quarta-feira, 30 de junho de 2010

A FEW WORDS (IV)
























(Só para alertar a ínfima parcela do mundo que visita este espaço de que os líderes do pérfido G 20 estão reunidos esta semana no Canadá – AVISEM OS OUTROS).



terça-feira, 29 de junho de 2010

EXPEDIÇÃO: Aves Oceânicas

Em Fevereiro de 2009, quando aqui apresentei em texto as Aves Marinhas que já registei ao largo do litoral norte, as da família Procellariidae não ficaram ilustradas e essa lacuna justifica-se, na medida em que fotografar aquelas aves a partir da costa se afigura como uma tarefa quase impossível. Nalguns países, onde o (lucrativo) turismo ornitológico está mais desenvolvido, são frequentes a organização de viagens de barco até várias milhas mar adentro, unicamente para observação destas aves e, nestas circunstâncias difíceis de concretizar entre nós, já será possível o registo fotográfico de alguns espécimes.

Assim, devo expressar aqui um agradecimento pela amabilidade da “família” do Aves em Portugal do Flickr que me acolheu numa expedição fotográfica realizada no dia 12 deste mês ao largo de Peniche, em especial ao Carlos Palma Rio, que teve a consideração de me dirigir o convite directamente, e ao mestre Faísca enquanto (excelente) organizador. Nesta saída pelágica, apesar da forte agitação marítima, pude, finalmente, recolher algumas imagens de espécies de hábitos exclusivamente oceânicos.

Então, em forma de complemento (ou emenda) à referida apresentação destas aves, exponho a seguir alguns dos resultados daquela “aventura marítima”, ressalvando desde já a falta de qualidade das fotos:

Ordem Procellariiformes

Família Procellariidae

A primeira das espécies mencionadas na apresentação a que me refiro no início foi a Pardela-de-bico-amarelo ainda conhecida por Cagarra (Calonectris diomedea) e esta foi também, com excepção das omnipresentes gaivotas (Larus spp), a primeira a abeirar-se da tripulação;























































depois surgiram as Pardelas-das-baleares (Puffinus mauretanicus) que não mencionei naquele estudo como espécie por mim registada nesta região, mas que consta em literatura diversa como presente ao largo da foz do Cávado;























































quando assinalei a observação do raro Painho-de-cauda-bifurcada (Oceanodroma leucorhoa) na praia de Ofir, foram alvo de menção os congéneres mais comuns no litoral português Painhos-de-cauda-quadrada ou Alma-de-mestre (Hydrobates pelagicus) e assim, conforme as expectativas, também estes vieram posar para as nossas teleobjectivas.





































Ordem Pelecaniformes

Família Sulidae

Apesar de já terem sido aqui publicadas várias fotos do Ganso-patola ou Alcatraz (Morus bassanus), tanto na sua apresentação, como posteriormente numa emenda, aqui ficam mais duas imagens para assinalar a sua aparição perante os “marinheiros” entretanto menos bem dispostos.





































E, confesso, fiquei com um certo amargo de boca por ter considerado, inocentemente, a hipótese de um vislumbre mais próximo sobre um Alcidae (tordas, araus ou papagaios-do-mar).

FICA A ESPERANÇA … PARA UMA PRÓXIMA OPORTUNIDADE!




segunda-feira, 28 de junho de 2010

OBSERVAÇÃO DE AVES (MAIO 2010)

Resumo das minhas notas de campo sobre observação de aves no Estuário do Cávado e habitats envolventes

Definitivamente, e conforme augurava o mês de Abril, a última temporada de migrações de passagem (pré-nupcial) trouxe um número anormalmente reduzido de aves limícolas a esta zona húmida. Na mudança de mês, os Pilritos-d’areia (Calidris alba) ainda surgiram com as habituais tonalidades mais alouradas da plumagem estival e os bandos de Pilritos-comuns (Calidris alpina) até se avolumaram ligeiramente;



















depois, alguns Pernas-verdes (Tringa nebularia), com as suas típicas vocalizações a ecoarem de todos os quadrantes do estuário, criaram uma atmosfera mais melodiosa para a chegada dos sempre escassos mas mais vistosos Pernas-vermelhas (Tringa totanus);



















