Lista anotada e ilustrada das aves observadas no Estuário do Cávado e habitats envolventes
As condições meteorológicas que se verificaram na primeira metade deste mês, caracterizadas por temperaturas amenas e ausência de chuva e de ventos, terão atrasado a passagem de algumas migradoras ou a chegada das primeiras invernantes. Apesar disto, dediquei parte dos primeiros dias do mês a tentar fazer o reconhecimento das aves oceânicas que normalmente se “desviam” até à costa nesta altura do ano. Esta tarefa, para mim bastante difícil de concretizar, traduziu-se, ainda assim, na identificação de uma nova espécie para a foz do Cávado. O acentuado arrefecimento dos dias 17 e 18 e o temporal dos dias 25 e 26 trariam, por fim, algumas aves já esperadas, mas outras continuaram por aparecer até ao final do mês. A lista a seguir apresentada poderia, porventura, ter sido mais extensa caso não se tivessem perdido muitas das imagens que recolhi do mar pejado de aves e dos grandes bandos de gaivotas “estacionados” por todo o estuário.
(as ocorrências mais relevantes serão assinaladas a negrito)
(anotações a azul)
(as ilustrações seguem-se ao nome a que correspondem)
(para ver a foto com um pouco mais de detalhe clique em cima da imagem)
ESPÉCIES COM POPULAÇÕES EM ESTADO SELVAGEM
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Anas strepera (Frisada) – a fêmea dos meses anteriores já não foi avistada, mas no dia 30 chegou um macho à marginal de Fão
Anas crecca (Marrequinho) – o arrefecimento que se verificou nos dia 17 e 18 trouxe dois casais que se vieram juntar à fêmea chegada em Agosto
Anas platyrhynchos (Pato-real) – até ao final do mês não se notou qualquer aumento
Aythya ferina (Zarro-comum) – observado um casal no dia 11 na margem direita a montante da ponte velha
Ordem Pelecaniformes
Família Sulidae
Morus bassanus (Ganso-patola) – as condições marítimas adversas dos dias 17; 18; 25 e 26 “obrigaram” muitos indivíduos a aproximarem-se da costa sendo, então, facilmente avistados a partir da praia várias dezenas de aves adultas e imaturas de diversas idades a mergulharem e a seguirem sobretudo o sentido para sul; à semelhança do mês anterior, alguns espécimes exaustos pousaram no areal (restinga)
Família Phalacrocoracidae
Phalacrocorax carbo (Corvo-marinho-de-faces-brancas) – chegada em “catadupa” de vários bandos ao longo de todo o mês; no dia 20, entre as 18.00 e as 18.10 horas, contei 103 (cento e três) aves a passarem sobre a ponte velha para o local de pernoita
Ordem Ciconiiformes
Família Ardeidae
Bubulcus ibis (Garça-boieira) – o pequeno bando que pernoita juntamente com a congénere seguinte num freixo da margem direita nunca atingiu mais de 11 indivíduos; estes, ainda antes de se deslocarem para os campos de cultivo, onde se alimentam, permaneciam durante parte da manhã na ínsua sob a ponte velha
Egretta garzetta (Garça-branca-pequena)
Ardea cinerea (Garça-real ou G-cinzenta)
Família Threskiornithidae
Platalea leucorodia (Colhereiro) – nunca, em 15 anos, registei a permanência de indivíduos desta espécie no estuário do Cávado durante tão alargado período de tempo; mantêm-se por cá vários indivíduos desde 23 de Setembro e no final do mês ainda se viam alguns pares por toda a zona húmida; no dia 19 ao final da tarde foi detectado o par de aves anilhadas na marginal de Fão que no dia seguinte pernoitou no lado oposto em Gandra; neste dia 20 encontrava-se abrigado no extremo norte do juncal um grupo de 7 (sete) indivíduos, nenhum deles anilhado
Ordem Accipitriformes
Família Accipitridae
Accipiter nisus (Gavião) – observados vários ataques às limícolas na marginal de Fão e junto à ETAR e ainda no sapal junto à foz, sempre na primeira hora da manhã
Buteo buteo (Águia-de-asa-redonda) – no dia 11 chegou um indivíduo que me parece o invernante que tem ocupado nos últimos anos os campos de cultivo desde a ETAR até à Solidal na margem direita
Hieraaetus pennatus (Águia-calçada) – no dia 4 observei o indivíduo das imagens abaixo apresentadas que, vindo de norte, pousou no poste AT na margem esquerda junto aos campos das Pedreiras em Fão e após ter descansado durante mais de 30 minutos seguiu para sul
Família Pandionidae
Pandion haliaetus (Águia-pesqueira) – ausente desde o dia 23 de Setembro, regressou no dia 20 de Outubro, tendo sido, desde então, vista diariamente e várias vezes ao dia demonstrando uma alta taxa de sucesso na captura das suas presas
Ordem Falconiformes
Família Falconidae
Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)
Ordem Gruiformes
Família Rallidae
Fulica atra (Galeirão) – a descida da temperatura verificada nos dias 17 e 18 trouxe mais quatro indivíduos que se vieram juntar aos dois chegados no mês anterior; os seis ficaram “estacionados” na zona ribeirinha de Fão e apenas se afastam até ao sapal a sul da ETAR
Ordem Charadriiformes
Família Haematopodidae
Haematopus ostralegus (Ostraceiro) – no dia 5 juntou-se um segundo indivíduo ao que tinha chegado em Setembro; a partir do dia 18 já só se observava um no sapal junto à foz
Família Charadriidae
Charadrius hiaticula (Borrelho-grande-de-coleira) – sobretudo juvenis
Charadrius alexandrinus (Borrelho-de-coleira-interrompida) – ainda se observam alguns juvenis na restinga e no sapal junto à foz
Pluvialis apricaria (Tarambola-dourada) – no dia 13 foi observada uma ave abrigada entre os grandes bandos de pilritos e de borrelhos no sapal junto ao Forte de S. João Baptista
Pluvialis squatarola (Tarambola-cinzenta) – ainda poucos indivíduos
Família Scolopacidae
Calidris canutus (Seixoeira) – dia 4 foi observada uma nos molhes da barra
Calidris alba (Pilrito-d’areia)
Calidris alpina (Pilrito-comum)
Gallinago gallinago (Narceja) – apenas observei uma no dia 6 (note-se que não me tenho deslocado ao interior do juncal onde habitualmente se abrigam)
Limosa limosa (Maçarico-de-bico-direito) – parece que se prepara para passar o Inverno entre nós um pequeno bando de cinco indivíduos
Limosa lapponica (Fuselo)
Tringa totanus (Perna-vermelha) – observado um indivíduo no seio do juncal
Tringa nebularia (Perna-verde)
Actitis hypoleucos (Maçarico-das-rochas)
Arenaria interpres (Rola-do-mar) – vários pequenos bandos por todo o estuário
Família Stercorariidae
Será feita uma abordagem mais alongada em texto anexo que publicarei ainda este mês
Família Laridae
Larus ridibundus (Guincho)
Larus fuscus (Gaivota-de-asa-escura) – até ao final do mês não se notou qualquer aumento significativo nas comunidades de gaivotas, apesar de nos dias do temporal de 25 e 26 muitas se terem abrigado mais para interior, nomeadamente na margem direita e no juncal a montante da ponte velha
Larus michahellis (Gaivota-de-patas-amarelas) – espero, oportunamente, contar um pouco mais da história do imaturo das fotos (dia 30) que se manteve durante os últimos dias do mês nos cais de Fão (não garanto em absoluto que seja esta a espécie)
Família Sternidae
Sterna sandvicensis (Garajau-comum)
Chlidonias niger (Gaivina-preta) – na madrugada do dia 1 observei um indivíduo a alimentar-se na frente ribeirinha de Fão
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
Columba livia (Pombo-da-rocha e Pombo-doméstico)
Columba palumbus (Pombo-torcaz) – no dia 14 contei mais de 60 indivíduos num campo de milho recentemente cortado a sul da ETAR mas também eram encontrados outros bandos menores até à ponte da A28
Streptopelia decaocto (Rola-turca)
Ordem Strigiformes
Família Tytonidae
Tyto alba (Coruja-das-torres)
Família Strigidae
Asio flammeus (Coruja-do-nabal) – pelas 7.30 horas do dia 2 um indivíduo esbarrou-se literalmente contra a porta do prédio onde habito mas logo seguiu até ao pequeno caniçal na entrada sul de Fão onde se abrigou; volvidos alguns minutos, a partir da EN 13, ainda consegui registar nesta imagem a sua partida para sul sobre a veiga que se estende até à Apúlia (não parecia combalida)
Ordem Apodiformes
Família Apodidae
Apus apus (Andorinhão-preto) – muito raro no final do mês
Ordem Coraciiformes
Família Alcedinidae
Alcedo atthis (Guarda-rios)
Ordem Piciformes
Família Picidae
Picus viridis (Peto-verde)
Dendrocopus major (Pica-pau-malhado-grande)
Ordem Passeriformes
Família Alaudidae
Alauda arvensis (Laverca) – no dia 28 foram observadas as primeiras e logo em grande número nos campos de Gandra junto à margem a jusante da ponte velha
Família Hirundinidae
Hirundo rustica (Andorinha-das-chaminés) – em números muito reduzidos praticamente desde o início do mês e no final já quase não se observavam
Hirundo daurica (Andorinha-dáurica) – durante todo o mês foram observados quase diariamente 3 indivíduos sobre a linha de água que acompanha os campos das Pedreiras pela margem esquerda, ainda aqui, no dia 28, este bando era composto por 4 (quatro) aves; em igual número foram avistadas outras no dia 4 no extremo oposto do estuário, sobre o sapal junto à foz
Família Motacillidae
Anthus pratensis (Petinha-dos-prados) – a primeira da época apenas foi registada no dia 12; deste então, sobretudo a partir do dia 19, verificou-se uma autêntica “invasão”
Motacilla cinerea (Alvéola-cinzenta) – no dia 11 observei a primeira da época na poça em frente ao caminho do Martinho em Fão e no dia 19 foi registada a passagem de vários indivíduos entre os bandos das congéneres seguintes, sobretudo nos molhes da foz e restante marginal de Esposende
Motacilla alba (Alvéola-branca) – no dia 19 deu-se a “invasão” da raça dominante em simultâneo com as petinhas; no dia 24 uma «enlutada» (M. a. yarrellii na foto) chegou aos relvados da frente ribeirinha de Esposende mas apenas ali se manteve até ao dia seguinte (parecia que, vinda de Terras de Sua Majestade, anunciava o temporal); depois apenas foi observada outra da mesma raça que se fixou num campo de cultivo a sul da ETAR na margem direita
Família Troglodytidae
Troglodytes troglodytes (Carriça)
Família Prunellidae
Prunella modularis (Ferreirinha)
Família Turdidae (Pisco-de-peito-ruivo) – já se notou um aumento
Erithacus rubecula
Luscinia svecica (Pisco-de-peito-azul) – comuns no início do mês, no final já se contavam poucos
Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto)
Saxicola torquata (Cartaxo-comum)
Oenanthe oenanthe (Chasco-cinzento) – abundantes no início do mês, no final já se contavam poucos
Turdus merula (Melro-preto)
Família Sylviidae
Cettia cetti (Rouxinol-bravo) – principalmente detectados pelas vocalizações, mas neste mês pareciam menos tímidos
Cisticola juncidis (Fuinha-dos-juncos)
Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete-preto)
Sylvia undata (Felosa-do-mato ou Toutinegra-do-mato)
Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)
Phylloscopus collybita (Felosa-comum ou Felosinha) – quase podemos dizer que veio substituir a F.-musical, já não observada este mês; o registo dos primeiros indivíduos verificou-se logo no dia 1
Regulus ignicapillus (Estrelinha-real) – espécie típica de meios mais arborizados, requer que nos afastemos um pouco do estuário propriamente dito para ser observada; de qualquer modo nesta altura do ano nota-se um aumento da sua população
Família Muscicapidae
Muscicapa striata (Papa-moscas-cinzento) – o último foi observado no dia 11
Ficedula hypoleuca (Papa-moscas-preto) – em meados do mês ainda se observavam alguns indivíduos
Família Paridae
Parus ater (Chapim-preto)
Parus major (Chapim-real)
Família Certhiidae
Certhia brachydactyla (Trepadeira-comum)
Família Corvidae
Garrulus glandarius (Gaio)
Pica pica (Pega)
Corvus corone (Gralha-preta) – até ao final do mês ainda se observavam duas nos campos de cultivo de toda a margem direita
Família Sturnidae
Sturnus vulgaris (Estorninho-malhado)
Sturnus unicolor (Estorninho-preto)
Família Passeridae
Passer domesticus (Pardal-comum ou Pardal-dos-telhados)
Passer montanus (Pardal-montês)
Família Estrildidae
Estrilda astrild (Bico-de-lacre)
Família Fringillidae
Serinus serinus (Chamariz)
Carduelis chloris (Verdilhão)
Carduelis cannabina (Pintarroxo) – durante todo o mês foi registada a passagem de centenas de juvenis; apesar de, desde o início do mês, se ouvirem sons gravados próprios para captura dos congéneres Pintassilgos ou Lugres, não observei qualquer indivíduo destas espécies (embora houvesse notícia de indivíduos capturados)
ESPÉCIES QUE OCORREM APENAS COMO RESULTADO DE UMA INTRODUÇÃO, FUGA AO CATIVEIRO OU POSSIVELMENTE PROVENIENTES DE POPULAÇÕES SELVAGENS MAS COM A SITUAÇÃO NÃO AVALIADA PELO COMITÉ PORTUGUÊS DE RARIDADES
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Cygnus olor (Cisne-mudo)
Cairina moschata (Pato-mudo)
Anas sibilatrix (Piadeira-do-chile) – o mesmo indivíduo supostamente híbrido dos meses anteriores
Anas bahamensis (Pato-das-bahamas)