundem-se muito depressa com os poluentes, o que faz com que não se desloquem intactas pois o seu aroma altera-se».
O resultado é um círculo vicioso no qual os insectos polinizadores se deparam com dificuldades para encontrar o seu alimento (néctar) para manter as suas populações e, ao mesmo tempo, as plantas com flor não conseguem a polinização que precisam para se reproduzirem e diversificar.
A partir daqui... não são precisos grandes conhecimentos académicos para perceber as consequências...
Outra vez a costumeira história da nossa acção a contribuir para a redução dos índices de sustentabilidade da vida no planeta. E sempre com uma origem que, à partida (!), parecia tão inofensiva. Mais uma vez...
Para os menos atentos, lembro que os insectos polinizadores têm uma importância ecológica enorme. Está estimado que mais de 2/3 das plantas com flor necessitam desta classe de animais para se reproduzirem. A sua contribuição para a manutenção da biodiversidade e da produção agrícola tem-se manifestado absolutamente crucial (3/4 dos cultivos agrícolas dependem totalmente dos insectos polinizadores, entre os quais estão a maior parte das frutas e hortícolas, oleaginosas e proteaginosas, frutos secos e até o café e o cacau).
Os insectos constituem uma das mais numerosas classes de animais e podemos mesmo dizer que a vida na Terra, tal como a conhecemos, seria forçosamente diferente se não pudéssemos contar com a sua prestação. Entre estes encontram-se as borboletas, polinizadoras por excelência, essenciais para a reprodução e proliferação de muitas plantas com flor. Mas não só, fazem também parte da cadeia alimentar em diversos habitats, servindo de alimento a muitos animais, particularmente aves e mamíferos. São igualmente boas indicadoras da qualidade ambiental, o que significa que um local onde se encontram borboletas em abundância não estará muito afectado por agentes poluentes.
Os nossos sistemas dunares, estuarinos e ribeirinhos, habitats que, pelas condições naturais que ali se desenvolvem, estão protegidos daquele tipo de agressões ambientais (poluição atmosférica), apresentam-se assim como uma importante reserva para a manutenção das populações de insectos, particularmente os lepidópteros (borboletas).
Para testemunhar esse facto, nada melhor que a exposição de uma pequeníssima amostra das espécies de borboletas que (com uma simples máquina fotográfica sem lentes dedicadas – macro) consegui registar nos últimos tempos naquele tipo de ecossistemas, apenas no Litoral Norte:
Segundo um dos responsáveis pela investigação «as moléculas aromáticas que produziam as flores num ambiente menos poluído, como há um século, podiam-se estender-se por cerca de mil metros e agora não conseguem ultrapassar os 200 ou 300, a par disto, essas moléculas, que são muito voláteis, fundem-se muito depressa com os poluentes, o que faz com que não se desloquem intactas pois o seu aroma altera-se».
O resultado é um círculo vicioso no qual os insectos polinizadores se deparam com dificuldades para encontrar o seu alimento (néctar) para manter as suas populações e, ao mesmo tempo, as plantas com flor não conseguem a polinização que precisam para se reproduzirem e diversificar.
A partir daqui... não são precisos grandes conhecimentos académicos para perceber as consequências...
Outra vez a costumeira história da nossa acção a contribuir para a redução dos índices de sustentabilidade da vida no planeta. E sempre com uma origem que, à partida (!), parecia tão inofensiva. Mais uma vez...
Para os menos atentos, lembro que os insectos polinizadores têm uma importância ecológica enorme. Está estimado que mais de 2/3 das plantas com flor necessitam desta classe de animais para se reproduzirem. A sua contribuição para a manutenção da biodiversidade e da produção agrícola tem-se manifestado absolutamente crucial (3/4 dos cultivos agrícolas dependem totalmente dos insectos polinizadores, entre os quais estão a maior parte das frutas e hortícolas, oleaginosas e proteaginosas, frutos secos e até o café e o cacau).
Os insectos constituem uma das mais numerosas classes de animais e podemos mesmo dizer que a vida na Terra, tal como a conhecemos, seria forçosamente diferente se não pudéssemos contar com a sua prestação. Entre estes encontram-se as borboletas, polinizadoras por excelência, essenciais para a reprodução e proliferação de muitas plantas com flor. Mas não só, fazem também parte da cadeia alimentar em diversos habitats, servindo de alimento a muitos animais, particularmente aves e mamíferos. São igualmente boas indicadoras da qualidade ambiental, o que significa que um local onde se encontram borboletas em abundância não estará muito afectado por agentes poluentes.
Os nossos sistemas dunares, estuarinos e ribeirinhos, habitats que, pelas condições naturais que ali se desenvolvem, estão protegidos daquele tipo de agressões ambientais (poluição atmosférica), apresentam-se assim como uma importante reserva para a manutenção das populações de insectos, particularmente os lepidópteros (borboletas).
Para testemunhar esse facto, nada melhor que a exposição de uma pequeníssima amostra das espécies de borboletas que (com uma simples máquina fotográfica sem lentes dedicadas – macro) consegui registar nos últimos tempos naquele tipo de ecossistemas, apenas no Litoral Norte:
Borboletas
Família HESPERIIDAE
Carcharodus alceae
Thymelicus sylvestris
Callophrys rubi
Leptotes pirithous
Celastrina argiolus
Família NYMPHALIDAE
Disse, acima, que no nosso litoral a poluição atmosférica não constitui um factor de ameaça ambiental especialmente preocupante, contudo, a faixa costeira do nosso País (e em Esposende é sintomático) tem sido a parte do território mais “consumida” para fins imobiliários (mesmo com os graves riscos de erosão que aqui se verificam). A par disto, as cada vez mais raras “pérolas ecológicas” que sobraram, não se encontram livres de outras agressões igualmente consideráveis.
Designadamente, durante o período estival, a falta de educação, civismo e cidadania, a inexistência de sensibilização para os valores ecológicos em presença, o egoísmo e uma panóplia infindável de comportamentos indesejáveis, têm-se traduzido em resultados muitos prejudiciais para o meio ambiente, desde a própria destruição das dunas pelo pisoteio intensivo até à transformação de toda a área numa imensa lixeira com sacos plásticos pendurados e espalhados por todo o lado, passando pelos vestígios de arriscadíssimas fogueiras “piqueniqueiras” que fugiram ao controlo dos criminosos que as atearam, ou pela perturbação ou abate de animais selvagens ou a destruição de ninhos de espécies protegidas…
CUIDADO
As diversas comunidades de seres vivos estabelecem entre si relações de tal forma intrincadas que a própria ciência nunca conseguirá compreender toda a sua complexidade. A experiência vai-nos dizendo que a ausência de um mero «elo nessa cadeia de relações» põe em causa o equilíbrio de todo o ecossistema que o envolve.
É seguro que se continuarmos neste caminho a nossa própria sobrevivência estará colocada em causa.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
As borboletas de Portugal, ed. Ernestino Maravalhas; fot. Fernando Romão... [et al.] PUBLICAÇÃO: [S.l.] : Vento Norte 2003 ( Porto : Multiponto)
Celastrina argiolus
Família NYMPHALIDAE
Macroglossum stellatarum
Disse, acima, que no nosso litoral a poluição atmosférica não constitui um factor de ameaça ambiental especialmente preocupante, contudo, a faixa costeira do nosso País (e em Esposende é sintomático) tem sido a parte do território mais “consumida” para fins imobiliários (mesmo com os graves riscos de erosão que aqui se verificam). A par disto, as cada vez mais raras “pérolas ecológicas” que sobraram, não se encontram livres de outras agressões igualmente consideráveis.
Designadamente, durante o período estival, a falta de educação, civismo e cidadania, a inexistência de sensibilização para os valores ecológicos em presença, o egoísmo e uma panóplia infindável de comportamentos indesejáveis, têm-se traduzido em resultados muitos prejudiciais para o meio ambiente, desde a própria destruição das dunas pelo pisoteio intensivo até à transformação de toda a área numa imensa lixeira com sacos plásticos pendurados e espalhados por todo o lado, passando pelos vestígios de arriscadíssimas fogueiras “piqueniqueiras” que fugiram ao controlo dos criminosos que as atearam, ou pela perturbação ou abate de animais selvagens ou a destruição de ninhos de espécies protegidas…
CUIDADO
As diversas comunidades de seres vivos estabelecem entre si relações de tal forma intrincadas que a própria ciência nunca conseguirá compreender toda a sua complexidade. A experiência vai-nos dizendo que a ausência de um mero «elo nessa cadeia de relações» põe em causa o equilíbrio de todo o ecossistema que o envolve.
É seguro que se continuarmos neste caminho a nossa própria sobrevivência estará colocada em causa.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
As borboletas de Portugal, ed. Ernestino Maravalhas; fot. Fernando Romão... [et al.] PUBLICAÇÃO: [S.l.] : Vento Norte 2003 ( Porto : Multiponto)