quarta-feira, 29 de setembro de 2010

EXPEDIÇÃO: Corujas-das-torres do Estuário do Tejo

Por regra, nos meses estivais, parte significativa do tempo dedicado ao estudo das aves reservo-a para observar aquelas que desenvolveram hábitos crepusculares e nocturnos e que ocorrem principalmente no mosaico agro-florestal envolvente ao estuário do Cávado. Apesar de uma interessante diversidade de espécies já identificadas nesta faixa do litoral norte, não tem sido fácil o registo fotográfico com um mínimo de qualidade das aves que são detectadas durante as faroladas que efectuo com regularidade. Assim, e mais uma vez, revelou-se como extremamente oportuno o desafio que o impagável Carlos Rio me dirigiu para no dia 7 de Setembro participar numa visita à Ponta da Erva (Estuário do Tejo) no âmbito das actividades do Projecto TytoTagus.



Este importante projecto científico promovido pelo Laboratório de Ornitologia da Universidade de Évora visa o estudo da dispersão pós-natal dos juvenis de Corujas-das-torres (Tyto alba) no vale do Tejo e é executado no terreno pelas biólogas Inês Roque e Ana Marques que nos guiaram num transecto pela lezíria para localização daquelas rapinas nocturnas. Esta acção ficou documentada na 35ª. edição do programa televisivo «Natureza Espontânea», mesmo assim, apesar do excelente trabalho realizado pela equipa da Esposende TV, não resisto em expor aqui algumas das imagens que também me foram possíveis obter:






Estudos realizados um pouco por toda a Europa evidenciaram a tendência para o decréscimo populacional entre as Corujas-das-torres. Ao procurar também avaliar os impactos causados na espécie pelo uso intensivo de pesticidas (introdução de substâncias tóxicas na cadeia alimentar), pela multiplicação das redes viárias (aumento dos riscos de atropelamento) e pela expansão urbana (perda de habitat), o TytoTagus assume-se como um projecto de axial importância para a conservação destas aves.



E nunca é demais lembrar que na relação de proximidade estabelecida entre a Coruja-das-torres e o Homem advêm benefícios óbvios para este: - a posição desta espécie enquanto predadora de roedores, responsáveis por alguns danos causados nas nossas colheitas e pela proliferação de certas doenças, coloca-a entre os melhores aliados dos nossos agricultores.