
Aliás, conforme deixei implícito no post scriptum de «NÓS CEGOS ?», não me arrogo a desvendar o que quer que seja “… já foram inventadas todas as palavras para salvar o mundo e agora só será necessário salvá-lo …”. Porem, como a ideia habitual que as nossas comunidades possuem sobre conceitos de progresso e crescimento, ainda está infelizmente associada a indústria, alcatrão e betão armado, considerei útil ter-me dirigido por este meio aos meus conterrâneos, que se vão dando ao aborrecimento de me visitar neste blog, apontando outras perspectivas ou noções de desenvolvimento divergentes das que os nossos autarcas efectivamente põem em prática nesta terra.
Então surge aqui uma pergunta óbvia: - se, como vimos, os ocupantes de cargos públicos desta autarquia já têm acesso a informação orientadora, mais consentânea com os conceitos de desenvolvimento sustentável, porque teimam na implementação de medidas tão destrutivas dos nossos espaços verdes? (Independentemente das ditas variantes trazerem ou não alguma vantagem à nossa terra, antes de tudo, e isso é indiscutível, vão por si só destruir uma parcela significativa da nossa floresta).
A resposta: - todos nós sabemos qual o uso dado aos solos que constituem o defunto Pinhal de Ofir, outrora o nosso grande orgulho, agora reservado às elites fechadas nos seus condomínios protegidos pelas muralhas erguidas à boa maneira berlinense. As ditas variantes, como é evidente, servirão apenas o fado da expansão urbana para zonas de elevada sensibilidade ecológica e de relevante valor ambiental. Numa altura em que no pólo turístico de Ofir já deixou de haver natureza para destruir e no litoral da Apúlia já não cabe nem mais uma tenda de campismo, é-nos des(mas)caradamente proposto a todos que comparticipemos na persecução dos interesses dos promotores imobiliários que seguem a sua saga interminável, até que se esgote o último reduto de Mata Dunar de Pinhal e Folhosas deste concelho.
E tudo isto, voltando costas para os nossos centros urbanos decrépitos, condenando a nossa História a uma estória de especulação imobiliária e de degradação social, cultural, paisagística e ambiental.
* Definição de AUTOMÓVEL no livro “O Estrago da Nação”, ensaio jornalístico sobre o estado do ambiente em Portugal (edição Dom Quixote, 2003, de Pedro Almeida Vieira).
NOTA: A máscara que fotografei para ilustrar este texto é mais uma produção artística da Sofia.