Família Charadriidae (borrelhos, abibes e tarambolas)
Género Pluvialis
No território continental nacional ocorrem regularmente duas espécies de tarambolas (género Pluvialis), ambas já registadas no estuário do Cávado: a Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola), invernante e migrador de passagem localmente comum (*), que desde o início de novembro conta com várias dezenas de indivíduos bem disseminados por toda esta zona húmida, e a Tarambola-dourada (Pluvialis apricaria), invernante pouco comum (*), que está a tardar a chegar (ou a passar).
Além destas, em AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL (*), consta que ainda haverá a remota possibilidade de ocorrer no nosso país a Tarambola-dourada-siberiana (Pluvialis fulva) e a Tarambola-dourada-americana ou Batuiruçu (Pluvialis dominica), cujas distribuições globais são assim apresentadas no portal da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN):
Este dado per si já demonstra a pouca probabilidade destas duas espécies surgirem nesta região do globo. E entre os escassos registos da sua presença em Portugal, apenas há a indicação de uma ocorrência de P. dominica a norte do Cabo Carvoeiro (no estuário do Mondego 02.10.2010 D. Holyoak) (in Raridades Online).
Deste modo, quando em 14 de setembro de 2010 observei na margem direita do estuário do Cávado esta ave:
presumi meramente que estava perante uma Tarambola-cinzenta em mudança de plumagem estival para invernante e publiquei aqui uma daquelas imagens associando-lhe o nome desta espécie mais comum.
Até que recentemente fui contactado por Rafael Matias a corrigir-me a identificação daquela ave. Ou seja, segundo este membro do Comité Português de Raridades, e também de acordo com a insuspeita opinião de João Jara e de Ray Tipper, a foto apresentada corresponde efetivamente a uma Tarambola-dourada-americana.
Assinalo, assim, a inscrição da Tarambola-dourada-americana ou Batuiruçu (Pluvialis dominica) na lista das aves do estuário do Cávado e habitats envolventes.
Como é óbvio, esta espécie não consta na Lista de Aves referenciadas para o Parque Natural Litoral Norte na respectiva caracterização biológica, nem no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. A UICN atribui-lhe o estatuto de conservação a nível global de «Pouco Preocupante».
Na última actualização da lista de aves do distrito de Braga do portal Aves de Portugal, já está mencionada esta ocorrência.
Com um atraso superior a um ano, esta observação foi submetida para homologação ao Comité Português de Raridades, tendo-lhe sido atribuído o código CPR J073.
(*) Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. em AVES DE PORTUGAL – ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa.