quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fisálias

Physalia physalis (Linnaeus, 1758)

De entre a enorme quantidade e diversidade de seres marinhos, ou o que deles resta, que surgem habitualmente arrojados nas nossas praias, as Caravelas-portuguesas (Physalia physalis), também conhecidas no mundo anglo-saxónico por "Portuguese man-of- war" (qualquer coisa como Guerreiro Português), não são certamente os mais vulgares e até a peculiar biologia dos cnidários, filo a que pertencem, é algo difícil de explicar, motivo pelo qual tendemos a olhar para estas criaturas com alguma estranheza. Na realidade cada Fisália, outro nome comum pelo qual estes organismos podem ser chamados, não corresponde a apenas um indivíduo independente como se verifica, por exemplo, nos vertebrados que nos são mais familiares, mas sim a uma colónia constituída por quatro grupos distintos de indivíduos, ou pólipos, responsáveis por várias funções vitais, como os que compõem a vesícula encarregada pela flutuação e locomoção, os que formam os tentáculos dedicados à captura das presas e à própria defesa, ainda os que se especializaram na alimentação ou digestão e, por fim, aqueles que têm por exclusiva função a reprodução da espécie.



















Segundo alguns dados obtidos através de pesquisa na, sempre questionável, internet, as Caravelas-portuguesas tem distribuição global e, embora mostrem preferência pelas regiões tropicais, são comuns no Atlântico desde a latitude das ilhas britânicas até ao seu extremo sul. De qualquer modo, como são seres pelágicos (com vida quase restrita alto mar), os seus registos junto à costa continental portuguesa não são frequentes e, quando isso acontece, deve-se unicamente à acção aleatória das correntes marítimas e dos ventos que impulsionam o flutuador. E foi também por esta razão, pela vertente de fenómeno raro ou ocasional, que fiz questão de assinalar a presença de um número considerável destes animais nas praias do litoral norte no início do último mês.




















MAS CUIDADO!

Apesar de uma certa beleza e de facilmente despertarem o interesse dos mais curiosos, nomeadamente das crianças, estes seres representam algum risco para os humanos. Os seus tentáculos azuis, que podem prolongar-se na água por mais de 30 metros, estão pejados de células urticantes prontas a causarem dolorosas queimaduras de terceiro grau em quem lhes tocar ou for atingido por acidente e aquelas toxinas mantêm-se activas mesmo nos animais encontrados mortos na praia.

CONSELHOS EM CASO DE DETECÇÃO

- Assim que se avistem estes animais a flutuar, devemos manter o afastamento, sendo preferível abandonar a água e avisar prontamente o nadador salvador ou as autoridades marítimas;

- tendo sucedido o contacto, evitar que a zona atingida toque noutras partes do corpo, sobretudo as mucosas, e, mantendo este cuidado, lavar a superfície afectada com água salgada;

- se possível, envolver a ferida durante meia hora com vinagre dissolvido em água (metade de cada) para remover qualquer vestígio dos tentáculos;

- contactar o Centro de Informação Anti-Venenos – CIAV, através do telefone: 808 250 143.




É que imunes ao seu veneno, só as tartarugas-marinhas!



REFERÊNCIAS

Pode encontrar informação segura sobre o Filo Cnidária em:

Fauna Submarina Atlântica” (1995)
Edição ‘Publicações Europa América’
De Professor Luiz Saldanha

Fauna e Flora do Litoral de Portugal e Europa” (1994 e 2006)
Edição portuguesa ‘Guias Fapas’
De Andrew Campbell
Ilustrações de James Nicholls