Estes animais são pelágicos, ou seja, passam praticamente toda a vida em alto mar, com excepção das épocas de reprodução em que se aproximam da costa, o que não era certamente o caso deste espécime pois, embora a sua distribuição geográfica abranja as nossas latitudes, no Atlântico nidifica principalmente nas praias do Caribe, da América do Sul, ou pontualmente na costa Africana. Quanto aos hábitos alimentares, a dieta desta tartaruga é constituída principalmente por invertebrados de corpo mole e gelatinoso, tunicados e alforrecas ou medusas.
Enquanto contemplava as dimensões majestosas daquele animal, interrogava-me também acerca das causas da sua morte que pareciam (a mim que sou um leigo) ter uma origem muito recente. Além das causas naturais, concorrem inúmeros factores de ameaça à vida das tartarugas, desde logo o enredamento nas artes de pesca abandonadas apresenta-se como um aspecto a considerar, mas foi outra a hipótese que me pôs a reflectir no assunto e resultou neste breve texto: - a omnipresente poluição marinha.
Uma ideia habitualmente usada para definir a globalização é aquela em que se faz referência ao batimento de asas de uma borboleta na China que provocou uma tempestade na Europa. Este fenómeno – para mim uma triste realidade cujos efeitos nefastos são cada vez mais evidentes, mas que não os posso aqui desenvolver por este não ser o espaço apropriado – também se pode aplicar aos graves problemas com o lixo que produzimos. Fora da época estival, altura do ano em que “já não temos que lavar os dentes da frente para disfarçar as mós podres”, qualquer indígena que percorra a linha das marés nas nossas praias marítimas ou fluviais se apercebe (ou então tropeça) das enormes quantidades de resíduos que por ali se vão acumulando e aquilo representa apenas uma ínfima parte do que está a boiar no mar. Obviamente, aqueles “presentes” não nos são todos “oferecidos” por quem nos visita no Verão ou nos fins-de-semana mais quentes. Se um dia for a Barcelos (ou pode ser em Fão junto à ponte) e, por mero descuido, ali abandonar um pequeno saco plástico, existe a probabilidade do mesmo ir parar ao Rio Cávado e, através dele, ser transportado para o mar e, como aquele material dificilmente se deteriora, seguir até outras paragens mais longínquas (por exemplo o Caribe, quem sabe?) – quase a história do lepidóptero.
Ora, imagine-se uma tartaruga a deambular feliz pelo imenso mar azul à procura do seu alimento (medusas, recorda-se?... seres gelatinosos, transparentes) algures nos trópicos e que se depara com a imagem de um invólucro a flutuar de aspecto semelhante ao seu petisco favorito mas com umas pequenas letras a fazer referência publicitária a um qualquer estabelecimento comercial da cidade do galo… Como, já confirmou a comunidade científica, para aqueles seres ancestrais, saco plástico ou medusa têm exactamente o mesmo aspecto, não é raro confundi-los e ingeri-los: - um simples saco plástico é suficiente para obstruir o estômago daqueles seres marinhos, o que lhes representa uma condenação à morte, lenta e dolorosa.
Urge então a implementação de programas de educação ambiental dirigidos especialmente às populações ribeirinhas de modo a evitar a proliferação destes lixos – a ideia de que o rio tudo leva tem de acabar. Somos nós, meros cidadãos, a origem de muitos dos graves problemas de poluição marítima – sejamos responsáveis, podemos e devemos contribuir activamente para a preservação da fauna marinha – basta manter os resíduos dentro dos respectivos circuitos de recolha.
Urge então a implementação de programas de educação ambiental dirigidos especialmente às populações ribeirinhas de modo a evitar a proliferação destes lixos – a ideia de que o rio tudo leva tem de acabar. Somos nós, meros cidadãos, a origem de muitos dos graves problemas de poluição marítima – sejamos responsáveis, podemos e devemos contribuir activamente para a preservação da fauna marinha – basta manter os resíduos dentro dos respectivos circuitos de recolha.
PS: Com circuito de recolha de resíduos não quero dizer enterrá-los nas margens do Cávado ou nas praias.