quarta-feira, 25 de julho de 2012

OBSERVAÇÃO DE AVES (JUNHO 2012) (Anexo)


Confirmação da ocorrência de uma nova espécie de APODIFORMES

Ordem Apodiformes

Família Apodidae

No continente nacional poderão ocorrer seis espécies distintas de andorinhões, aves de família Apodidae que passam o inverno em África e que nos visitam nos meses mais quentes em busca de locais de nidificação e de abundância de sustento para as crias. De entre todas estas aves que avançam no nosso território vindas de sul, apenas a presença do Andorinhão-preto (Apus apus), estival comum a muito comum (*), tinha já sido registada no distrito de Braga.

Então, além desta, temos a considerar mais duas espécies meramente acidentais (*) em Portugal, o Rabo-espinhoso (Chaetura pelagica) e o Andorinhão-pequeno (Apus affinis), ambos altamente improváveis nesta região, ainda o raro (*) Andorinhão-cafre (Apus caffer), cuja distribuição para norte do rio Tejo não será conhecida por enquanto, também o Andorinhão-real (Apus melba), estival e migrador de passagem raro a pouco comum (*), que, apesar de não encontrar habitat favorável no litoral norte, já nidifica na área metropolitana do Porto sob uma das pontes do rio Douro (**) e, por fim, o Andorinhão-pálido (Apus pallidus), estival comum (*), que ainda não tinha sido identificado nesta zona, muito provavelmente devido às grandes dificuldades em distingui-lo do abundante Andorinhão-preto.

Estas justificadas suspeitas sobre as deficiências na cobertura da distribuição do Andorinhão-pálido no nosso país, associadas à informação apresentada em literatura diversa que dava conta da sua “expansão” para norte e, sobretudo, as palavras de Gonçalo Elias que me dizia «O facto de não haver registos de A. pallidus no distrito de Braga poderá ficar a dever-se à falta de cobertura. A espécie nidifica no Alto Minho, nomeadamente em Arcos de Valdevez (confirmei a nidificação nesta vila em 2005 e voltei a vê-los e ouvi-los lá este ano, no início deste mês de Junho)», fizeram-me dedicar algumas horas de atenção aos festins destas excelentes voadoras sobre o casario de Fão, onde, nos dias 18 e 19 do último mês de Junho, registei várias dezenas de imagens destas aves em voo.

Se, nalguns casos, fotos como estas




















apenas mereciam comentários como: «…a primeira é A. apus. Quanto à segunda ave, em minha opinião apresenta todas as características de A. pallidus, a saber: plumagem cor de "café com leite"; mancha branca na garganta (mento) muito mais extensa que a que se vê em A. apus; zona clara ("janela") nas secundárias e primárias interiores, contrastando com as primárias exteriores mais escuras. Normalmente para mim o tira-teimas são as vocalizações, que são diferentes nas duas espécies.» (G. Elias), deixando uma vaga incerteza sobre a respetiva identificação, outras fotos, como esta



















não deixavam qualquer dúvida quanto à ocorrência do Andorinhão-pálido (Apus pallidus) na margem esquerda do estuário do Cávado.

Desde então, jamais tentei fotografá-los mas já me habituei a procurá-los com auxílio de binóculos. Entre o bando de A.-pretos que sobrevoa em grande número a zona envolvente à Alameda do Bom Jesus em Fão, consegue-se distinguir, ainda que com alguma capacidade de paciência, um ou outro A.-pálido. Por sua vez, na zona em redor à igreja matriz de Fão e no Ramalhão não encontrei qualquer indivíduo desta espécie. Mas sobre os telhados em frente aos bombeiros, sobretudo de manhã cedo ou ao final da tarde, sucedem-se as suas “aparições” denunciadas pelas típicas e incessantes vocalizações algo distintas das dos seus congéneres mais escuros.

No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal consta que o seu estado de conservação é «Pouco Preocupante».





(*) Estatuto fenológico atribuído por Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. em AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa.

(**) Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999–2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa.