quinta-feira, 29 de julho de 2010

EXPEDIÇÃO: Aves Nocturnas e da Serra de S. Mamede

Quando, no início deste mês, o meu estimado amigo Carlos Palma Rio me convidou para o acompanhar até Abrantes e Marvão onde iria gravar mais um programa do imperdível “Natureza Espontânea” da EsposendeTV, - que, obviamente, aceitei de imediato - nem podia imaginar que estava prestes a experimentar duas sessões de fotografia de aves simplesmente arrebatadoras. No entanto, o grande privilégio desta “aventura” foi ter conhecido pessoalmente um dos maiores e mais dedicados talentos da fotografia da natureza, o jovem Carlos Patrício, o seu paciente pai Mário e os quatro avós que nos receberam com autêntica generosidade e cujos esforços e amplos conhecimentos nos possibilitaram alguns registos fotográficos interessantes.

Então, na noite do último dia 20, com uma verdadeira estratégia de equipa preparada ao mais ínfimo pormenor pelo nosso anfitrião, instalamo-nos e deslocamo-nos por entre os olivais de algumas aldeias de Abrantes, onde, por fim, acabei por obter imagens com qualidade aceitável de três espécies de aves nocturnas e que há tanto tempo persigo – as duas primeiras comuns no Litoral Norte e já mencionadas no estudo sobre Ornitologia que aqui apresentei em 2009 e a terceira, com estatuto de vulnerável, mais frequente nas zonas raianas e no sul do nosso país – a saber:

ORDEM STRIGIFORMES

Família Strigidae

Mocho-galego
(Athene noctua)










































































ORDEM CAPRIMULGIFORMES

Família Caprimulgidae

Noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus)




















Noitibó-de-nuca-vermelha (Caprimulgus ruficollis)
























































No dia seguinte, e apesar das poucas horas de descanso, o despertar foi facilitado pela promessa do Carlos Patrício em indicar-nos alguns dos seus melhores hotspots de observação de aves na Serra de S. Mamede. E foi precisamente por terras de Marvão que encontrei a maior concentração de espécies facilmente observáveis e de relevante interesse ecológico deste pequeno mas riquíssimo país, sobretudo no que se refere a aves de rapina raras. Fica aqui uma pequena amostra do que ficou registado em imagem:

ORDEM ACCIPITRIFORMES

Família Accipitridae


Grifo
(Gyps fulvus)




















Águia-cobreira (Circaetus gallicus)






































Águia-de-Bonelli (Hieraaetus fasciatus)







































ORDEM PASSERIFORMES

Família Hirundinidae

Andorinha-das-rochas
(Ptyonoprogne rupestris)







































Família Turdidae

Melro-azul
(Monticola solitarius)







































Família Emberizidae

Cia
(Emberiza cia)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A FEW WORDS (V)






















(Alguém será capaz de me explicar o significado de «Requalificação Ambiental»???...)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

OBSERVAÇÃO DE AVES (JUNHO 2010)

Resumo das minhas notas de campo sobre observação de aves no Estuário do Cávado e habitats envolventes

Julgo ser óbvio que os textos apresentados nesta primeira rubrica mensal não devem, em rigor, ser interpretados como um inventário exaustivo de todas as espécies observadas na região ao longo do respectivo mês. Aliás, o registo de muitas das ocorrências, sobretudo o das aves residentes e mais vulgares, nem sequer é sempre aqui alvo de referência, no entanto, como desde Novembro último, altura em que publiquei o primeiro “resumo”, tenho conseguido dedicar largas horas a esta actividade, as listas até agora enunciadas ainda podem, de certa forma, ser lidas como uma “amostragem” dos indivíduos ou das populações de aves que por cá passaram ou se mantiveram durante cada um daqueles períodos.

Anualmente, depois de Maio e até chegue Setembro, o estuário do Cávado passa por uma fase de grande acalmia em termos avifaunísticos e o apelo para cumprir com as visitas de campo de rotina diminui significativamente. Nesta altura do ano, em que a fauna ribeirinha fica mais vulnerável face à maior perturbação humana, é frequente manter-me mais afastado das margens do rio e os meus apontamentos ficam resumidos a pouco mais do que alguns registos pontuais nas matas envolventes, pelo que, assim, a curta lista que se segue não deve tão-pouco ser considerada como mera amostra.

Conforme deixei antever no último mês, as protagonistas nos meses mais quentes, ressalvando os magotes de Andorinhas-das-chaminés (Hirundo rustica) e de Andorinhões-pretos (Apus apus), costumam ser as aves de hábitos crepusculares ou nocturnos. Entre estas, tanto nas zonas de influência agrícola junto ao estuário como no pinhal que se estende desde Fão até ao Caniçal da Apúlia, foram particularmente notadas as Corujas-das-torres (Tyto alba) e principalmente os misteriosos Noitibós (Caprimulgus europaeus) (1).





































Na orla desta mata as madrugadas tornaram-se ainda mais encantadoras pela acção dos cânticos prolongados de alguns Tordos-músicos (Turdus philomelos) isolados, com os quais também me demorei a apreciar as suas aptidões especiais para tirarem os nutritivos caracóis de dentro da casca. Igualmente curiosas com tais habilidades estiveram as Escrevedeiras-de-garganta-preta (Emberiza cirlus) cujas crias, insaciáveis, não deram descanso aos progenitores.





































Nas poucas e breves escapadinhas até ao rio, foi possível verificar que entre os juncos, onde as coloridas Alvéolas-amarelas (Motacilla flava) se balançavam com perícia, ainda se refugiaram algumas Garças-reais (Ardea cinerea) sempre atentas às ameaçadoras passagens da fêmea de Tartaranhão-dos-pauis (Circus aeruginosus). Por aqui, os loureiros e salgueiros das galerias ripícolas foram colonizados por vários passeriformes tais como este zeloso casal de Toutinegras-de-barrete-preto (Sylvia atricapilla).























































Enquanto isso, nas margens mais resguardadas os Patos-reais (Anas platyrhynchos) continuaram a reproduzir-se a bom ritmo e os juvenis das Galinhas-d’água (Gallinula chloropus), já bem crescidos, arriscavam-se para cada vez mais longe dos preocupados e sempre vigilantes “papás”.

Inspirado por estas, afastei-me para nascente, Cávado acima, até às minas desactivadas de Barqueiros que também servem de berço aos Mergulhões-pequenos (Tachybaptus ruficollis) e aos Galeirões (Fulica atra) e onde confirmei, pela primeira vez, a nidificação de Borrelhos-pequenos-de-coleira (Charadrius dubius).





































E termino a redacção deste pequeno texto ainda extasiado pela última expedição em que participei no nosso País e cujas imagens serão aqui apresentadas em breve.





(1) AGRADECIMENTO: Enquanto ainda procuro apurar a melhor técnica para evitar que os grandes olhos dos Noitibós reluzam do modo inconveniente como surgem na segunda imagem, recorri à preciosa ajuda do impagável amigo Alberto Calheiros que, com os seus bastos e experimentados conhecimentos em tratamento de imagem, me permitiu que a primeira foto fosse algo mais do que apenas um grande clarão num fundo completamente negro.