os discretos e imutáveis Maçaricos-das-rochas (Actitis hypoleucos) distinguiram-se bem entre as curtas fileiras das transformadas Tarambolas-cinzentas (Pluvialis squatarola), grande parte delas com o peito e o ventre já tingido de negro;





































e, aqui e ali, os pequenos grupos de Rolas-do-mar (Arenaria interpres);























































juntamente com os Fuselos (Limosa lapponica), ainda pintaram as margens de brilhantes tons acobreados, enquanto bisbilhotavam incessantemente as margens à cata de nutritivas poliquetas;









































































mas faltou a agitação dos grandes “pelotões” que caracterizam este período do ano, nomeadamente os Maçaricos-galegos (Numenius phaeopus), cujos efectivos se resumiram a pouquíssimas dezenas.

Notou-se também a ausência de espécies menos comuns que nos costumam visitar nestes movimentos migratórios e que são sempre motivo de atenção especial. Mas, mesmo assim, ao razoável número de Borrelhos-grandes-de-coleira (Charadrius hiaticula), em trânsito, e de Borrelhos-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), intensamente ocupados com a prole, no dia 21 ainda vieram juntar-se-lhes “meia-dúzia” de raros Borrelhos-pequenos-de-coleira (Charadrius dubius).
























































Não termino a abordagem aos Charadriiformes, sem antes deixar um apontamento, em forma de interrogação, sobre umas das suas famílias mais bem representadas do nosso litoral: - já alguém terá notado na acentuada diminuição dos bandos de gaivotas (Larus spp)?

Entretanto, a época avançava e, até ao final do mês, alguns espécimes invernantes teimaram em permanecer por cá, sendo bom exemplo disso um ou outro Corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo), alguns pares de Garças-reais (Ardea cinerea) e duas ou três Garças-brancas-pequenas (Egretta garzetta) que, quais bailarinas, ostentarem uma grande graciosidade, agora ainda mais evidenciada pelos belos “trajes” nupciais.
































































































































Durante todo o mês, os inúmeros casais de Patos-reais (Anas platyrhynchos) semi-domesticados da zona ribeirinha de Fão competiam pelo título de maior ninhada e, durante isso, um Pato-ferrugíneo (Tadorna ferruginea), muito mais tímido do que o que aqui ocorreu em Março (não é impossível que seja o mesmo mas mais reservado), procurou companhia entre os bandos de P.-reais mais bravios estacionados mais próximo da foz. Mas o registo mais curioso entre os anatídeos ocorreu no dia 17 com a passagem de um Cisne-mudo (Cygnus olor) sobre o mar, o qual, embora perseguido pelas impertinentes gaivotas, acabou por interromper a rota (para norte) e aproveitou a serenidade do Cávado para descansar entre nós. De referir que este, não é o mesmo indivíduo que está “atracado” nos cais de Fão há vários meses e, apesar da proximidade, nunca foram vistos juntos.























































No topo da cadeia alimentar confirma-se a tendência (quase certeza) da fêmea de Tartaranhão-dos-pauis (Circus aeruginosus) em mudar o seu estatuto para residente;



















e, enquanto aguardamos pela chegada de um macho que lhe siga o exemplo, ainda foi testemunhada no dia 21 a passagem fugaz pelo estuário de uma Ógea (Falco subbuteo), cujo registo fotográfico, apesar de medíocre, deve ser aqui exposto dada a raridade do acontecimento.



















Mas este é também, e por excelência, o mês das aves nidificantes e, como não poderia deixar de ser, a ordem dos passeriformes é a que aqui está melhor representada. A confirmação absoluta das Lavercas (Alauda arvensis) enquanto reprodutoras nos sistemas dunares adjacentes ao Cávado, marcou a abertura dos “trabalhos”;









































































e, entre as que se destacaram em empenhamento na construção de ninhos mais sólidos, surgiram as Andorinhas-das-chaminés (Hirundo rustica);























































ou as primas Andorinhas-dos-beirais (Delichon urbica);





































em oposição às Alvéolas-amarelas (Motacilla flava) que, indiscretas, trocaram o tempo investido na robustez dos berços pelas artes da corte.























































Enquanto os Rabirruivos-pretos (Phoenicurus ochruros) davam nas vistas com as suas “roupas novas”, os Tordos-músicos (Turdus philomelos) e os coloridos Piscos-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), sempre a partir do recato de uma sombra, exibiram um reportório musical extenso;



















ao passo que os Cartaxos-comuns (Saxicola torquatus), sem grandes pudores, estiveram entre os que demonstraram maiores aptidões para criarem descendência.













































































































A inacessibilidade dos refúgios das atarefadas Fuinhas-dos-juncos (Cisticola juncidis) quase não deixou perceber por onde as suas crias se esconderam e igualmente prudentes entre os silvados, mas sempre bem afinadas, estiveram as Felosas-poliglotas (Hippolais polyglotta).





































Nas zonas de maior influência agro-florestal tornou-se difícil de ver uma Toutinegra-de-barrete-preto (Sylvia atricapilla) ou Toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala) sem um “petisco” bem suculento no bico e pronto a ser digerido pelos esfomeados ocupantes dos seus ninhos;





































e em igual labuta pelo pinhal andaram as Trepadeiras-comuns (Certhia brachydactyla), os Chapins-reais (Parus major) e as hordas de Chapins-pretos (Parus ater).



















Também notado foi o aumento do frenesim entre os Gaios (Garrulus glandarius) ou os constantes movimentos de vaivém das Pegas (Pica pica) entre os campos agrícolas e o estuário e daqui para o pinhal.



















Entre muitas outras, espécies como o Pardal-montês (Passer montanus), a Escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus), o Chamariz (Serinus serinus), o Pintarroxo (Carduelis cannabina) ou o Verdilhão (Carduelis chloris),



















apesar de se terem manifestado muito prudentes antes de avançarem para os ninhos, evitando denunciar a sua localização, também deram sinais de nidificação comprovada na região.

Noutras ordens o emparelhamento também se verificou, destacando-se pelo alargamento na área de distribuição as Perdizes-comuns (Alectoris rufa) que depois de introduzidas na zona de caça entre Fão e Apúlia, encontram-se agora disseminadas pelos sistemas dunares, pelas margens do rio e até visitam algumas zonas ajardinadas nas residências de veraneio.





































Os Pombos-torcazes (Columba palumbus) continuaram tão namoradeiros quanto cautelosos, pelo que, para ilustrar a família, recorri à boa vontade de um iridescente Pombo-correio (variedade domesticada do pombo-das-rochas Columba livia) que, exausto, pouco se importou com a minha aproximação;





































mas mais entusiasmante foi a eficácia do esconderijo que improvisei para “apanhar em cheio” estas exuberantes, tímidas e cada vez mais raras Rolas-bravas (Streptopelia turtur).



























































































Ao contemplar os intermináveis exércitos de Andorinhões-pretos (Apus apus) a devorarem insectos sobre as nossas povoações, pus-me a reflectir sobre as consequências que para nós, humanos, adviriam de um mero, mas iminente, decréscimo das suas populações…



















… e os cada vez mais longos finais de tarde acabariam por evidenciar a aproximação ao Verão. No dia 20 começaram a regressar à parte baixa do estuário os primeiros juvenis de Guarda-rios (Alcedo atthis) sempre atentos aos laboriosos progenitores. Na noite de 23 foi ouvida a melancólica canção de uma Coruja-do-mato (Strix aluco) pousada no pequeno Caniçal de Fão e o constante “ressonar” das exigentes crias de Coruja-das-torres (Tyto alba) lá para os lados da floresta de pinheiro e folhosas, “obrigaram-me” a empreender as habituais incursões nocturnas, mata adentro, na pista dos Noitibós (Caprimulgus europaeus) que tanto me seduzem e cuja chegada foi assinalada pelas suas incomparáveis vocalizações na madrugada do dia 8 (o registo visual da sua presença fica, por enquanto, com esta “quase” fotografia).



















Fascinantes!