Confirmação da
ocorrência de uma nova espécie de CHARADRIIFORMES
Família Laridae
Durante
o ano de 2012 o número de gaivotas (família Laridae)
inscritas no meu inventário para o estuário do Cávado e habitats envolventes (quadrícula
UTM NF19 nos limites do Parque Natural do Litoral Norte) subiu de seis para dez
espécies. Assim, proponho uma leitura transversal a quatro textos publicados no
blogue Verdes Ecos em março,
maio, junho e novembro do último ano, referentes às quatro últimas
“descobertas” de gaivotas na minha área em estudo e através dos quais poderemos
ficar a saber um pouco mais sobre a distribuição, a fenologia, o estatuto de
conservação ou a abundância destas aves nesta região.
Mas
uma dezena de espécies de gaivotas corresponde apenas a metade das que podem
ser observadas na nossa costa (Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R.
2010. em AVES DE
PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL). Entre as
restantes, três já foram registadas ao largo ou no litoral de Esposende por
outros observadores, a saber: o Gaivotão-branco, também
conhecido por Gaivota-hiperbórea (Larus
hyperboreus), a Gaivota-tridáctila (Rissa
tridactyla) e a Gaivota-de-sabine (Xema
sabini). Então, dada a grande dificuldade em distinguir a maioria das
gaivotas, estas tornaram-se as três espécies prioritárias para inscrição na
minha lista pessoal em 2013.
E não demorou muito a
aparecer a primeira candidata…
Estas
imagens foram obtidas ao final da manhã do dia 24 de janeiro de 2013 num banco de areia que sobrou do extremo da
restinga do Cávado e, apesar de me terem restado poucas dúvidas sobre a sua
identificação, expu-las à apreciação no Fórum Aves onde
se confirmou corresponderem a um Gaivotão-branco (Larus
hyperboreus) em plumagem de 2º inverno e aparentemente
debilitado devido ao violento temporal que nos tinha assolado nos dias anteriores.
A ave manteve-se naquele local até ao final da tarde mas no dia seguinte já não
foi ali encontrada. Então, como era devido, este registo foi submetido ao Comité Português de Raridades mas ainda aguarda a
atribuição do respetivo código.
O
único registo conhecido desta espécie no estuário do Cávado data já do
longínquo mês de janeiro de 1995 (revista Pardela nº 10). No já aqui citado
livro Aves de Portugal – Ornitologia do
Território Continental esta espécie proveniente do Ártico é considerada
como acidental no nosso litoral. A União
Internacional para a Conservação da Natureza conferiu a esta espécie o
estatuto de conservação global de não
ameaçada.
Motivado
por este registo, continuei particularmente atento aos bandos de gaivotas
distribuídos um pouco por todo este estuário, até que volvidos apenas quatro
dias foi observada outra “gaivota de cor branca” a sobrevoar a foz. Esta,
porém, permanecerá por identificar dado que naquele momento não estava equipado
com máquina fotográfica e, além disso, não consegui fazer uma descrição
peremptória da ave. Mas ainda nesse mesmo dia avistei uma das espécies que mais
procurei nos últimos anos. Sem conseguir suster o entusiasmo, partilhei-o assim
com a comunidade do Fórum Aves:
«Esta espécie já consta na minha lista pessoal para o
estuário do Cávado (Esposende) desde há sensivelmente 15 anos. Então, em finais
da década de 1990, vi um adulto, tal como este, e exatamente no mesmo local, ou
seja, no banco de areia entre as piscinas municipais e a doca de pesca. Como
perdi o registo da data precisa em que observei ave, acabou por ainda não
constar na lista distrital de Braga. Hoje, dia 28 de janeiro de 2013, na excelente companhia do Thijs Valkenburg,
voltei a localizar o GAIVOTÃO-REAL
(Larus marinus) na minha área em estudo. Mais um para Braga!
Deixo uma nota sobre a
observação de uma gaivota que era seguramente de uma das espécies hyperboreus ou glaucoides, porém,
devido à grande distância que nos sobrevoou na foz, não nos foi possível
identificá-la. Quase de certeza que era um juvenil ou 1º. inverno de glaucoides (menor tamanho relativamente
às duas michahellis que voavam ao seu lado e plumagem acastanhada muito clara
com primárias brancas a criarem um nítido contraste com a restante plumagem)…/…»
Para
lá do GAIVOTÃO-REAL, também conhecido por GAIVOTA-GRANDE, neste mês de janeiro
não faltaram os sempre habituais Guinchos-comuns (Chroicocephalus ridibundus), as Gaivotas-d’asa-escura
(Larus fuscus), as Gaivotas-de-patas-amarelas
(Larus michahellis) e, sempre próximo
da foz, chegaram a ser contadas cinco Gaivotas-de-cabeça-preta (Ichthyaetus melanocephalus) e quatro Famegos
ou Gaivotas-pardas (Larus canus).